As normas de piedade do "plano de vida" do Opus Dei

O que é o "plano de vida"? Como explicava o fundador do Opus Dei: procurar Deus, encontrá-lo e dialogar sempre com Ele, admirando-o com amor no meio dos trabalhos diários.

Foto: Dimitri Conejo Sanz

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Parte do que havia de “organização” na Obra consistia em observar determinadas práticas de vida cristã. Através da direção espiritual, o Padre Josemaria traçava um programa diário de normas básicas destinadas a alimentar a vida de oração durante o dia, tais como a medita­ção, a Santa Missa, os exames de consciência, a leitura do Evangelho e a visita ao Santíssimo Sacramento. A essas normas, os membros da Obra acrescentavam alguns costumes e orações, como recitarem juntos as Preces da Obra, nas quais, em breves orações tiradas da liturgia da Igreja e da Sagrada Escritura, se pede pelas necessidades do Opus Dei e dos seus membros. Era o "primeiro ato oficial", que já tivera início em dezembro de 1930[1].

Esse plano de vida não era uma simples lista de práticas piedosas, antes fundia em unidade de vida, a ascética própria do cristão com o exercício da profissão. Porque, em virtude do espírito próprio do Opus Dei, procurava-se fazer com que a atividade profissional dos seus membros - outro modo de fazer oração – desembocasse no apostolado; e o apostolado exigia suporte de uma intensa vida de oração. Assim, pois, às práticas ascéticas que requeriam um tempo fixo, juntavam-se todas aquelas outras (exames de consciência, jaculatórias, atos de presença de Deus, de desagravo ou de consideração da nossa filiação divina) que contribuíssem para manter sempre desperta a Vida contemplativa. Em fevereiro de 1933, o Fundador julgou chegado o momento de fixar um plano unitário: Quero fazer um plano de Vida a que nos sujeitemos todos na Obra — escreve em 14 de fevereiro —, para que nos obriguemos oficialmente a cumpri-lo a partir do dia do Nosso Pai e Senhor São José deste ano. [2]

No mês seguinte, já tinha redigido umas "Normas provisórias", que distribui imediatamente entre os seus, não sem antes ter experimentado a sua adaptabilidade e conveniência ao gênero de vida das pessoas da Obra. Algumas delas, como a do comentário do Evangelho antes de irem dormir, eram práticas que já vivia com os jovens estudantes em casa da sua mãe, na Rua Martinez Campos[3].

A importância deste passo não consistia em que essas normas fossem uma novidade, mas em que a sua prática era assumida pelos membros da Obra com o propósito de vivê-las de modo estável, harmoniosamente fundidas ao longo do dia com o trabalho perseverante. Mantinha-se assim a unidade de vida contemplativa no meio de toda a espécie de atividades, o que facilitava a prática das virtudes, desde as teologais até as chamadas naturais ou humanas (sinceridade, otimismo, fidelidade, alegria, etc.).


[1] Vê-se que o Senhor, porque assim há de ser na raiz a sua Obra, quis que começasse pela oração. Orar vai ser o ato oficial dos membros da O. De D. (Apontamentos, n. 128)

[2] Apontamentos, n.935

[3] As "Normas provisórias" foram escritas pelo Fundador no dia 24-III-1933, festa de São Gabriel (Apontamentos, n. 966). Nasceram de um resumo do plano de normas de piedade que traçou no retiro espiritual de 1932 em Segóvia. Cfr. Também Apontamentos, n. 1700 e 939.