Ordenação episcopal de Leão XIV
No dia 3 de novembro de 2014, monsenhor Robert Prevost, que há um ano desempenhava funções de formação e governo em sua província agostiniana de Chicago (EUA), foi nomeado administrador apostólico de Chiclayo (Peru) e bispo titular de Sufar.
Ele ingressou na diocese em 7 de novembro e foi ordenado bispo em 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na Catedral de Santa Maria, pelo Núncio Apostólico James Patrick Green.
Seu lema episcopal, In Illo uno unum (“No único Cristo somos um”), tirado de Santo Agostinho, expressa a convicção de que a multiplicidade dos cristãos encontra sua unidade em Cristo.
Os símbolos escolhidos por ele para o seu escudo episcopal — o lírio branco mariano, o coração agostiniano atravessado pela flecha da conversão e o livro fechado, que remete à centralidade da Palavra de Deus — já antecipavam a marca espiritual que ele mais tarde incorporaria em seu escudo como Leão XIV. Esses elementos, juntamente com as chaves de São Pedro e a mitra pontifícia, que substituiu o capelo cardinalício, enquadram uma trajetória marcada pela continuidade entre sua identidade agostiniana e sua atual missão na sede romana.
Rezar pelo papa com São Josemaria
- Ama, venera, reza, mortifica-te - cada dia com mais carinho - pelo Romano Pontífice, pedra basilar da Igreja, que prolonga entre todos os homens, ao longo dos séculos e até o fim dos tempos, aquela tarefa de santificação e de governo que Jesus confiou a Pedro. (Forja, 134)
- Que a consideração diária do duro fardo que pesa sobre o Papa e sobre os bispos, te inste a venerá-los, a estimá-los com verdadeiro afeto, a ajudá-los com a tua oração. (Forja,136)
- A fidelidade ao Romano Pontífice implica uma obrigação clara e determinada: a de conhecer o pensamento do Papa, manifestado nas Encíclicas ou em outros documentos, fazendo quanto estiver ao nosso alcance para que todos os católicos prestem ouvidos ao magistério do Santo Padre, e ajustem a esses ensinamentos a sua atuação na vida. (Forja,633)
- Oferece a oração, a expiação e a ação por esta finalidade: "Ut sint unum!" - para que todos os cristãos tenhamos uma mesma vontade, um mesmo coração, um mesmo espírito: para que "omnes cum Petro ad Iesum per Mariam!" - que todos, bem unidos ao Papa, vamos a Jesus, por Maria. (Forja, 647)
- Obrigado, meu Deus, pelo amor ao Papa que puseste em meu coração. (Caminho, 573)
- Desde há anos, na rua, todos os dias, rezei e rezo uma parte do Rosário pela Augusta Pessoa e pelas intenções do Romano Pontífice. Com a imaginação, coloco-me ao lado do Santo Padre, quando o Papa celebra a missa: eu não sabia, nem sei, como é a capela do Papa, e, no final do meu Rosário, faço uma comunhão espiritual, desejando receber de suas mãos Jesus Sacramentado. Não vos surpreendais pelo fato de que aqueles que têm a sorte de estar materialmente próximos do Santo Padre me causem uma santa inveja, porque podem abrir-lhe o coração, porque podem manifestar-lhe sua estima e carinho. (Cartas 3, 20)
Veja também: Biografia e vocação do Papa Leão XIV
“Eu sou o Bom Pastor” (Amigos de Deus, 1)
Íamos um dia, já faz tantos anos, por uma estrada de Castela e, lá longe, no campo, presenciamos uma cena que me tocou e que em muitas ocasiões me serviu para a minha oração: vários homens, depois de cravarem com força na terra umas estacas, utilizaram-nas para segurar verticalmente uma rede e formar o redil. Mais tarde, aproximaram-se do local os pastores com as suas ovelhas e cordeiros; chamavam-nos pelo nome; e, um a um, entravam no aprisco, para estarem todos juntos, seguros.
E eu, meu Senhor, lembro-me hoje de modo particular desses pastores e desse redil, porque todos nós, que aqui estamos reunidos para conversar contigo - e outros muitos no mundo inteiro -, nos sentimos metidos na tua malhada. Tu mesmo o disseste: Eu sou o Bom Pastor e conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem. Tu nos conheces bem; sabes que queremos ouvir, escutar e secundar sempre atentamente os teus assobios de Pastor Bom, porque a vida eterna consiste em conhecer-te a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que Tu enviaste.
