Santificar o trabalho próprio não é uma quimera, mas missão de todo o cristão...: tua e minha. - Assim o descobriu aquele torneiro mecânico, que comentava: “Deixa-me louco de alegria essa certeza de que eu, manejando o torno e cantando, cantando muito - por dentro e por fora -, posso fazer-me santo... Que bondade a do nosso Deus!”
Sulco, 517
Ao recordar aos cristãos as palavras maravilhosas do Gênesis — que Deus criou o homem para que trabalhasse —, fixamo-nos no exemplo de Cristo, que passou a quase totalidade da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como artesão. Amamos esse trabalho humano que Ele abraçou como condição de vida, cultivou e santificou. Vemos no trabalho — na nobre fadiga criadora dos homens — não só um dos mais altos valores humanos, meio imprescindível para o progresso da sociedade e para o ordenamento cada vez mais justo das relações entre os homens, mas também um sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do amor dos homens entre si e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de santificação.
Por isso, o único objetivo do Opus Dei sempre foi este: contribuir para que no meio do mundo, das realidades e afãs seculares, homens e mulheres de todas as raças e de todas as condições sociais procurassem amar e servir a Deus e a todos os demais, em seu trabalho ordinário e através dele.
Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 10
Dignidade de qualquer trabalho
O trabalho profissional - seja qual for - converte-se no candeeiro que ilumina os vossos colegas e amigos. Por isso, costumo repetir aos que se incorporam ao Opus Dei, e a minha afirmação é válida para todos os que me escutam: pouco me importa que me digam que fulano é um bom filho meu - um bom cristão -, mas um mau sapateiro! Se não se esforça por aprender bem o seu ofício ou por executá-lo com esmero, não poderá santificá-lo nem oferecê-lo ao Senhor. E a santificação do trabalho ordinário é como que o eixo da verdadeira espiritualidade para os que - imersos nas realidades temporais - estão decididos a ter uma vida de intimidade com Deus.
Amigos de Deus, 61
Qualidade e reconhecimento profissional idênticos
Todo o trabalho profissional exige uma formação prévia e depois um esforço constante para melhorar essa preparação e acomodá-la às novas circunstâncias que apareçam. Esta exigência constitui um dever particularíssimo para os que aspiram a ocupar postos de direção na sociedade, pois são chamados também a um serviço muito importante, de que depende o bem estar de todos.
Se a mulher dispõe da preparação adequada, deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis. Neste sentido, não se podem apontar umas tarefas específicas que sejam da competência exclusiva da mulher.
Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 90
Empenho social da riqueza
Todos os homens, todas as mulheres — e não apenas os materialmente pobres — têm obrigação de trabalhar. A riqueza, a situação de desafogo econômico é um sinal d e que se tem mais obrigação de sentir a responsabilidade pela sociedade inteira.
Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 111
O trabalho constrói a sociedade
A imensa maioria dos sócios da Obra são leigos, simples cristãos; a sua condição é a de quem tem uma profissão, um ofício, uma ocupação, muitas vezes absorvente, com a qual ganha a vida, mantém a família, contribui para o bem comum, desenvolve a personalidade.
A vocação para o Opus Dei vem confirmar tudo isso, a tal ponto que um dos sinais essenciais dessa vocação é precisamente viver no mundo e nele desempenhar um trabalho — contando, volto a dizer, com as próprias imperfeições pessoais — da maneira mais perfeita possível, tanto do ponto de vista humano quanto do sobrenatural. Quer dizer: um trabalho que contribua eficazmente para a edificação da cidade terrena — e que, por conseguinte seja feito com competência e com espírito de serviço — e para a consagração do mundo, sendo, portanto, santificante e santificado.
Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 70
Êxito e fracasso
Mas voltemos ao nosso tema. Dizia-vos antes que bem podeis conseguir os êxitos mais espetaculares no terreno social, na atuação pública, nos afazeres profissionais; que, se vos desleixardes interiormente e vos afastardes do Senhor, no fim tereis fracassado rotundamente.
