Jesus Cristo, Nossa Esperança. IV. A Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo de hoje. 5. Espiritualidade pascal e ecologia integral

Nesta nova catequese, o Papa Leão XIV, refletindo sobre as perguntas de Jesus "Por que chorais? A quem procurais?", lembra-nos que "os desafios não podem ser enfrentados sozinhos, e as lágrimas são um dom da vida quando purificam os nossos olhos e libertam o nosso olhar".

Prezados irmãos e irmãs, bom dia e bem-vindos!

Neste Ano jubilar, dedicado à esperança, estamos refletindo sobre a relação entre a Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo atual, ou seja, os nossos desafios. Às vezes Jesus, o Vivente, também nos quer perguntar: "Por que choras? Quem procuras?". Com efeito, os desafios não podem ser enfrentados sozinhos e as lágrimas constituem um dom de vida quando purificam os nossos olhos e libertam a nossa vista.

O evangelista João sugere à nossa atenção um detalhe que não encontramos nos demais Evangelhos: chorando diante do túmulo vazio, Madalena não reconheceu imediatamente Jesus ressuscitado, mas pensou que fosse o guardião do jardim. Efetivamente, já narrando o sepultamento de Jesus, no crepúsculo da sexta-feira santa, o texto era muito específico: "Ora, no lugar onde Ele fora crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ninguém ainda fora colocado. Ali, pois, depositaram Jesus, por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do sepulcro" (Jo 19, 40-41).

Assim termina, na paz do sábado e na beleza de um jardim, a dramática luta entre as trevas e a luz desencadeada pela traição, a prisão, o abandono, a condenação, a humilhação e a morte do Filho, que "tendo amado os seus que estavam no mundo, os amou até ao fim" (cf. Jo 13, 1). Cultivar e cuidar do jardim é a tarefa original (cf. Gn 2, 15) que Jesus levou a cabo. A sua última palavra na cruz – "Está consumado" (Jo 19, 30) – convida cada um a reencontrar a mesma tarefa, a sua tarefa. Por isso, "inclinando a cabeça, entregou o espírito" (v. 30).

Então, amados irmãos e irmãs, Maria Madalena não estava completamente enganada, julgando que encontrara o guardião do jardim! Na verdade, devia reouvir o seu nome e compreender a sua tarefa do Homem novo, aquele que em outro texto joanino diz: "Eis que renovo todas as coisas" (Ap 21, 5). Com a Encíclica Laudato si’, o Papa Francisco indicou-nos a extrema necessidade de um olhar contemplativo: se não for guardião do jardim, o ser humano torna-se seu devastador. Portanto, a esperança cristã responde aos desafios aos quais hoje toda a humanidade está exposta, permanecendo no jardim onde o Crucificado foi depositado como semente, para ressuscitar e dar muito fruto.

O Paraíso não está perdido, mas foi reencontrado. Assim, a morte e a ressurreição de Jesus são fundamento de uma espiritualidade da ecologia integral, fora da qual as palavras da fé permanecem sem influência sobre a realidade, e as palavras das ciências permanecem fora do coração. "A cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência" (Laudato si’, 111).

Por isso, falamos de uma conversão ecológica, que os cristãos não podem separar daquela inversão de rota que seguir Jesus exige deles. Sinal disto é o virar-se de Maria, naquela manhã de Páscoa: só de conversão em conversão passamos deste vale de lágrimas para a nova Jerusalém. Aquela passagem, que começa no coração e é espiritual, modifica a história, compromete-nos publicamente, ativa a solidariedade que desde já protege pessoas e criaturas dos apetites dos lobos, em nome e pela força do Cordeiro Pastor.

Assim, hoje os filhos e as filhas da Igreja podem encontrar milhões de jovens e de outros homens e mulheres de boa vontade que ouviram o clamor dos pobres e da terra, deixando-se tocar no coração. São numerosas também as pessoas que desejam, através de uma relação mais direta com a criação, uma nova harmonia que as leve além de tantas dilacerações. Por outro lado, ainda "os céus proclamam a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia transmite ao outro a palavra; uma noite à outra dá a notícia. Não são ditos nem discursos de que não se perceba a voz; por toda a terra caminha o seu eco, até aos confins do universo a sua palavra" (Sl 18, 1-4).

Que o Espírito nos conceda a capacidade de ouvir a voz de quem não tem voz. Então, veremos o que os olhos ainda não veem: aquele jardim, ou Paraíso, para o qual nos dirigimos apenas acolhendo e cumprindo cada qual a sua tarefa.