Enamora-me tanto a imagem de Cristo, rodeado à direita e à esquerda pelas suas ovelhas, que a mandei colocar no oratório onde celebro habitualmente a Santa Missa; e em outros lugares, como despertador da presença de Deus, fiz gravar as palavras de Jesus: Cognosco oves meas etcognoscunt me meae [“Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem”], para considerarmos a todo o momento que Ele nos repreende, ou nos instrui e nos ensina como o pastor à sua grei. Vem, pois, muito a propósito esta evocação das terras de Castela.
Bom pastor, bom guia (É Cristo que Passa, 34)
Se a vocação está em primeiro lugar, se a estrela brilha antecipadamente para nos orientar no nosso caminho de amor a Deus, não é lógico ter dúvidas quando ela se oculta uma vez por outra. Quase sempre por nossa culpa, acontece em determinados momentos da nossa vida interior o que aconteceu durante a viagem dos Reis Magos: a estrela desaparece. Conhecemos já o resplendor divino da nossa vocação, estamos persuadidos do seu caráter definitivo, mas talvez o pó que levantamos ao andar - nossas misérias - forme uma nuvem opaca que não deixa passar a luz.
Que fazer então? Seguir os passos daqueles homens santos: perguntar. Herodes serviu-se da ciência para proceder de modo injusto; os Reis Magos utilizam-na para fazer o bem.
Mas nós, cristãos, não temos necessidade de perguntar a Herodes ou aos sábios da terra. Cristo deu à sua Igreja a segurança da doutrina, a corrente de graça dos Sacramentos; e cuidou de que houvesse pessoas que nos pudessem orientar, que nos conduzissem, que nos trouxessem constantemente à memória o nosso caminho. Dispomos de um tesouro infinito de ciência: a Palavra de Deus, guardada pela Igreja; a graça de Cristo, que nos é administrada através dos Sacramentos; o testemunho e o exemplo dos que vivem retamente ao nosso lado, e que souberam construir com suas vidas um caminho de fidelidade a Deus.
Seja-me permitido um conselho: se alguma vez perdemos a claridade da luz, recorramos sempre ao bom pastor. E quem é o bom pastor? O que entra pela porta da fidelidade à doutrina da Igreja; aquele que não se comporta como o mercenário, o qual, vendo chegar o lobo, abandona as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa o rebanho.A palavra divina não é vã; e a insistência de Cristo - não percebemos o carinho com que fala de pastores e de ovelhas, do redil e do rebanho? - é uma demonstração prática da necessidade de um bom guia para a nossa alma.
Se não houvesse maus pastores, escreve Santo Agostinho, Ele não no-lo teria prevendo. Quem é o mercenário? É o que vê o lobo e foge; o que procura a sua glória, não a glória de Cristo: o que não se atreve a censurar os pecadores com liberdade de espírito. O lobo fila uma ovelha pelo pescoço, o demônio induz um fiel a cometer adultério. E tu te calas, não censuras. És mercenário; viste vir o lobo e fugiste. Talvez digas: não, estou aqui, não fugi. Não, respondo, fugiste porque te calaste; e te calaste porque tiveste medo.
A santidade da Esposa de Cristo sempre se demonstrou - como hoje continua a demonstrar-se - pela abundancia de bons pastores. Mas a fé cristã, que nos ensina a ser simples, não nos induz a ser ingênuos. Há mercenários que se calam, e há mercenários que pronunciam palavras que não são de Cristo. Por isso, se porventura o Senhor permite que fiquemos às escuras, mesmo em coisas de pormenor; se sentimos que a nossa fé não é firme, recorramos ao bom pastor, àquele que entra pela porta, exercendo o seu direito, àquele que - dando a vida pelos outros - quer ser, na palavra e na conduta, uma alma enamorada: talvez um pecador também, mas que confia sempre no perdão e na misericórdia de Cristo.
Se a nossa consciência nos reprova alguma falta - mesmo que não nos pareça grave -, se estamos em dúvida, recorramos ao Sacramento da Penitência. Iremos ao sacerdote que nos atende, àquele que sabe exigir de nós firmeza na fé, delicadeza de alma, verdadeira fortaleza cristã. A Igreja concede-nos a mais plena liberdade para nos confessarmos com qualquer sacerdote que possua as legítimas licenças; mas um cristão de vida clara procura - livremente - aquele que reconhece como bom pastor, e que pode ajudá-lo a levantar os olhos para tornar a ver no alto a estrela do Senhor.
