A Camélia Vermelha

A história de Percival e sua esposa Inês, supernumerários do Opus Dei, casados há 76 anos, é marcada por uma devoção profunda a São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei.

No Centro Educacional Assistencial Profissionalizante de Pedreira (CEAP), uma obra corporativa do Opus Dei, decidiu-se colocar uma placa em frente a um pé de camélias como lembrança dos 50 anos da visita de São Josemaria ao Brasil.

Numa cerimônia simples, mas tocante, com três momentos significativos – uma tertúlia, uma visita à capela para venerar uma relíquia de São Josemaria, e a inauguração de uma placa no Jardim das Camélias – Percival e Inês compartilharam suas experiências de fé e devoção.

Primeiro Momento: A Tertúlia, antes da inauguração, no Centro Cultural Interlagos
Primeiro Momento: A Tertúlia, antes da inauguração, no Centro Cultural Interlagos

Às 10:00, Percival iniciou a tertúlia perguntando a uma moça: “Quem é você?” Juliana, esposa de Rafael, respondeu com entusiasmo: “Juliana! Estou grávida. Vamos ter nosso primeiro filho”.

Percival então começou a compartilhar sua história, brincando que falaria com cuidado, pois viu que estava sendo gravado. “Em 1973, estive com São Josemaria em Villa Tevere. Tivemos um encontro muito bonito. Nossa filha, que é numerária, também estava lá. Inês é uma das primeiras da Obra no Brasil”.

Ele continuou: “Em 1974, Inês esteve na casa do Moinho e em todos os lugares onde São Josemaria esteve no Brasil. Ela teve muita sorte. Estou falando em nome dela, porque devido ao Alzheimer tem dificuldade para falar, mas sempre estou junto com ela porque conheci a Obra por causa dela. Minha filha também seguiu o mesmo caminho. Inês é a primeira em tudo e conduz todo o pessoal para a Obra. Faz um apostolado muito bonito. Tivemos um encontro com Dom Álvaro também. Ele era fantástico, uma pessoa extraordinária. Quando encontramos o fundador da Obra pela primeira vez em 1973, foi impressionante”.

Percival relembrou os momentos marcantes de sua vida e da vida de sua família, sempre ligados ao Opus Dei e a São Josemaria. “Minha filha viu nosso Padre até o último momento da vida dele”.

Sobre a viagem de São Josemaria ao Brasil em 1974 ao Brasil, ele explicou que, como o avião que o trazia aterrissou no Rio de Janeiro, foi necessário um avião para trazê-lo a São Paulo. “Eu trabalhava na área de aeroportos, então não foi complicado saber quando aterrissaria. Quando ele chegou, fui ao aeroporto com a Inês”.

Ele descreveu a cena no aeroporto: “Entramos no portão do pátio onde o avião viria chegar e ficamos esperando no portão onde o carro haveria de sair. Enquanto esperávamos, Inês deu-se conta de que deveríamos ter algo para dar ao Padre, pelo menos uma flor. Então o encargo recaiu imediatamente sobre mim. Lembrei que a floricultura mais próxima estava longe e a saída do Padre pelo portão era iminente. Lembrei naquele instante que ali perto vi uma casa com jardim, um muro baixo e um pé de camélias. Saí correndo, bati palmas pois não havia campainha, procurando por alguém na casa, pedi licença e peguei a flor”.

Quando São Josemaria saiu, minha esposa entregou a camélia para a professora Isis, que lhe entregou em nome dos cinco que estávamos ali. Ele havia aberto a janela do carro para nos cumprimentar. Foram momentos muito emocionantes, não sabíamos o que falar entre lágrimas de emoção. Depois soubemos que, ao chegar na casa da comissão regional, ele foi imediatamente cumprimentar Nosso Senhor no sacrário. Ele depositou ali no altar, em frente ao sacrário, a camélia que havia sido oferecida por nós”.

Percival concluiu: “Foi assim a história da camélia. A camélia é um símbolo do nosso carinho por São Josemaria”.

Segundo Momento: Visita à Capela
Segundo Momento: Visita à Capela

Após a tertúlia, Percival e os presentes se dirigiram à capela do CEAP. Ele mesmo quis conduzir a cadeira de rodas com a esposa. “Agora vamos para a segunda parte”, disse Percival.

Durante o caminho, Percival refletiu sobre a importância daquele momento. Ao chegar à capela, Percival disse: “Vamos colocar uma flor aqui, em frente à imagem de São Josemaria. Ali está o sacrário, e aqui ele está presente”.

A emoção era palpável. Percival compartilhou: “Tenho 99 anos. Estou na Obra desde 1971 e minha mulher desde 1969. Inês acompanhou bem o crescimento da Obra. Isso tudo me emociona”.

O momento na capela foi também um tempo de oração, onde todos puderam sentir a presença de São Josemaria de forma muito próxima. “Minha filha, que é médica, disse para eu não ficar emocionado e para não tirar fotos”, contou Percival com um sorriso.

Terceiro Momento: Inauguração da Placa no Jardim das Camélias
Terceiro Momento: Inauguração da Placa no Jardim das Camélias

Finalmente, todos se reuniram no Jardim das Camélias para a inauguração da placa, que estava em frente a um pé de camélia. Está escrito na placa:

São Josemaria e a Camélia Vermelha

Em 1974, ao sair do aeroporto em São Paulo, São Josemaria foi saudado por Inês e Percival, que lhe entregaram uma camélia vermelha em meio a lágrimas de gratidão. Ele levou a flor ao oratório, onde a colocou diante do sacrário com afeto. Essa camélia simboliza a devoção e o carinho recebidos por São Josemaria em sua visita ao Brasil.

Percival e Inês descerraram o pano que cobria a placa, o capelão do CEAP, o padre Sidnei, deu-nos a bênção e a lembrança ficou estabelecida.

Desdobramento Surpreendente
Desdobramento Surpreendente

Algumas semanas depois, durante outra tertúlia onde narrava novamente o episódio da camélia, Percival foi surpreendido com uma revelação emocionante. “Hoje, temos uma surpresa para você, Percival”, anunciaram. Ao abrir o pacote, ele viu a camélia de 50 anos atrás, preservada como uma relíquia dentro de um quadro. Percival ficou visivelmente emocionado ao ver a flor que ele mesmo havia entregado a São Josemaria tantos anos antes. Disse ele, com lágrimas nos olhos: “Que beleza, que emoção!”

Assim, essa camélia, símbolo de um gesto simples, mas significativo, se torna uma parte da história de Percival, Inês e de todos os que compartilham da formação que temos na Obra. Não é apenas uma lembrança do passado, mas uma reafirmação contínua de união com Deus na vida daqueles que se apoiam nos ensinamentos de São Josemaria.