Não será fácil, mas valerá a pena

A vida de Cande e Luisma sofreu uma reviravolta inesperada com a notícia da chegada de Rochi, sua terceira filha. O diagnóstico dos médicos foi devastador, e a solução proposta por eles não era uma alternativa para essa família. Após longos anos de hemodiálise e dois transplantes, hoje Rochi tem 8 anos, é portadora de trissomia 21 e tem uma vida muito feliz. O Dia Mundial da Síndrome de Down é comemorado em 21 de março.

Em um encontro com famílias, Mons. Javier Echevarría disse a Cande e Luisma algumas palavras que os encheram de esperança: “Nunca se cansem de rezar pedindo o milagre, porque as sentenças dos médicos não são definitivas”.

Após longos anos de hemodiálise e dois transplantes, hoje Rochi tem 8 anos, é portadora de trissomia 21 e tem uma vida muito feliz. Com seu testemunho, Cande e Luisma procuram transmitir a necessidade de conseguirmos uma sociedade mais justa e com mais amor, onde as deficiências sejam levadas em conta e acolhidas com respeito.


Não estou dizendo que vai ser fácil, mas sim que vai valer a pena

Uma amiga me deu um ímã que diz: “Não estou dizendo que vai ser fácil, mas sim que vai valer a pena”, conta Candela.

Nosso primeiro filho se chama Luis. Anos depois, chegou nosso segundo bebê, Felipe. Alguns meses depois, nos inscrevemos para uma bolsa de estudos e, então, recebemos duas notícias maravilhosas: primeiro, que nos havia sido concedida a possibilidade de fazer um doutorado em Pamplona e, segundo, que estávamos esperando nosso terceiro filho.

imã: Não estou dizendo que vai ser fácil, mas sim que vai valer a pena
Não estou dizendo que vai ser fácil, mas sim que vai valer a pena

Depois de mudarmos de país, explica Luis, decidimos fazer alguns exames de rotina para saber como estava a gravidez. Durante um ultrassom, o médico nos informou que havia visto uma anomalia no feto. Ele nos disse que era urgente fazer uma interconsulta, pois observou uma megabexiga e muitos problemas nos ureteres e rins.

“Nunca cansem de rezar”

Viajamos para Barcelona, onde fomos atendidos em um hospital de grande prestígio e eles confirmaram o que haviam visto em Pamplona. Achávamos que estávamos esperando uma menina, mas na realidade havia um “monstro” ali, um feto inviável. Disseram que a única solução era abortar.

Nossa resposta foi clara: não. Não iríamos matar nosso bebê. Se o destino dele fosse morrer, seria depois de lhe dar todos os abraços e beijos possíveis. Não iríamos acabar com sua vida.

Mons. Javier Echevarría, o prelado do Opus Dei na época, nos disse algo que nunca esqueceríamos e que nos ajudou a prosseguir: “Nunca se cansem de rezar por um milagre, porque as sentenças dos médicos não são irrecorríveis”.

Começamos a rezar com esse novo impulso. Em uma das consultas, uma médica nos informou que o feto tinha síndrome de Down. Por volta dos sete meses de gestação, depois de ter feito exames de quinze em quinze dias, recebemos uma notícia surpreendente: a menina ainda estava viva e a megabexiga havia desaparecido.

Rochi nos braços de sua mãe, cercada por alguns familiares
Rochi nos braços de sua mãe, cercada por alguns familiares

Naquele momento, pensamos: “O milagre aconteceu”. Ficamos de mãos dadas e pensamos que ela estava curada. O médico explicou que isso permitiria que o pulmão, o coração e outros órgãos colapsados tivessem tempo para se desenvolver antes do nascimento. Eu não conseguia acreditar, lembra Cande, esse era o resultado que esperávamos, mas não era o que tínhamos visto nos exames de ultrassom.

Não se preocupe, pa. Eu vou ficar bem

Voltamos a Córdoba com grande entusiasmo. Seis meses depois, começamos o tratamento de diálise peritoneal, que tinha de ser feito todas as noites enquanto Rochi dormia. Durante o processo, Rochi teve muitas peritonites e infecções, que eram muito dolorosas.

Quando Rochi tinha três anos de idade, recebemos um telefonema que nos encheu de alegria: o órgão que estávamos esperando havia chegado. O transplante foi realizado, mas, três dias depois, os exames mostraram problemas novamente. Descobriram que uma trombose havia destruído o órgão transplantado.

Quando Rochi vê que estamos tristes - desde muito pequena e até hoje - ela nos diz: “Não se preocupe, pa, não se preocupe mais. Eu vou ficar bem.

No ano seguinte do transplante fracassado, recebemos outra notícia animadora: havia uma nova possibilidade. Em um domingo à noite, Rochi recebeu seu segundo transplante e, dessa vez, tudo correu muito bem. Ela logo começou a se sentir melhor.

Um dos problemas que mais nos preocupava era sua alimentação. Desde que começou a crescer, Rochi não queria comer alimentos sólidos. Explicaram-nos que isso acontecia porque a creatinina dela estava muito alta, um indicador de insuficiência renal. No entanto, três dias após o transplante, ela nos surpreendeu ao dizer: “Papai, quero uma milanesa com batatas fritas”.

Rochi encheu a vida de nossa família de luz

Hoje, Rochi está indo muito bem. Fazemos exames regulares, ela toma muitos remédios, mas vemos que está feliz. Ela gosta de suas atividades, adora ir à escola e aprender. Ela encheu de luz a vida de nossa família e nos ensinou a viver com gratidão.

São Josemaria nos deixou uma mensagem que nos guia todos os dias: vamos para o céu tentando fazer, da melhor maneira possível, o que podemos a cada dia. Essa mensagem permeia nossa forma de encarar a vida, que vemos em Rochi e que tentamos viver. Nosso trabalho mudou desde então e, graças à mensagem de São Josemaria, entendemos por que vivemos o que vivemos e para que vivemos.

Por meio do Instagram, compartilhamos um pouco da vida cotidiana de nossa família, e especialmente a dela - que é a estrela da casa -, mostramos que é possível ter uma vida normal com uma pessoa com deficiência em casa, que enfrentamos as tarefas diárias com amor e esforço.

Em uma reunião com as famílias, São Josemaria explicava: “Se você for ao campo, colher uma flor e tiver corrido, subido e descido... Você terá se cansado e, no entanto, terá feito isso com muito carinho. As flores valem pelo que são em si mesmas e pelo amor que você colocou nelas, então as coisas pequenas, com amor, tornam-se grandes, grandes, grandes”.

A deficiência e os problemas de saúde que Rochi enfrenta não são fáceis, mas sem dúvida valem muito a pena.