O encontro com Jesus vivo na comunidade que celebra

O Papa Francisco publicou uma nova Carta Apostólica, com o desejo de que todo o povo de Deus, a começar pelos celebrantes, redescubra a beleza e o encanto diante da liturgia.

Procissão de entrada na Missa na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, na Basílica de São Pedro

Na Carta Apostólica, o Sucessor de Pedro acompanha por um caminho que vai ao coração da celebração litúrgica, que é ao mesmo tempo "o ápice para onde tende a ação da Igreja" e "a fonte de onde brota toda a sua energia”, como ensina o Concílio Ecumênico Vaticano II. Muito citado no texto é Romano Guardini, teólogo alemão naturalizado italiano, particularmente querido também por Bento XVI.

Cada parágrafo do novo documento de Francisco é permeado pela consciência de que a liturgia é antes de tudo deixar espaço para um Outro. Escreve o Papa: "Antes de nossa resposta ao seu convite - muito antes - há o seu desejo de nós: podemos mesmo nem ter consciência disso, mas cada vez que vamos à Missa a primeira razão é porque somos atraídos pelo seu desejo de nós. De nossa parte, a resposta possível, a ascese mais exigente, é, como sempre, a de entregar-se ao seu amor, de querer deixar-se atrair por ele”.

E um pouco mais adiante, Francisco acrescenta: "Se tivéssemos chegado a Jerusalém depois de Pentecostes e tivéssemos sentido o desejo não só de ter informações sobre Jesus de Nazaré, mas de poder reencontrá-lo, não teríamos tido outra possibilidade senão aquela de buscar os seus para ouvir suas palavras e ver seus gestos, mais vivos do que nunca. Não teríamos outra possibilidade de um encontro verdadeiro com Ele senão aquela da comunidade que celebra”.

A partir desta consciência, redescobrindo a beleza da liturgia, abrindo-se à formação e deixando-nos formar por ela, pode ajudar a limpar o campo de tantas inadequações. Se participar da celebração significa "ouvir as palavras" de Jesus e "ver seus gestos, mais vivos do que nunca", não podem prevalecer o protagonismo narcisista do celebrante, a espetacularização, a rigidez austera ou o desleixo e a banalização. E a liturgia "fonte e ápice" não pode ser transformada no campo de batalha onde se tenta passar uma visão da Igreja que não acolhe o que foi estabelecido sinodalmente pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.

vaticannews.va