Apresentado o roteiro de trabalho do Sínodo da Eucaristia

Oferecemos uma síntese do "Instrumentum laboris" preparado pela Santa Sé para a 11ª Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se celebrará de 2 a 23 de outubro no Vaticano e cujo tema será "“A Eucaristia: fonte e cume da vida e da missão da Igreja”".

No dia 7 de julho passado, o arcebispo Nicola Eterovic e monsenhor Fortunato Frezza, respectivamente secretário-geral e subsecretário do Sínodo dos Bispos, apresentaram na sala de imprensa da Santa Sé o Instrumentum laboris da 11ª Assembléia Geral Ordinária do Sínodo sobre a Eucaristia.

O Instrumentum laboris, redigido com base nas respostas aos Lineamenta e ao questionário enviado pela Secretaria do Sínodo dos Bispos às Conferências Episcopais, às Igrejas Orientais Católicas, aos dicastérios da Cúria Romana e à União de Superiores Gerais, consta de um prefácio, uma introdução e quatro seções, divididas cada uma em dois capítulos e uma conclusão.

"No alvorecer do terceiro milênio do cristianismo - reza o prefácio -, verificar como o rico patrimônio da fé eucarística aplica-se à realidade da Igreja Católica (...) é uma questão de sensibilidade pastoral, de responsabilidade episcopal e de visão profética". Afirma também que o documento "concentrou-se principalmente nos aspectos positivos da celebração eucarística, que reúne os fiéis e faz deles uma comunidade”.

A primeira seção, "Eucaristia e o mundo atual", analisa o contexto histórico no qual se celebrará o Sínodo, "um período caracterizado por fortes contrastes na família humana". Referindo-se concretamente ao problema da fome, sublinha-se que esse tema "não pode permanecer ausente na reflexão dos padres sinodais, os quais, com todos os cristãos, várias vezes ao dia suplicam ao Senhor: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.

Em seguida, examina-se a situação das Igrejas particulares em diversos aspectos relacionados com a Eucaristia, constatando, entre outras coisas, que a participação na missa dominical é "maior nas nações africanas e asiáticas", e escassa "na maior parte dos países europeus e americanos e em alguns da Oceania".

A segunda parte, "Fé da Igreja no mistério da Eucaristia", aborda sobretudo a percepção do mistério eucarístico pelos fiéis e distingue seus diversos matizes segundo o contexto cultural a que pertencem. "Nos países onde reina um clima geral de paz e prosperidade, na maior parte ocidentais, o mistério eucarístico é considerado por muitos como um modo de cumprir com o preceito festivo e é vivido como um convívio fraterno. Entretanto, nos países torturados pelas guerras (...), nota-se uma compreensão mais profunda do mistério eucarístico na sua totalidade, quer dizer, também em sua dimensão de sacrifício".

São descritas também algumas realidades negativas, que atentam contra o sentido do sagrado (descuido no uso de ornamentos litúrgicos, vestimentas pouco adequadas, escassa qualidade artística dos edifícios sagrados, música e cantos inadequados), que são mais frequentes na liturgia latina que na oriental, mas que não devem "causar falsos alarmismos porque estão circunscritas".

"A Eucaristia na vida da Igreja", a terceira seção, trata detalhadamente da adequada celebração da Santa Missa, desde os ritos de introdução aos de conclusão e o significado das normas litúrgicas entendidas como "guia para o mistério".

Por último, "A Eucaristia na missão da Igreja" sublinha que esse sacramento é "fonte da moral cristã" e recorda que "sempre reforçou as opções e os comportamentos éticos e morais dos crentes". Nesse contexto, o documento aborda os laços da Eucaristia com a paz, a unidade e o ecumenismo e as questões da inculturação e da intercomunhão.