“Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o pastor toma conta do rebanho, assim vou cuidar de minhas ovelhas” (Ez 34, 11). Ouvimos estas palavras do profeta Ezequiel na primeira leitura, que se aplicam bem ao Bem-aventurado Álvaro del Portillo, cuja festa hoje celebramos no aniversário da sua Primeira Comunhão. Ele foi um pastor que, nas palavras de São João Paulo II, se destacou pela sua fidelidade à Sé de Pedro.
Na oração coleta, pedimos ao Senhor que nos ajude a gastar-nos humildemente na “missão salvífica da Igreja”, tal como o fez o Bem-aventurado Álvaro. Hoje, quando a Igreja acaba de acolher um novo sucessor de Pedro, o Papa Leão XIV, renovamos também a nossa adesão filial – efetiva e afetiva, como sempre procuramos viver – ao Santo Padre, rezando por ele e pelas suas intenções.
“O amor ao Romano Pontífice – recordava São Josemaria – há de ser em nós uma formosa paixão, porque nele vemos a Cristo” (São Josemaria, Amar a Igreja, p. 41). O fundador do Opus Dei transmitiu esta formosa paixão ao Bem-aventurado Álvaro e aos seus filhos, que todos os dias rezam pelo Papa, pedindo a Deus que o guarde, anime, faça feliz, e que lhe dê segurança e fortaleza nas tempestades que, por vezes, a barca de Pedro tem de enfrentar.
No Evangelho, Jesus menciona uma característica própria do bom pastor: é alguém que “dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11). D. Álvaro deu a vida pela Obra, sabendo que assim servia a Igreja, pois a única razão de ser do Opus Dei tem sido e será sempre “servir a Igreja, como Ela quer ser servida” (São Josemaria, Carta 8, n. 1).
Como descreveu o Papa Francisco, D. Álvaro exerceu esse serviço “com um coração despojado de interesses mundanos, longe da discórdia, acolhedor para com todos e buscando sempre o lado positivo nos demais, o que une, o que constrói. Nunca uma queixa ou crítica, nem sequer nos momentos especialmente difíceis” (Francisco, Carta por ocasião da beatificação de D. Álvaro). Nós também somos chamados a viver assim. Cada um no seu lugar: em casa, no trabalho, entre os amigos… Todos esses âmbitos estão unidos pelo desejo de servir o Senhor e as pessoas que estão à nossa volta. Como recordava o próprio D. Álvaro, “o melhor serviço” que podemos prestar à Igreja é “o esforço por sermos santos” (Bem-aventurado Álvaro, Carta, 30/09/1975, n. 62). Quando procuramos santificar o trabalho bem feito, com o desejo de dar glória a Deus e aproximar as almas de Cristo, estamos servindo a Igreja como ela quer ser servida.
Os santos experimentaram em primeira mão a frase que repetimos no Salmo responsorial: a quem tem Deus como pastor, nada falta (cf. Sl 22, 1). Quem decide seguir o Senhor sabe que Ele o guiará em todos os momentos. Neste sentido, a fidelidade de D. Álvaro não foi fruto da inércia, mas do desejo de dizer que sim a Deus em cada circunstância, pois sentia que não havia maior alegria do que viver unicamente para o Senhor e, com Ele, servir os outros. Entendia a fidelidade como um compromisso de amor, e o amor a Deus era o sentido último da sua liberdade. Podemos perguntar-nos se o que inspira cada uma das nossas ações é também o amor ao Senhor.
Ter Deus como pastor não significa que Ele nos poupe às dificuldades da vida. Mas, como também diz o salmista: “mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança” (Sl 22,4). Nessas circunstâncias, Deus nunca deixa de estar ao nosso lado. “Se contássemos apenas com as nossas pobres forças – dizia D. Álvaro – teríamos motivo para considerar este ideal como uma utopia irrealizável: não somos super-homens, nem estamos acima das limitações humanas. Mas – se quisermos – a fortaleza de Deus atua através da nossa fraqueza” (Bem-aventurado Álvaro, Homilia, 07/09/1991).
A nossa Mãe, Maria, é modelo de fidelidade a Deus. Pedimos-lhe para sabermos seguir o exemplo de vida do Bem-aventurado Álvaro, e colocamos nas suas mãos a nossa oração filial pelo Papa Leão XIV.