Todos nós conhecemos o sentimento de chegar tarde a uma aula, especialmente quando o atraso poderia ter sido evitado. Bem, lá estava eu novamente, correndo para o meu departamento porque estava atrasada, pela enésima vez.

Sou estudante de hotelaria e como parte da minha formação, faço estágio no departamento de produção de alimentos. A diretora do departamento estava intrigada com os meus repetidos atrasos e me chamou para conversar e tentar descobrir por que eu chegava atrasada tantas vezes. Respondi vagamente dizendo: “Estava usando o celular”.

Há muito tempo eu vinha lutando contra o vício no Instagram e isso havia afetado muitas áreas da minha vida. Sempre senti a necessidade de estar atualizada e, para isso, passava horas online navegando até o fim do feed do Instagram e isso prejudicava o meu trabalho, os estudos, o meu sono e até mesmo os meus relacionamentos, especialmente o relacionamento com Deus. Eu não podia verdadeiramente focar nas coisas que eram importantes, constantemente, sentia que estava perdendo algo e estava pronta para mergulhar novamente no celular assim que possível.

Vi o estrago que isso estava me causando, mas, como todo vício, parecia impossível sair dele. Eu tinha deletado o aplicativo do Instagram nove vezes, porém, como você pode imaginar, eu não poderia ter deletado nove vezes se não o tivesse reinstalado todas as vezes. Cada vez que o reinstalava dizia a mim mesma que seria disciplinada, mas esta disciplina durava menos de 48 horas e eu voltava ao vício mais uma vez.

Durante a minha conversa com a chefe do departamento, fiquei tão envergonhada que não consegui dizer a ela o que estava fazendo no celular, que era a razão de meu atraso. No entanto, ela me corrigiu de maneira tão amigável, que resolvi melhorar e deletar o aplicativo de vez. Essa resolução não durou muito, até comecei a falar com um sacerdote sobre a luta que vinha enfrentando e instalei um bloqueador de aplicativos que me permitia bloquear vários aplicativos em meu telefone. Comecei com muito entusiasmo, com a intenção de bloquear o Instagram e reduzir o tempo que passava nele, mas isso não durou muito também.

“Dizes-me, contrito: Quanta miséria vejo em mim! É tal a minha torpeza e tal a bagagem das minhas concupiscências, que me encontro como se nunca tivesse feito nada para me aproximar de Deus. Começar, começar: ó Senhor, sempre começando! Procurarei, no entanto, fazer força com toda a minha alma em cada jornada”.

Essa citação de um livro de São Josemaria intitulado Forja, descreve exatamente como me sentia em um dia em particular, depois de passar longas horas no Instagram. Porém, comecei a lutar novamente, e desta vez tentei algo diferente: dei meu telefone para uma amiga que o guardou para mim até o dia seguinte. Embora tenha sentido falta do aparelho, isso me permitiu ter uma certa qualidade de sono e me recolher para a Missa do dia seguinte. Isso me ajudou muito, mas após um tempo, comecei a arrumar desculpas e parei de dar o celular para ela. Em outro de seus livros, Caminho, São Josemaria escreveu sobre um amigo que desoladamente o contou sobre sua incapacidade de vencer-se. Mons. Escrivá respondeu: “já tentaste, por acaso, empregar os meios?” Isso me tocou, e eu sabia com toda honestidade que os meios nessa altura da minha vida era ficar totalmente longe do Instagram por tanto tempo quanto precisasse.

Então, pela décima vez, deletei o Instagram de meu celular. Nos primeiros dias senti que algo estava faltando, mas mantive a luta e resisti e após um tempo comecei a sentir muita paz. Agora tenho tempo para fazer muitas outras coisas e consigo rezar melhor, com muito mais paz. Isso não quer dizer que não fui tentada a reinstalar o aplicativo, mas como São Josemaria disse: “aqui estou começando e recomeçando novamente!” Então continuarei lutando com a ajuda desse santo.