Mais histórias do Sul

Como Mons. Ocáriz escreveu recentemente aos brasileiros, “embora às vezes nos custe entender estes acontecimentos, Deus sabe mais”. Oferecemos a seguir duas histórias pessoais que mostram como Deus continua ajudando em meio às dificuldades.

Reginaldo e Igor são supernumerários, duas pessoas que sofreram e viram outros sofrer, mas também procuram ajudar quem está ao seu lado neste momento.

Moacir: Uma história de esperança em meio à tragédia

O empresário Reginaldo Back trabalhou como voluntário, ajudando a várias pessoas afetadas pelas enchentes. Aqui, relata uma história que vivenciou junto a uma das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

“O nosso Estado se viu diante de uma enchente de proporções épicas nos últimos dias, deixando um rastro de destruição em diversas cidades. Apesar dos avisos dos órgãos competentes, a tragédia atingiu muitos municípios com força devastadora.

Em meio ao cenário desolador da enchente, como voluntário, tive a oportunidade de presenciar histórias que me marcaram profundamente. Uma delas é a história do Sr. Moacir, um homem que personifica a resiliência e a força inabalável do povo gaúcho. Casado e pai de uma menina de 5 anos, Moacir vivia em uma das áreas mais afetadas pela enchente. Quando as águas subiram rapidamente, sua esposa e filha foram levadas para um abrigo, mas ele decidiu ficar para proteger sua casa.

No entanto, a situação logo se agravou. Moacir se viu obrigado a dormir sobre tábuas logo acima da água gelada, com medo constante. Sua casa e seu carro ficaram completamente submersos, deixando-o sem comida e com a necessidade urgente de ser resgatado.

Voluntários e profissionais corajosos, movidos pela compaixão e pelo senso de dever, vasculharam cada canto em busca de sobreviventes. Encontraram Moacir e o encaminharam para um abrigo. Lá, a angústia o consumia, pois não conseguia localizar sua esposa e filha. Seu celular, documentos e outros pertences haviam sido levados pela correnteza, cortando sua única forma de contato com a família.

No abrigo, Moacir recebeu o carinho e a atenção dos voluntários, que se dedicaram a amenizar seu sofrimento. Entre eles, alguns se sensibilizaram com sua história e decidiram ajudá-lo a encontrar os familiares. Após buscas incansáveis, finalmente localizaram a esposa e a filha em outro abrigo, do outro lado da cidade.

Com a ajuda da equipe do abrigo, Moacir foi transferido para se reunir com sua família. A emoção do reencontro após dias de incerteza e medo era indescritível. Infelizmente, nem todos os desabrigados tiveram a mesma sorte. Muitos perderam entes queridos e bens materiais, enfrentando a árdua tarefa de recomeçar a vida do zero.

A tragédia trouxe dor e sofrimento para o povo gaúcho, mas também despertou um espírito de união, solidariedade e compaixão. É reconfortante ver que, mesmo diante da adversidade, a humanidade se manifesta em sua forma mais pura, buscando amenizar o sofrimento dos outros e oferecer um ombro amigo para aqueles que mais precisam.

A história de Moacir pode servir como um exemplo de esperança e resiliência, um lembrete de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a força do amor e da união pode superar qualquer obstáculo. Que sua história sirva de inspiração para todos nós, nos motivando a agir com compaixão e solidariedade em prol do próximo”.

Com restaurantes alagados, ele sentiu a mão de Deus

Igor Bonfanti é dono de restaurantes em Gravataí, cidade atingida duramente pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A incerteza do seu futuro profissional e da retomada do trabalho provoca aflição e, muitas vezes, impaciência. “Nesses momentos de tensão que vivemos tentamos lembrar da Cruz de Cristo e de como esses problemas são pequenos frente ao sofrimento de Nosso Senhor. Essa é a nossa cruz nesse momento e a carregaremos com amor, exercitando-nos constantemente na presença de Deus e oferendo a nossa angústia por todos que perderam muito mais”, afirma.

Mas em meio a tudo isso, Igor experimentou a mão de Deus. No dia em que pretendia resgatar alimentos que estivessem em bom estado e ainda refrigerados nos seus restaurantes, o barco que iria para Porto Alegre (único meio de transporte que poderia levá-lo através dos alagamentos), não apareceu por conta da previsão do temporal. Tudo ficou para o dia seguinte.

“Conseguimos fazer o que pretendíamos e ajudar muitas pessoas. Mas Deus nos livrou porque no horário em que estaríamos na água, se o barco tivesse vindo no dia marcado, teríamos morrido eletrocutados na água, pois a empresa de eletricidade ligou as luzes da rua. Deus nos livrou com o problema do barco”. Agora Igor reza e pede que rezem agradecendo pela vida dele, pela vida do pai, dos funcionários e voluntários que estariam lá naquele momento. “Peço orações também para que recuperemos nossos negócios. Desde já, muito obrigado”.