Carta de São Josemaria sobre a caridade na transmissão da fé

Carta número 4 do volume Cartas I, na qual São Josemaria escreve sobre a caridade na transmissão da fé.

Carta de san Josemaría sobre la caridad en la transmisión de la fe

Pode adquirir no site da editora Quadrante o livro Cartas I, onde está o texto desta carta e outras 3 cartas longas do fundador do Opus Dei.


Texto da carta completa


Sobre esta edição

A carta de São Josemaria sobre a caridade na transmissão da fé tem a data de 16 de julho de 1933. Explica como deve ser realizado o diálogo evangelizador com homens e mulheres que querem se aproximar da fé da Igreja. Está publicada com o nº 4 no livro Cartas I. São Josemaria não deu um título a estas cartas; o título que recebe nesta edição é o que lhe deram os editores da edição crítica.

Este documento faz parte de um gênero literário particular de São Josemaria. Não é um tratado: seu estilo é mais parecido com o de uma conversa familiar que o fundador tem com os membros do Opus Dei ao longo dos tempos. O tom é semelhante ao que ele usava em suas reuniões com os membros do Opus Dei, nas quais lhes transmitia oralmente o espírito, a história e as tradições da Obra.

As principais ideias dessa carta sobre caridade

A carta, dirigida aos membros do Opus Dei, trata do “caminho que devemos seguir no nosso trabalho apostólico” (n.º 1a). Especificamente, expõe como deve ser o diálogo evangelizador com homens e mulheres que desejam se aproximar da fé da Igreja, conjugando um espírito de compreensão e respeito pela liberdade das consciências com a fidelidade ao depósito da fé. Ou, para usar expressões cunhadas por Escrivá, praticar a “santa transigência” com as pessoas e, ao mesmo tempo, a “santa intransigência” com o erro.

O tema já aparece nos primeiros escritos de Escrivá, durante a década de 1930, mas assume uma relevância especial no contexto de 1966, quando ele enviou esse texto aos membros do Opus Dei. Em um momento de crise teológica e disciplinar em alguns setores eclesiásticos, São Josemaria pedia tolerância com as pessoas – evitar todo fanatismo ou rigidez fundamentalista – mas também fortaleza e clareza na exposição da doutrina.

A carta descreve o espírito com que a nova evangelização – para usar uma expressão atual –deve ser levada a cabo em meio a um mundo que está se tornando cada vez menos cristão. A mensagem de Escrivá é de otimismo, de amor a todas as pessoas, incluindo as que rejeitam Deus e a religião, de compreensão e coexistência e, ao mesmo tempo, de grande clareza: a fé e a moral são intangíveis e não podemos reduzir as suas exigências, pensando que os não crentes serão mais atraídos por uma versão adocicada do cristianismo.

Seu conteúdo pode ser dividido em várias partes, embora as divisões não sejam totalmente claras. A primeira (números 1-5) explica como se realiza o apostolado do Opus Dei no mundo, que é de amizade e confidência com todos, cheio de compreensão, sem se sentir inimigo de ninguém, e procurando imitar Cristo.

Em seguida, explica em que consiste a “santa transigência” e a “santa intransigência” (números 6-12). A fidelidade à Revelação pede que não façamos concessões com a doutrina, mas que nos mantenhamos firmes na verdade. Porém, ao mesmo tempo, essa firmeza exige o exercício de várias virtudes e o desejo de não rejeitar ninguém, de ser generoso na caridade e de abominar o fanatismo.

Nos números seguintes (números 13-15), ele desenvolve esse último tema, insistindo na atitude de não se afastar de ninguém, de conviver com todos, respeitando e amando a liberdade de cada um, mesmo que esteja equivocado; em um apostolado universal que se estende a todas as criaturas.

Prossegue falando do exemplo de Jesus Cristo, a quem todo discípulo deve imitar, sendo alter Christus, outro Cristo. Comenta vários exemplos do Evangelho, nos quais a atitude que está descrevendo nesta Carta pode ser vista no Salvador (números 16-18); continua com outros exemplos do Novo Testamento (números 19-21) na mesma linha.

Finaliza com o tema da compreensão e do diálogo com aqueles que se afastaram, ignoram ou até mesmo se opõem à religião católica (nos. 22-26). Seu ensinamento é que devemos saber perdoar, ter um espírito universal, abrir “as portas de nossas casas para pessoas de todas as ideologias e de todas as condições sociais, sem qualquer distinção, com o coração e os braços dispostos a acolher todos” (nº 25a).