Chegar ao coração de cada pessoa

Cada trabalho corresponde a uma necessidade real da sociedade e, para mim, o cuidar atentamente de todas as componentes ligadas a uma existência mais agradável converteu-se no meu trabalho profissional.

Trabalhei vários anos em escolas de hotelaria e, simultaneamente, no setor de serviços; agora estou frequentando um curso para me licenciar em Dietética porque a formação me parece essencial, também a científica, para fazer o meu trabalho com competência profissional. Nas circunstâncias atuais em que a eficácia e o interesse econômico são frequentemente o modelo de gestão na nossa sociedade, entendi, graças aos ensinamentos de São Josemaria Escrivá, a necessidade de percorrer um caminho que conduzisse ao bem-estar da pessoa, precisamente quando se leva a sério o seu cuidado e atenção.

Procuro prestar um serviço tão esmerado que seja capaz de mostrar o "amor louco", sem medida, de Deus por cada um de nós

No meu trabalho sinto-me responsável por chegar ao coração de cada pessoa com a particularidade de prestar um serviço tão esmerado que seja capaz de mostrar essa loucura, "amor louco", sem medida, que Deus sente por cada um de nós. Esse desejo concretiza-se em coisas simples, habituais, que adquirem uma terceira dimensão e se revelam muito eficazes tanto para quem as recebe como para quem as põe em prática.

Os efeitos nem sempre são patentes, mas tenho a certeza de que com o meu trabalho posso colaborar na mudança de rumo dos acontecimentos, posso realizar coisas maravilhosas no íntimo de cada pessoa, em suma, posso devolver "devolver à matéria e às situações aparentemente mais vulgares seu nobre e original sentido" (Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá,114).

Cada trabalho corresponde a uma necessidade real da sociedade e, para mim, o cuidar atentamente de todas as componentes ligadas a uma existência mais agradável converteu-se no meu trabalho profissional. O que me move é que a pessoa se sinta acolhida, e esse acolhimento compõe-se de uma diversidade de elementos que gostaria de considerar sob três pontos de vista: o primeiro ponto – unido à minha percepção da realidade – é a atitude interior de surpresa ante o ser prodigioso que é a pessoa, o segundo está unido aos lugares em que a pessoa deve sentir-se acolhida (ordem, harmonia, limpeza) e o terceiro refere-se às necessidades básicas de cada pessoa (alimento, descanso, roupa).

È estimulante encontrar em cada dia alguma coisa que surpreenda os que temos à nossa volta, que maravilhe, com pequenos pormenores delicados, alegres. Normalmente o que nos surpreende é uma atitude, uma expressão, uma coisa simples cuja importância é relativa, mas que notamos como dirigida ao bem da nossa pessoa.

No meu dia de trabalho apresentam-se muitas possibilidades de "surpreender", e o mesmo se passa em outros trabalhos; trata-se de saber descobrir e usar essas possibilidades para tornar feliz quem é objeto do nosso trabalho, do nosso cuidado e atenção, mas, sobretudo porque assim se chega a ser uma continuidade da mão de Deus que vela por aquilo que criou e de modo particular pelas criaturas que mais ama: os homens.

Lucia Vinco, Itália