A partir do dia 5 de novembro a Exposição esteve no Centro de Convívios de Enxomil, que está intimamente ligado à história do Opus Dei em Portugal - entre outros motivos, por ter sido a primeira casa de retiros no país, e também porque aqui estiveram várias vezes São Josemaria e os seus sucessores.
Na inauguração estiveram presentes D. Vitorino Soares, Bispo Auxiliar do Porto, e dos párocos de Arcozelo, o P. Jorge Nunes e de Monte da Virgem, o P. Vítor Ramos, além de vários membros do Opus Dei e amigos. Houve uma visita guiada à Exposição, seguida de um Porto de Honra, servido pelas alunas da Escola de Cozinha de Enxomil.
No dia 7 de novembro, domingo, cerca de 100 pessoas tiveram a oportunidade de assistir a um painel de testemunhos sobre Enxomil e o seu papel na vida cristã de quem por lá passou. Experiências e recordações tão diferentes quanto os intervenientes.
O primeiro testemunho recuou até aos anos 50, quando começou a fazer-se sentir a necessidade de uma casa para as atividades formativas do Opus Dei. O Engenheiro Afonso Braga da Cruz interveio na procura e compra da casa à família Forbes de Bessa. Relatou como, no regresso de uma ida a Penafiel em junho de 1957, enquanto esperava no carro pelo seu companheiro de viagem - que tinha ido precisamente ver uma casa para atividades de formação do Opus Dei - duas senhoras que passavam na rua lhe comentaram que o seu patrão tencionava vender uma casa muito grande. Dirigiram para o local e, apesar de ser já de noite, o dono da casa mostrou-lhes amavelmente toda a casa e também a mata: era mesmo o que procuravam.
O P. Guilherme Malvar Fonseca assistiu a um retiro em 1958, apenas um ano depois da compra da casa, já sacerdote, acompanhado por outros amigos. Além da primeira meditação sobre a vocação à santidade, que o marcou profundamente, marcou-o o cuidado com que tudo estava preparado: ainda se recorda que os pratos, que tinham flores, estavam dispostos todos na mesma direção.
Alberto é bancário e vive em Gaia. Contou como a história da sua conversão (Alberto (V. N. Gaia): Aquela confissão 18 anos depois) começou com um retiro em Enxomil, em 1998, a convite de um colega. “Enxomil tinha todas as condições para recuperar casos perdidos”, com espaços interiores e exteriores que permitiam o silêncio necessário. “Sofri uma transformação; apetecia-me ficar cá.” No final, foi o último a sair do oratório porque queria estar sozinho, “precisava de pedir desculpa. Foi muito forte para mim esse momento”.
A Rosário Tomé Ribeiro, professora de matemática, ia às atividades do Rampa Clube e conheceu Enxomil em 1975 ou 76, com 11 anos, num convívio do qual guarda memórias de muitas brincadeiras e aventuras: “tentámos sair à noite para a piscina por uma janela, com lençóis, como víamos fazer nos filmes”. Mais tarde, já universitária, conheceu “outro Enxomil” quando começou a participar em retiros espirituais. A casa em si, perto do Porto mas afastada da correria quotidiana, já permitia o recolhimento: “tornou-se uma casa silenciosa e que chamava muito à introversão”. Marcou-a a preocupação pelo detalhe: “a casa fazia-nos sentir importantes” e mostrava de uma forma prática que era importante o facto de estarem no retiro.
Quanto à Maria João, de 25 anos, que vive em Braga, teve uma experiência diferente: com 15 anos esteve em Enxomil a fazer um estágio na Administração* durante o verão, mais em concreto na cozinha. Voltou em anos seguintes mais três ou quatro vezes. Via a alegria e o amor com que trabalhavam as pessoas que estavam com ela, e isso animou-a a transpor essa atitude de serviço para a sua família, primeiro com os seus pais e irmãos e agora como mãe e também no seu trabalho profissional.
O Luís Tovar, de 20 anos, estuda Engenharia no Porto. Conheceu Enxomil num acampamento organizado pelo Vega Clube. Mais tarde, começou a participar nos retiros espirituais todos os anos, com outros amigos. Quando era mais novo o seu contacto com pessoas do Opus Dei dava-se em alturas de férias, quando ia a convívios e outras atividades organizadas pelo Clube. Assim, para o Luís, o mais importante da sua experiência de Enxomil foi ter-lhe proporcionado o primeiro contacto com a vocação das Numerárias Auxiliares, porque foi a primeira vez que viu pessoas a viver o espírito do Opus Dei no seu quotidiano.
No final da sua intervenção, pediu uma salva de palmas para todas as pessoas que trabalham na Administração.
* A Administração é a equipa de pessoas que asseguram o bom funcionamento dos centros do Opus Dei e contribuem para o ambiente de família que os caracteriza.