Após o desfile acadêmico no qual participaram professores dos quatro cursos de licenciatura da Universidade e professores de outras universidades, D. Javier Echevarría abriu a sessão com um discurso sobre a comunicação.
Assinalou que “São Josemaria afirmava categoricamente que os filhos de Deus têm de estar presentes, com profissionalismo, identidade cristã e amor à Verdade nos lugares onde se forma a opinião pública”. “É difícil – acrescentou citando um texto do santo – que haja verdadeira convivência onde falte verdadeira informação; e a informação verdadeira é aquela que não teme a verdade e que não se deixa levar por motivos de prosperidade, de falso prestígio, ou de vantagens econômicas”.
O Prelado convidou todos os profissionais do mundo da informação que professam uma crença “a conjugar o dom gratuito da fé com o esforço cotidiano no estudo racional de todos os saberes implicados na comunicação”. Em seguida, entregou o primeiro título de doutor Honoris Causa.
AS CINCO REGRAS DO CARDEAL RUINI
O Cardeal Camillo Ruini foi durantes muitos anos presidente da Conferência Episcopal Italiana e, atualmente, é o vigário do Santo Padre à frente da diocese de Roma. O título de doutor foi-lhe concedido entre outros motivos, pelo grande êxito do “Projeto Cultural” proposto pelo Cardeal, em 1994, à Igreja italiana. O projeto, que deu numerosos frutos, propôs-se a enriquecer a cultura italiana com a identidade cristã.
Depois de receber das mãos de D. Javier Echevarría o anel, a medalha, o diploma e o barrete de doutor, o Cardeal Camillo Ruini disse, em seu discurso – chamado nessas ocasiões “Letio Magistralis” – que “a comunicação social é um elemento cada vez mais importante para a evangelização e transmissão da fé. Mas, ao mesmo tempo, não basta e nem é o fator mais eficaz. Mas, por outro lado, são os contatos e as relações diretas, pessoais, da comunidade crente”.
O Cardeal destacou que “é necessário advertir os profundos movimentos que estão agitando a sociedade e a cultura, para nela introduzir nossa mensagem, melhorando e atraindo para o bem as energias que se produzem nessa sociedade”.
Nesses anos de diálogo diário com os meios de comunicação, o Cardeal aprendeu “cinco regras: primeira, não bastam os meios de comunicação para transmitir o Evangelho; segunda, é preciso falar claro; terceira, é necessário expressar-se com simpatia; quarta, serem profissionais; e quinta, aspirar à santidade”. Mons. Ruini desenvolveu essas cinco idéias num profundo e divertido discurso cheio de anedotas.
Ruini foi apresentado pelo professor Norberto Gonzalez Gaitano, da Faculdade de Comunicação Institucional da Universidade. O professor salientou a “extraordinária sensibilidade comunicadora que revela um sincero respeito pela opinião pública“ do novo doutor Honoris Causa. “Tal sensibilidade nasce da compreensão da relação que existe entre cultura e comunicação”.
ALFONSO NIETO, PIONEIRO NA EDUCAÇÃO JORNALÍSTICA.
Recebeu também o título de doutor Honoris Causa o professor Alfonso Nieto principal incentivador e pioneiro dos estudos universitários de Jornalismo, na Espanha, e reitor da Universidade de Navarra, na década de 80. Em seu discurso, o novo doutor analisou o mercado atual da comunicação. Nele, disse, a nova moeda já não é o euro ou o dólar, mas “o tempo. Em alguns casos, é escasso, noutros abundante; não admite devoluções; caso se perca, não pode ser recuperado, alguns acreditam que o possuem, mas enganam-se...”.
Nieto falou também sobre a “aparência” representada por todos os meios de comunicação. “Desde os jornais até a Internet, excede o que é aparente, verossímil, naquilo que parece ser, mas que, na realidade, não é. Por exemplo, um programa de televisão parecer ser gratuito, mas, na realidade, não é. Estamos pagando com o nosso tempo”.
O professor sugeriu que, para melhorar os meios de comunicação é preciso enchê-los de “realismo, veracidade, solidariedade e, sobretudo, bom humor”. O doutor Honoris Causa convidou para “abrir espaços e tempos que suscitem o sorriso em todas ou na maior parte das páginas do jornal, das revistas, dos jornais ou da publicidade”.
“São os cidadãos que o pedem, talvez não de um modo explícito, talvez porque não tiveram a experiência. Por este caminho, sem deixar de ver os problemas, serão encontradas soluções melhores e poderemos perceber que uma das coisas mais importantes da vida é sorrir e sabermos rir de nós mesmos”.
A laudatio a Alfonso Nieto foi feita pelo professor José María La Porte, vice-decano da Faculdade de Comunicação. La Porte destacou o “amor do professor Nieto pela liberdade, que se manifestou em sua luta para que os estudos de jornalismo e comunicação obtivessem reconhecimento universitário na Espanha, entre 1969 e 1975, num momento em que a liberdade de imprensa, naquele país, estava submetida a sérias limitações”.