“Há pessoas que têm espírito aventureiro. Eu não. Estava muito contente vivendo na Itália por um tempo quando me propuseram ir para o Cazaquistão. Pareceu-me viável e eu disse “perfeito, vamos”, confessa Claudia.
Converter-se em cazaque “é um processo real de mudança cultural, física e psicológica que exige abertura e flexibilidade. O Cazaquistão é um país com raízes nômades onde convivem mais de 130 etnias, com uma cultura que é ao mesmo tempo oriental e soviética (estiveram sujeitos aos czares e depois ao domínio comunista). Para nós, tudo acaba por ser diferente: a comida, o clima, o modo como as pessoas têm de se comunicar, muito zelosa de sua intimidade e, ao mesmo tempo, aberta e hospitaleira”.
A maioria da população é muçulmana, ainda que também haja ortodoxos, herança da dominação russa. Os católicos são uma minoria e o processo de evangelização começa, como é lógico, pela conversão. “As pessoas têm pouca cultura religiosa, há temor de falar desse tema, ainda que vejam a necessidade de Deus nas suas vidas”, explica Claudia. “Pouco a pouco, a espiritualidade de São Josemaria vai abrindo caminho. A chave é que as pessoas se sintam muito livres e que se aproximem da Fé porque querem”.
A PEDIDO DE JOÃO PAULO II
“A chegada da Obra ao país foi um desejo expresso do Papa João Paulo II, que também viajou a Astaná, a atual capital do país, em 2001”, destaca Claudia.
De fato, aconselhado pelo Papa João Paulo II, um Bispo do Cazaquistão foi falar com o Prelado do Opus Dei em 1994 porque precisava de alguma instituição que pudesse dedicar-se à educação e ao trabalho com a juventude no seu país. A resposta ao seu pedido materializou-se em 1997, quando chegaram os primeiros membros do Opus Dei.
Buscar onde viver e trabalhar foi a primeira coisa que fizeram Claudia e suas colegas ao chegar ao Cazaquistão em 1998. Uma vez que conseguiu trabalho como professora de inglês, Claudia começou a estudar os dois idiomas oficiais do país, o russo e o cazaque, de origem turca.
“Comecei dando aulas de inglês em Kimep, uma escola de negócios de Almaty que foi uma das primeiras a preparar profissionais jovens para trabalhar em uma nascente economia de mercado. Hoje, todas temos trabalhos diferentes e três das mais jovens começarão aqui sua carreira universitária”, conta Claudia.
PROJETOS PARA SONHAR
O principal projeto apostólico encaminhado para este ano é um Centro de Formação e Trabalho Hoteleiro. “Queremos ajudar as pessoas daqui a entenderem o serviço e o trabalho doméstico como algo importante para a sociedade, pois durante os anos de comunismo não se lhe dava nenhum valor, exceto em grandes ocasiões, quando sempre se esmeraram muito”, explica. Agora, Claudia e suas colegas estão conseguindo os recursos e as permissões para construção do edifício.
Durante os últimos dez anos, essas fiéis da Prelazia preocuparam-se com a formação da mulher, de um ponto de vista humano e social, abertas a todos os setores da sociedade, buscando dar boas idéias com relação ao respeito dos valores na família e das iniciativas cidadãs.
Quanto ao apostolado, Claudia explica que “é de amizade, pois, vendo sua vida, as pessoas se interessam por Deus e pelo trabalho que fazemos. Não se impõe Deus; são minhas amigas por sua conta que vão entendendo que lhes falta algo na vida e que podem dar um sentido transcendente a tudo o que fazem”.