Evangelho de segunda-feira: o sinal para esta geração

Comentário ao Evangelho de segunda-feira da VI semana do Tempo Comum. «Porque pede esta geração um sinal?». O testemunho da nossa vida cristã normal pode ser o melhor sinal para esta geração.

Evangelho (Mc 8, 11-13)

Naquele tempo, apareceram alguns fariseus e começaram a discutir com Jesus. Para O porem à prova, pediam-Lhe um sinal do céu. Jesus suspirou do fundo da alma e respondeu-lhes:

«Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: não se dará nenhum sinal a esta geração».

Depois deixou-os, voltou a subir para o barco e foi para a outra margem do lago.


Comentário

No sábado passado, alegrámo-nos ao contemplar a compaixão de Jesus pela multidão faminta. Com alguns pães, Ele alimenta-os até todos ficarem saciados: um sinal prodigioso do Céu. Mas hoje ficamos contrariados: depois do grande milagre, os fariseus confrontam Jesus e pedem outro milagre. E Jesus fica chocado: como é possível tanta dureza de coração? Por que pedem um sinal? A resposta é um decidido não. Não haverá nenhum sinal.

Algo semelhante acontece com a técnica do som: às vezes um recetor diz: “não há sinal”, porque há uma falha na conexão com o transmissor. Aqui não há conexão entre Jesus e os que O procuram com más intenções: não para ouvir a Sua palavra, mas para contradizê-la. E, como não conseguem derrotá-l'O verbalmente, pedem-Lhe que prove a sua verdade com um sinal do Céu. Eles acreditam em milagres, mas não na palavra de quem faz esses milagres. Em resumo, eles não acreditam em Jesus. Na verdade, eles rejeitam-n'O. Eles viram-Lhe as costas com a sua atitude, e Jesus não pode fazer outra coisa senão virar-lhes as costas também, retomando a sua travessia na barca. Não é a primeira vez que vemos Jesus «com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações» (Mc 3, 5).

Que sinal pode servir para os corações endurecidos? Nenhum. Ao contrário, o sinal é não lhes dar nenhum sinal. Deve ter sido muito doloroso para Jesus ter que deixá-los sem poder praticar a misericórdia com eles. Talvez tenha sido a única saída para eles, para sua possível conversão. Como S. Josemaria nos ensina: «Nunca Jesus Se mostra distante e altivo. Por vezes, durante os anos de pregação, podemos vê-l'O desgostoso por lhe doer a maldade humana. Mas, se repararmos melhor, logo perceberemos que o que Lhe provoca o desgosto ou a cólera é o amor, que o desgosto e a cólera são apenas um novo modo de nos arrancar à infidelidade e ao pecado»[1].


[1] S. Josemaria, Cristo que passa, n. 162, homilia “O Coração de Cristo, Paz dos Cristãos”.

Josep Boira // Photo: brandon moser- getty images