O Papa convida a lutar contra a violência e a intolerância

O Papa condena a violência e a intolerância, apelando ao diálogo entre religiões e culturas. Bento XVI reafirmou o seu respeito pelo Islã, diante de 22 diplomatas muçulmanos e representantes da comunidade islâmica na Itália.

Bento XVI reafirma respeito pelo Islã

O Papa condena violência e intolerância, apelando ao diálogo entre religiões e culturas.

Bento XVI reafirmou esta manhã o seu respeito pelo Islã, diante de 22 diplomatas muçulmanos e representantes da comunidade islâmica na Itália, aos quais apontou “a estima e o profundo respeito que tenho pelos crentes muçulmanos”. O Papa assegurou ainda que pretende continuar o caminho traçado por João Paulo II rumo a um diálogo “sincero e respeitoso”.

Lembrando “os laços de amizade e solidariedade entre a Santa Sé e as comunidades muçulmanas no mundo”, o discurso papal começou por assinalar que “as circunstâncias que suscitaram este nosso encontro são bem conhecidas”, numa clara alusão à polêmica gerada pela intervenção de Bento XVI na Universidade de Regensburg, a 12 de Setembro. O Papa não voltou ao discurso em que citou o imperador bizantino Manuel II Paleólogo, salientando que já o tinha abordado ao longo da semana passada – seja no Ângelus, seja na audiência geral de quarta-feira.

Bento XVI citou, mais uma vez, a declaração “ Nostra aetate ”, do Concílio Vaticano II, e lembrou a sua intervenção no início do pontificado a respeito da “construção de pontes com os fiéis de todas as religiões”. O discurso em Colônia (Agosto de 2005), quando se encontrou com representantes da comunidade muçulmana, também foi lembrado para assegurar que o diálogo religioso e cultural entre cristãos e muçulmanos é “uma necessidade vital, da qual depende em grande parte o nosso futuro”.

Precisando, de alguma forma, o objetivo do seu discurso em Regensburg, o Papa observou que “num mundo marcado pelo relativismo e que exclui, demasiadas vezes, a transcendência da universalidade da razão, temos necessidade imperiosa de um diálogo autêntico entre as religiões e as culturas, capaz de nos ajudar a ultrapassar em conjunto todas as tensões, num espírito de colaboração frutuosa”.

“As lições do passado devem ajudar-nos a procurar caminhos de reconciliação, a fim de vivermos no respeito pela identidade e a liberdade de cada um”, prosseguiu, pedindo “uma compreensão recíproca cada vez mais verdadeira”.

Contra a violência e a intolerância

“Num mundo marcado pelo relativismo e que exclui, demasiadas vezes, a transcendência da universalidade da razão, temos necessidade imperiosa de um diálogo autêntico entre as religiões e as culturas"

Bento XVI fez votos de que cristãos e muçulmanos possam trabalhar em conjunto para “evitar qualquer forma de intolerância e opor-se a todas as manifestações de violência”. Autoridades religiosas e responsáveis políticos são, por isso, desafiados a guiar as pessoas a agir de forma pacífica, reconhecendo valores religiosos comuns e respeitando as diferenças.

O Papa falou da necessidade de “relações inspiradas na confiança” entre todas as partes, desejando que os laços criados ao longo dos últimos anos não sejam afetados.

O discurso de Bento XVI, que falava em francês, foi apresentado em língua árabe na Sala de Imprensa da Santa Sé. O encontro com os embaixadores – entre os quais estavam representações do Paquistão, Indonésia, Turquia, Irão e Iraque -, em Castel Gandolfo, demorou cerca de meia hora e concluiu-se com um aperto de mão do Papa a cada um dos presentes.

    Agência Ecclesia