Amigos de Deus, 12
Tens de permanecer vigilante, para que os teus êxitos profissionais ou os teus fracassos - que virão! - não te façam esquecer, nem por um instante, qual é o verdadeiro fim do teu trabalho: a glória de Deus!
Forja, 704
A verdadeira eficácia do trabalho é o amor que a dá
Gosto muito de repetir - porque tenho boa experiência disso - aqueles versos de pouca arte, mas muito expressivos:Minha vida é toda de amor / e, se em amor sou sabido, / é só por força da dor, / que não há amante melhor / que o que muito tem sofrido*. Ocupa-te dos teus deveres profissionais por Amor; leva a cabo todas as coisas por Amor, insisto, e verificarás - precisamente porque amas, ainda que saboreies a amargura da incompreensão, da injustiça, do desagradecimento e até do próprio fracasso humano - as maravilhas que o teu trabalho produz. Frutos saborosos, semente de eternidade!
Amigos de Deus, 68
O trabalho como missão
A vocação acende uma luz que nos faz reconhecer o sentido da nossa existência. É convencermo-nos, sob o resplendor da fé, do porquê da nossa realidade terrena. Nossa vida - a presente, a passada e a que há de vir - ganha um novo relevo, uma profundidade de que antes não suspeitávamos. Todos os fatos e acontecimentos passam a ocupar o seu verdadeiro lugar: entendemos para onde o Senhor nos quer conduzir, e nos sentimos como que avassalados por essa tarefa que Ele nos confia.
É Cristo que passa, 45
Todas as tarefas dos homens interessam a Deus
Todos vós, que hoje celebrais comigo esta festa de São José, sois homens dedicados ao trabalho nas mais diversas profissões humanas, fazeis parte dos lares mais diversos, pertenceis a tão diferentes nações, raças e línguas. Fostes educados em centros de ensino, em oficinas ou escritórios, exercestes a vossa profissão durante anos, travastes relações profissionais e pessoais com os vossos companheiros, participastes na solução dos problemas coletivos das vossas empresas e da vossa sociedade.
Pois bem: recordo-vos, uma vez mais, que nada disso é alheio aos planos divinos. A vossa vocação humana é parte, e parte importante, da vossa vocação divina. Esta é a razão pela qual tendes que vos santificar - contribuindo ao mesmo tempo para a santificação dos outros, dos vossos iguais - precisamente santificando o vosso trabalho e o vosso ambiente: essa profissão ou ofício que preenche vossos dias, que dá uma fisionomia peculiar à vossa personalidade humana, que é a vossa maneira de estar no mundo; esse lar, a vossa família; e essa nação em que nascestes e que amais.
É Cristo que passa, 46
Oração e trabalho
Trabalhemos, e trabalhemos muito e bem, sem esquecer que a nossa melhor arma é a oração. Por isso, não me canso de repetir que temos que ser almas contemplativas no meio do mundo, que procuram converter o seu trabalho em oração.
Sulco, 497
Profissionalite
Interessa que labutes, que metas ombros... Em todo o caso, coloca os afazeres profissionais no seu lugar: constituem exclusivamente meios para chegar ao fim; nunca se podem toma, nem de longe, como o fundamental. Quantas “profissionalites” impedem a união com Deus!
Sulco, 502
Apostolado
Comporta-te como se dependesse de ti, exclusivamente de ti, o ambiente do lugar em que trabalhas: ambiente de laboriosidade, de alegria, de presença de Deus e de sentido sobrenatural. - Não compreendo a tua abulia. Se tropeças com um grupo de colegas um pouco difícil - que talvez tenha chegado a ser difícil pelo teu descaso -, logo te desinteressas deles, tiras o corpo, e pensas que são um peso morto, um lastro que se opõe às tuas aspirações apostólicas, que não te vão entender... Como queres que te escutem se, além de querer-lhe bem e servi-los com a tua oração e mortificação, não lhe falas?... - Quantas surpresas terás no dia em que te decidas a conversar com um, com outro, e outro! Além disso, se não mudas, poderão exclamar com razão, apontando-te com o dedo: "Hominem non habeo!" - não tenho quem me ajude!
Sulco, 954