Jumpei nasceu em 1984 e foi batizado quando criança com o nome cristão Kolbe. Ele entrou na escola secundária Seido Gakuen em Nagasaki, onde teve seu primeiro contato com o Opus Dei.
Como diretor de cinema, ele fez seu primeiro filme independente aos 27 anos e estreou na produção de filmes comerciais aos 29. Conversamos com ele sobre como se tornou cineasta e o convidamos a compartilhar suas reflexões sobre este filme. O longa-metragem é inspirado nos testemunhos das enfermeiras da Cruz Vermelha que cuidaram dos sobreviventes do bombardeio atômico de Nagasaki em 9 de agosto de 1945.
O que o inspirou a fazer este filme? Você poderia nos contar também como seu avô o influenciou?
Meu avô não era católico, mas era hibakusha [sobrevivente do bombardeio nuclear]. Eu frequentava a igreja em Nagasaki e, desde pequeno, ouvi os ensinamentos de Jesus – ensinamentos de amor, de amar uns aos outros. Eu aspirava viver dessa forma.
No entanto, ao sair de casa, fui criado em uma zona onde ficava o epicentro do bombardeio. Eu sempre tive consciência dessa contradição, dessa lacuna, na realidade: a discrepância entre a mensagem de amor e a realidade que me rodeava. Acho que essa dissonância alimenta o meu impulso criativo.
Acho que, independentemente de ter ouvido os ensinamentos de Jesus ou não, todo ser humano possui o desejo puro de amar e ser amado. No entanto, vivemos em um mundo que muitas vezes produz o contrário. Essa contradição é em grande parte minha motivação para criar e explorar a condição humana.
É claro que, como hibakusha de terceira geração e católico, desde jovem eu queria fazer um filme sobre a bomba atômica em Nagasaki. Sempre pensei: “Um dia quero fazer um filme sobre a bomba atômica”. Finalmente, tive a oportunidade há cerca de dois anos, quando tinha 38 ou 39 anos. Eu achava que seria mais tarde na vida, mas a oportunidade chegou antes do esperado. Embora sentisse a pressão, fiquei genuinamente feliz só por poder fazer o filme.
Já abordei temas cristãos à minha maneira antes, mas lidar com eles diretamente é difícil no mercado cinematográfico japonês. No entanto, com este filme, senti que simplesmente tinha que abordar o assunto – tinha certeza absoluta de que poderia lidar com isso. Ter um personagem católico como um dos protagonistas foi algo que eu acolhi com alegria.

Olhando para a sua trajetória, chama a atenção o fato de você ter estudado arquitetura na Universidade de Tóquio e depois ter mudado de rumo para se tornar diretor de cinema. Você sonhava em ser diretor desde criança?
Não, de jeito nenhum. Entrei na faculdade de arquitetura da Universidade de Tóquio, mas no começo eu queria ser comediante. Meu primeiro objetivo era me tornar um comediante de stand-up. Enquanto estava na universidade, até frequentei a escola de comédia Yoshimoto. Mas não deu certo.
Se tivesse dado certo, eu não estaria aqui hoje. Na Universidade de Tóquio, temos um sistema chamado shinfuri, no qual você escolhe sua especialidade antes do terceiro ano. Eu queria fazer algo criativo, então escolhi arquitetura. Gostei, mas queria realizar meu sonho, então, por volta do quarto ano, entrei na escola Yoshimoto. Saí depois de aproximadamente um ano e continuei meus estudos de pós-graduação.
Isso coincidiu com a época da Guerra do Afeganistão. Um amigo, que agora é repórter do Asahi Shimbun, me procurou com uma proposta ele queria fazer um filme com uma forte mensagem social e me pediu para dirigi-lo como um filme independente. Entrei para uma ONG e me tornei responsável pela parte criativa; essa foi minha primeira experiência dirigindo um filme. Esse foi exibido na cerimônia de maioridade (成人式, Seijin-shiki) do distrito de Suginami. Foi então que percebi: talvez eu tenha mais aptidão para dirigir filmes do que para a comédia. Foi o início da minha trajetória no cinema.
Você mencionou que seus filmes estão sempre ligados à sua fé. Você diria que, embora o catolicismo não seja explicitamente apresentado, seus filmes estão profundamente ligados às suas crenças pessoais?
Não sei até que ponto minha fé se reflete nos meus filmes, mas como vivo uma vida de fé, naturalmente levo minhas lutas, dúvidas, misérias internas e, claro, também há alegria. Quando tento fazer filmes a partir dessa minha essência, sinto que inevitavelmente reflito meu próprio modo de vida. Se não ligar meus personagens e temas a algo pessoal, não me sinto capaz de fazer um filme significativo e não consigo criar de forma autêntica.
Para mim, minha relação com Deus é a coisa mais importante da minha vida. Então, se um filme não inclui esse elemento, eu perco a motivação. A maioria dos meus personagens não são pessoas de fé, mas, sejam eles crentes ou não, tento capturar momentos em que eles tocam algo transcendente. Nesse sentido, acredito que minha vida espiritual se reflete claramente nos meus filmes.

