A excelência do trabalho, mensagem oportuna para o Congo

A excelência do trabalho, mensagem oportuna para o Congo

Josiane Mpeye, médica do Congo, participou em Roma, no passado dia 29 de Maio, na apresentação dos novos projectos Harambee. Durante o serão musical no teatro Olímpico, esta médica congolesa explicou em que consiste o projeto da criação de um serviço de urgências em três zonas rurais de Kinshasa, dependentes do hospital Monkole.

Este projecto beneficiará seiscentas mães de família e cerca de mil crianças que, deste modo, poderão receber cuidados médicos básicos.

- Dra. Josiane Mpeye, a senhora apresentou o projeto do centro hospitalar Monkole que é um dos que foi patrocinado este ano por Harambee. Pensa que esta cerimônia, e em geral, este tipo de manifestações podem ter impacto na sociedade ocidental?

Certamente. Harambee abre-nos um espaço de comunicação que nos dá possibilidade de entrar em contacto com um público que só conhece a África por ouvir falar e através de ideias feitas, de uma certa maneira de ver e pensar o continente africano. Pelo contrário, com este tipo de eventos temos oportunidade de nos dirigirmos em direto a um leque alargado de pessoas. África teve a sorte de poder exprimir-se em direto.

- O projeto Harambee surgiu por ocasião da canonização de São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei. Como capta a sua mensagem de santificação na vida normal numa sociedade como aquela em que vive?

Muito positivamente. Depois de anos de desmantelamento, temos de reconstruir o país sobre bases sólidas. A reconstrução não será apenas fruto de ajudas materiais do Ocidente, mas sobretudo de transformação da pessoa. E é aí que se apresenta como essencial a mensagem da vida cristã de São Josemaria que visa a excelência de cada pessoa na sua profissão e fomenta a responsabilidade de servir, de ajudar a família, os outros, o país, através do próprio trabalho.

- O programa que apresentou gira essencialmente em torno de um projeto de saúde importante, mas diz respeito também à educação da pessoa que parece igualmente importante. Acredita que estão em condições de o levar a cabo?

Com o referido projeto de saúde – criação de um serviço de consultas de urgência em três bairros pobres da capital – pretendemos também abranger a pessoa no seu todo. A pessoa – nova ou de mais idade, doente ou saudável – é uma riqueza para a sociedade africana. Nos ambientes paupérrimos, o apoio material é importante, mas passa para um segundo plano face às necessidades humanas. O cuidar a pessoa em si permite-lhe crescer em auto estima; para mim isso é o essencial, e as estatísticas nunca poderão refletir este aspecto.

- Espera que o público italiano responda generosamente?

Sem dúvida. Com uma contribuição quer material quer moral. Conheço italianos que se entregam de corpo e alma no meu país e estou-lhes infinitamente grata. Desejava agora que compreendessem que – como disse João Paulo II – precisamos de uma solidariedade inteligente que dê soluções àquilo que é realmente necessário.

- O lema de Harambee é “ajudar os africanos a ajudarem-se a si próprios”. Pensa que Harambee chegará a conseguir esse objectivo?

Com certeza, por aquilo que tenho observado desde que começou. Este tipo de projetos tem um impacto real porque cuida e prepara pessoas concretas do país; a ação consolida-se porque é assumida por nós.

Dados do projecto:

Objetivos prioritários dos médicos de Monkole:

a) programa de apoio a mulheres grávidas (consultas pré-natais);

b) vacinação de crianças dos 0 aos 5 anos;

c) programa de vacinação contra a drepanocitose diagnosticada em período neonatal;

d) protecção contra a malária (presente nas zonas dos dispensários projectados).

Ações indispensáveis ao pretender reduzir-se o número de anemias agudas que necessitam de transfusões de urgência. A nível social, ver-se-á reforçada a ajuda à formação das mães em atividades de costura, fabrico de sabão, cozinha de pratos locais, rudimentos de horticultura, etc… Tudo isto lhes proporcionará recursos para poderem aceder aos cuidados médicos. A luta contra o analfabetismo prevista também neste programa contribuirá para a promoção da dignidade da mulher.