O primeiro encontro de Tomás com São Josemaria

Em circunstâncias difíceis – a guerra civil começara há pouco mais de um ano – aconteceu o primeiro encontro de Tomás com o Fundador do Opus Dei.

São Josemaria e Tomás Alvira em Roma (junho de 1971).

Tomás conheceu o fundador do Opus Dei em Madri, em uma época de perseguição religiosa que já tinha criado muitos mártires. Tomás frequentava a casa de um velho amigo da Faculdade de Química de Zaragoza, José María Albareda.

José María, que não pertencia ao Opus dei, mas tinha frequentado a Residência DYA, havia lhe falado do Fundador da Obra e tinha lhe apresentado a um dos primeiros membros, Isidoro Zorzano, que por ser cidadão argentino, tinha uma relativa liberdade de movimentos. Todos os demais membros da Obra, incluindo São Josemaria, estavam escondidos, pelo perigo de morte que pairava sobre eles.

Neste ambiente Tomás encontrou-se pela primeira vez com o Fundador do Opus Dei. Lembrava-se disso depois do falecimento de São Josemaria: Um dia – não recordo se foi em 31 de agosto ou em 1 de setembro de 1937 – estávamos, no meio da tarde, trabalhando com José María Albareda, quando entraram para chamá-lo porque alguém perguntava por ele. Saiu e, pouco depois, entrou acompanhado de quem o fora visitar: o padre Josemaria Escrivá. Vestia um macacão cinza. Estava muito magro. Tinha então 35 anos. José María nos apresentou. Naquele momento eu acabava de conhecer ao Fundador do Opus Dei, que ia ter uma importância extraordinária para a minha vida (São Josemaria acabara de sair da Legação de Honduras. Paseo de la a Castellana, 5l, onde se havia refugiado durante os últimos seis meses).

A forte personalidade daquele sacerdote jovem; a visão sobrenatural do que dizia, seu otimismo não fácil de ter naqueles momentos tão graves, sua admirável sinceridade, seu trato carinhoso... me impressionaram. Esteve conversando conosco quinze minutos, aproximadamente, não falou nada da guerra civil nem de política, e passado o tempo ele disse: eu vou embora. Nunca soube explicar por que eu disseeu também vou”. Não era ainda a hora de ir-me, e, no entanto, disse que iria, apesar do perigo de andar pela rua com um sacerdote, a quem alguém poderia reconhecer. Ao chegar à rua me disse: Aonde você vai? Respondi: Vou acompanhá-lo; deu-me o braço e fomos andando pelas ruas Menéndez Pelayo, Alcalá e Serrano, até a rua Ayala 67 (agora 73). Durante o caminho – fomos devagar –perguntou coisas sobre a minha vida.

Em 1992, anos depois de anotar estas lembranças, e concretamente, poucos dias antes de sua própria morte, Tomás voltou a escrever algumas impressões deste primeiro encontro: Chegamos à rua e nosso Padre me disse: Onde você vai? Vou acompanhá-lo. Deu-me o braço e foi fazendo-me perguntas até chegarmos a rua Ayala 67, na porta me perguntou: Quer que continuemos a nos ver? Respondi afirmativamente. Então venha amanhã, confesse e continuamos nos vendo. Depois... uma chamada vigorosa.

Esta última frase condensa a intensidade de suas recordações. O primeiro encontro com São Josemaria supôs o descobrimento da sua vocação ao Opus Dei. Ainda que por motivos jurídicos, Tomás não pudesse solicitar a admissão à Obra como Supernumerário até 15 de fevereiro de 1947, este testemunho mostra que já naquele dia 31 de agosto de 1937, enquanto abria o seu coração a São Josemaria e ouvia as palavras do Fundador, viu com clareza a chamada de Deus: uma chamada vigorosa.

(*) Os primeiros textos citados são recordações escritas por Tomás Alvira depois da morte de São Josemaria. E os últimos, pouco antes de seu próprio falecimento, em 1992.