Como você administra o financiamento dos seus filmes? Especialmente se você deseja fazer uma grande produção, os obstáculos financeiros podem ser significativos.
Tento me envolver na arrecadação de fundos quando faço um filme, mas não é fácil. Encontrar maneiras de obter dinheiro é um desafio constante.
Dito isso, não tenho intenção de fazer filmes sobre temas que não me emocionam apenas para conseguir financiamento. Não quero sacrificar ou ignorar o que realmente desejo expressar apenas por sucesso ou lucro comercial.
Nos últimos anos, tem havido um afastamento notável da leitura, com as pessoas cada vez mais inclinadas para o conteúdo visual. Até assistimos a vídeos em velocidade dupla ou tripla, em vez de dedicar tempo para apreciá-los. Essa mudança também afeta o cinema.
Parece que isso está se tornando a norma. Acho que muitas pessoas se satisfazem com conteúdos curtos, coisas que podem ser consumidas em 10 ou 15 minutos durante uma viagem de trem, por exemplo. Os jovens de hoje tendem a preferir a sobrecarga de informações, e isso traz desafios reais para o cinema.
Mesmo assim, acho que devo permanecer fiel à minha própria maneira de fazer cinema: meu estilo e abordagem, independentemente das tendências gerais.

Você já tem um plano para seu próximo filme?
Sim, com certeza. Tenho vários projetos em andamento. O que considero mais urgente no momento é sobre o aborto. Alguns aspectos já estão tomando forma, mas o financiamento ainda não foi concretizado.
Desejamos que este filme seja um sucesso.
Obrigado. Se for bem-sucedido, será muito mais fácil conseguir financiamento para o próximo.
A mensagem central de São Josemaria é a santificação do trabalho. Como essa ideia influenciou seu trabalho como diretor de cinema?
Tento trazer minhas experiências — minhas lutas internas, dúvidas, descobertas, projetos — e colocá-las no processo criativo do cinema. Tento, na medida do possível, colocar todo o meu ser no trabalho.
No final, muitas vezes sinto que não sou eu quem impulsiona o filme, mas o filme que me impulsiona. Essa é a relação que tenho com o meu trabalho; e, através dele, espero oferecer tanto o filme como a minha vida a Deus.
Claro, ainda sou um novato nisso tudo, mas tento seguir com esse espírito todos os dias.
『#長崎閃光の影で』特別出演の山下フジヱさんは、
— 映画『長崎-閃光の影でー』公式 (@nagasaki_senkou) 11 de agosto de 2025
原案となった手記に救護活動の体験談を寄せた
元看護学生のお一人です
その思いを、長崎出身の被爆者 #美輪明宏 さんが
語りとして声で体現しています
山下さんが令和を生きる私たちに伝えたいこと──
いのちのメッセージを、ぜひ劇場で… pic.twitter.com/zI6BG9SGhs
Fujie era uma estudante de enfermagem que participou dos trabalhos de socorro em Nagasaki e cuja história inspirou o filme.
A realização cinematográfica não é um trabalho solitário. É um processo colaborativo com muitos profissionais diferentes. Nesse contexto, como você aborda seu papel como testemunha da fé?
Quando você trabalha com temas da religião católica, muitas vezes a equipe não sabe quase nada sobre a fé.
Neste filme, há cenas ambientadas em igrejas, e tive que explicar a presença de Cristo na Eucaristia no Sacrário. A maioria da equipe não tinha ideia sobre isso. Há desafios, mas se respondo sinceramente como diretor, a informação é transmitida como algo interessante e valioso para eles.
Atualmente estou promovendo o filme, então nas entrevistas falo sobre minha fé. Muitos recebem isso com interesse genuíno e até fazem perguntas mais profundas. Espero que essas ocasiões possam ser como pequenos atos de apostolado. O mesmo acontece com os atores. Aos que interpretam personagens católicos, dei um terço e disse que eles precisavam ir à missa para entender um pouco mais. Eu disse: “Se vocês nunca foram à missa, não poderão interpretar esse papel de forma autêntica. Por favor, vão”. Em Tóquio, a igreja de Santo Inácio em Yotsuya é a mais acessível, então me certifiquei de que eles soubessem como chegar lá.
Por último, você poderia compartilhar algumas palavras sobre o tema musical, Kusunoki?
Kusunoki é uma canção inspirada na árvore de cânfora bombardeada no Santuário Sanno. Ela foi escrita da perspectiva dessa árvore sobrevivente. Eu adorei desde a primeira vez que a ouvi.
Quando pedi ao compositor, Masaharu Fukuyama, permissão para usá-la no filme, ele sugeriu algo inesperado: propôs que, em vez de cantá-la ele, ela fosse interpretada pelos três personagens principais. E foi o que fizemos.
