Se prepara uma festa para o filho que o traiu, só por tê-lo recuperado, o que não nos outorgará a nós, se sempre procuramos ficar a seu lado?
Longe da nossa conduta, portanto, a lembrança das ofensas que nos tenham feito, das humilhações que tenhamos padecido - por muito injustas, descorteses e rudes que tenham sido -, porque é impróprio de um filho de Deus ter preparado um registro para apresentar uma lista de agravos. Não podemos esquecer o exemplo de Cristo, e a nossa fé cristã não se troca como quem troca de roupa: pode debilitar-se, robustecer-se ou perder-se. Esta vida sobrenatural dá vigor à fé, e a alma apavora-se ao considerar a miserável nudez humana sem o divino. E perdoa e agradece: Meu Deus, se contemplo a minha pobre vida, não encontro nenhum motivo de vaidade e, menos ainda, de soberba; só encontro abundantes razões para viver sempre humilde e compungido. Bem sei que não há nada tão senhoril como servir.
Levantar-me-ei e rodearei a cidade; pelas ruas e praças buscarei aquele a quem amo... E não só a cidade; correrei todo o mundo de lés a lés - por todas as nações, por todos os povos, por picadas e atalhos - para alcançar a paz da minha alma. E a descubro nas ocupações diárias, que para mim não são estorvo; que são - pelo contrário - vereda e motivo para amar mais e mais, e mais e mais me unir a Deus. (Amigos de Deus, nn. 309-310)