Outro santo de quem muito gosto e a quem devo uma orientação importante na minha vida espiritual é Josemaria Escrivá. É o fundador do Opus Dei. Não faço parte dessa Obra. Sinto-me, no entanto, muito atraída pela espiritualidade em que se funda e que é, justamente, a espiritualidade que este sacerdote espanhol propõe. Habitualmente, pensamos que para crescer na vida espiritual, para nos tornarmos santos, é necessário fazer coisas extraordinárias, fora do comum. Todavia Escrivá ensinou-nos que basta fazer com amor o nosso dever ou o trabalho profissional a que a vida nos chama.
A via da santidade passa, pois, pela rotina comum, pelas coisas normais, pelo trabalho, pela vida em família, do mesmo modo que passa pela diversão, pela amizade e assim por diante.
Para tanto, é preciso, por exemplo, preparar-se bem em vista do desempenho de uma profissão, manter-se atualizado, etc. Também isto faz parte da santidade, por ser uma das formas possíveis de exprimir e de viver o respeito pelos outros, o amor pelos irmãos. Da mesma maneira, atender com alegria renovada a própria família, ajudarmo-nos uns aos outros na rotina diária, nem sempre exaltante, pois também isto constitui ocasião direta de santidade.
Deste modo, o normal e corrente torna-se extraordinário, porquanto, se feito com amor, em união com Deus, sacraliza a realidade. E, de alguma maneira, até já a transfigura. Considero muito moderna a espiritualidade proposta por Escrivá, ajustada aos leigos que vivem no mundo e nele querem e devem empenhar-se. Uma nova forma de contemplação, vivida porém no meio de uma realidade que é comum a todos, crentes e não crentes, e que justamente por isso pode facilmente ser fermento e converter-se em testemunho.