Uma proposta que nasceu da fé e do desejo de servir
Movidos pelo propósito de oferecer às famílias do Catamarã a oportunidade de viver o voluntariado de forma estruturada, em comunidade, a escola e os pais deram início ao projeto Catamarã Social. A primeira ação desse projeto aconteceu em 2024 e o foco foi a Casa de Simeão, um lar de idosos que recebeu apoio em várias frentes, desde a renovação da pintura até a promoção de atividades que alegraram a vida dos seus residentes, dando-lhes a certeza de que não estavam abandonados. Em 2025, decidiu-se por uma ação mais audaciosa: construir em poucos dias uma capela de madeira para uma comunidade que há mais de dez anos sonhava com um espaço de oração.
A proposta foi inspirada na experiência de um casal de pais do colégio, que já havia participado da construção de nove capelas junto à ONG Sonhar Acordado. A décima capela – e a primeira com participação da comunidade Catamarã – foi a concretização desse sonho partilhado. A cidade escolhida foi Cruzeiro, terra natal de uma das voluntárias e também berço de forte tradição católica na região do Vale do Paraíba.
O projeto e a preparação
O modelo da capela (5 x 12 m, com torre) foi idealizado por Dimas Batista, marceneiro que desde 2010 havia acompanhado mais de 40 construções semelhantes em parceria com a ONG. Ele faleceu uma semana antes do início desta obra, mas seu neto, juntamente com Marcelo Bardela – voluntário com experiência em 30 capelas –, assumiram seu legado e orientaram os trabalhos com dedicação exemplar.
No dia 1º de maio, festa de São José Operário, a ação teve início com a celebração da Santa Missa pelo pároco local, Mons. José Benedito Barbosa, em uma capela vizinha. Foi uma oportunidade para os voluntários rezarem juntos antes de iniciar o trabalho e visualizarem o modelo de capela que iriam construir, inspirados pelo Salmo Responsorial do dia: “Senhor, fazei dar frutos o labor de vossas mãos” (Sl 89).
Ainda pela manhã, após uma sessão de alongamento e instruções de segurança, os participantes foram divididos em equipes, receberam equipamentos de proteção e, depois de uma breve “aula de martelo”, deram início à construção. A meta do dia era levantar todas as paredes.
No almoço, houve uma formação espiritual sobre a Providência Divina, conduzida por Vivian Sória, mãe do colégio e gestora do projeto, que compartilhou como, ao longo dos onze meses de preparação, sinais concretos da ação de Deus foram se manifestando. Ao final do dia, as paredes estavam todas em pé. A meta tinha sido cumprida, com graça de Deus, esforço e bom humor.
O espírito de serviço que edificou mais do que paredes
O segundo dia coincidiu com a primeira sexta-feira de maio, dia em que se recorda o Sagrado Coração de Jesus. Logo cedo, os voluntários participaram da Santa Missa na paróquia da cidade e seguiram para a construção. Era o momento de iniciar o telhado, os acabamentos internos e a pintura. Foi um dia exigente, de progresso menos visível, mas marcado por um forte espírito de união. Famílias da comunidade se aproximaram e começaram a colaborar. Doações de alimentos começaram a chegar espontaneamente. À tarde, Letícia Tavares, também mãe do colégio, conduziu uma formação sobre a virtude da Responsabilidade.
No sábado, as atividades começaram com um terço ao redor da capela. Os trabalhos seguiram com instalação do forro, aplicação da segunda demão de tinta e confecção das janelas, portas e bancos. O envolvimento foi tão grande que o cronograma avançou além do previsto. Ao final da tarde, Débora Martorelli conduziu uma reflexão com os jovens sobre a virtude da Esperança. “Faria mais vezes. Saí de lá muito diferente de como entrei”, afirmou Manuela Hirama, aluna do colégio. “Criei memórias que ficarão guardadas para sempre”.
No domingo, dia 4, todos acordaram cedo para os últimos detalhes: finalização da pintura, instalação dos bancos, janelas e portas. Um artista local, presente durante toda a obra, esculpiu à mão a imagem do Sagrado Coração de Jesus que foi instalada sobre o altar.
Ao final da Missa de encerramento do projeto, os corações estavam transbordando. “Foi uma transformação familiar”, resumiu Carla Wagner. “Pais, filhos e colaboradores uniram seus corações para construir uma capela para uma comunidade que esperava fazia 10 anos”. “Foi muito emocionante ver a capela terminada e as pessoas aproveitando bem a Missa por causa de nosso trabalho. Pudemos mostrar aos nossos filhos que o trabalho bem feito santifica o homem”, comentou um pai voluntário.
Dois dias depois, a comunidade celebrou sua primeira missa oficial no novo espaço. Onde antes havia, no máximo, 20 pessoas, agora estavam reunidos 72 fiéis: sinal claro de que algo novo havia começado.
O impacto da ação foi amplamente refletido nos depoimentos das famílias que participaram e mesmo em quem não conseguiu estar presente: “Mesmo não podendo participar ativamente da construção, pude perceber no meu filho a alegria de servir”, disse Rita Del Chiaro.
O testemunho dos jovens também emocionou. Muitos manifestaram o desejo de participar novamente: “Já estou esperando a próxima”, declarou uma das alunas presentes.
Uma obra com raízes nos ensinamentos de São Josemaria Escrivá
“Nosso Senhor, perfeito homem, escolheu um trabalho manual, que realizou delicada e carinhosamente durante quase todo o tempo que permaneceu na terra. Exerceu a sua ocupação de artesão entre os outros habitantes da sua aldeia, e esse trabalho humano e divino demonstrou-nos claramente que a atividade ordinária não é um pormenor de pouca importância, mas o eixo da nossa santificação, oportunidade contínua de nos encontrarmos com Deus, de louvá-lo e glorificá-lo com a obra da nossa inteligência ou das nossas mãos” (Amigos de Deus, n. 81).
Essas palavras de São Josemaria tornaram-se realidade nas vidas de todos os que participaram. O que começou como uma proposta de voluntariado transformou-se em um verdadeiro retiro de ação, fé e unidade. Ao longo dos dias, foi uma encarnação dos valores que o Colégio Catamarã procura fomentar nos seus alunos, colaboradores e pais. A Capela Sagrado Coração de Jesus é agora como sinal visível da graça de Deus, do trabalho bem-feito e do amor vivido em comunidade.
“A maior prova de amor que eu posso dar é meu tempo, meu suor e minha força. Obrigado a cada um que esteve lá e me fez sair um homem melhor do que cheguei”, foram as palavras de agradecimento de Marcelo Bardela, que coordenou as obras. O projeto da construção da Capela Sagrado Coração de Jesus só foi possível graças à generosidade e ao comprometimento dos patrocinadores, que abraçaram a missão com entusiasmo e espírito de serviço. Os responsáveis continuam: “em especial, agradecemos à BoviChain, cujo apoio expressivo foi fundamental para viabilizar a obra. Estendemos também nossa gratidão à Zaroni Viagens e Turismo, Odorizi,Laboratório Laborclin, Pizzaria do Babbo, MF Movelaria e Jardim Junior. Cada contribuição foi um verdadeiro testemunho de solidariedade e parceria na construção de algo que vai muito além de paredes: um es