S. Josemaria e os Arcanjos

Em 1932 S. Josemaria começou a invocar os três Arcanjos e os três Apóstolos: S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael; S. Pedro, S. Paulo e S. João. Desde esse momento considerou-os patronos dos diferentes campos apostólicos que compõem o Opus Dei.

Numa quinta-feira, 6 de outubro de 1932, ao fazer oração na capela de S. João da Cruz, durante o seu retiro espiritual no convento dos Carmelitas descalços de Segóvia, S. Josemaria teve a moção interior de invocar pela primeira vez os três Arcanjos e os três Apóstolos: S. Miguel, S. Gabriel e S. Rafael; S. Pedro, S. Paulo e S. João. Desde esse momento considerou-os patronos dos diferentes campos apostólicos que compõem o Opus Dei. Quatro anos antes tinha fundado o Opus Dei. Escrevia o Fundador no dia anterior ao início deste seu retiro que decorreu de 3 a 7 de outubro:

«Dia dos Santos Anjos da Guarda, vésperas de Sta. Teresita, 1932: quatro anos! [... ]. Amanhã vou a Segóvia, aos exercícios, junto a S. João da Cruz» (Apontamentos, n. 838).

«D. Josemaria – escreve Vázquez de Prada – estava convencido de que Nosso Senhor o trataria bem, por estar em casa da sua Mãe, no Carmo. E, de repente, veio-lhe a memória longínqua de Logronho, dos religiosos carmelitas descalços sobre a neve. Assim tinha começado a sua história; e ali estava ele, num convento do Carmo, a sós com o seu Deus» (Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei).

Fachada do Convento dos Carmelitas de Segóvia

Durante o quarto dia de retiro recebeu luzes espirituais de Deus que o ajudaram a resolver a estruturação do Opus Dei e a sua organização apostólica. Sentiu-se um instrumento inapto nas mãos de Deus para levar a cabo esta missão: um pobre burrico.

Sob o patrocínio de S. Rafael ficaria o trabalho de formação cristã da juventude. A formação dos membros do Opus Dei que acolhessem uma vocação de celibato no meio do mundo, ficaria sob o patrocínio de S. Miguel e o apóstolo S. Pedro. Os pais e mães de família que participassem nas tarefas apostólicas, ou fizessem parte da Obra, teriam como patrono S. Gabriel.

Imagens de S. Gabriel, S. Miguel e Rafael, do retábulo de Torreciudad

Todas as futuras atividades do Opus Dei ficariam incluídas numa destas três obras, a que Josemaria Escrivá iria chamar de S. Rafael, de S. Miguel e de S. Gabriel. Tinha pensado fundar uma associação para os jovens, mas chegou à conclusão de que seria melhor não formar nenhuma associação, mas simplesmente dar formação à gente nova – talvez uma academia como a de Cicuéndez, onde dava aulas –. Durante o retiro ficou com essa convicção.

Faziam parte dos seus apostolados pessoas de diversos estados civis, profissões, idades e outras circunstâncias pessoais. Entre essas pessoas e a Obra não existia vinculação jurídica, mas sim deveres de serviço e fidelidade aceites livremente, de boa vontade, até haver um sim a uma resposta generosa à vocação divina. A par dessa desorganização estavam os trabalhos apostólicos, vertebrados sob a proteção dos três Arcanjos e com a coesão interna própria da espiritualidade da Obra, cujo cerne consistia na santificação do trabalho e no apostolado através do exercício da profissão.

Mausoléu de S. João da Cruz

Mausoléu construído por Granda na sequência da declaração de S. João da Cruz, em 1926, como Doutor da Igreja Universal pelo Papa Pio XI. As relíquias de S. João da Cruz são veneradas em dois lugares: em Segóvia e em Úbeda, onde morreu a 14 de dezembro de 1591, devido a um acontecimento histórico que é literariamente evocado em Dom Quixote (Parte I, cap. XIX).


Fontes: John F. Coverdale, La fundación del Opus Dei; Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei (I).