"Mrs. Shosh" - A vida da Dra. Oda Namulanda

"Shosh" é o diminutivo afetuoso que muitas alunas do Colégio Kibondeni davam à falecida professora Oda Namulanda. Significa "Granny", em inglês, Avózinha, em português. O carinho que as levou a chamá-la assim nasceu da confiança e do bom humor que a Dra. Oda Namulanda tinha com cada uma delas, no seu trabalho inspirador como professora e monitora.

Oda com o marido e netos

Nascida em 1940 em Busia, Oda licenciou-se como professora, depois de frequentar o ensino Secundário e, com a ajuda de alguns amigos, foi para Inglaterra fazer um curso de enfermagem nos HospitaisGravesend e Kent, em Manchester, de 1963 a 1966. Formou-se como Enfermeira e como parteira. Trabalhou em Inglaterra até 1968, e depois mudou-se para os EUA, prosseguindo aí a sua prática de enfermagem. Foi nos EUA que se casou com Ondwasi Namulanda, que tinha conhecido no Quénia. Com o seu marido e agora já com dois filhos, regressou ao Quénia em 1973, e a família foi abençoada com mais quatro filhos. Entre 1973 e 1997, lecionou, supervisionou e aconselhou estudantes na Escola de Enfermagem do Hospital Nacional Kenyatta KMTC, no Departamento de Saúde Comunitária.

A Dra. Oda Namulanda começou a trabalhar no Colégio Kibondeni em maio de 2010, em part-time, como professora de Educação Religiosa. Graças ao seu currículo profissional, retomou pouco tempo depois o ensino de Primeiros Socorros e de Enfermagem familiar. As estudantes confiavam nela, divertiam-se com ela e com ela partilhavam as suas alegrias e tristezas. Continuou a trabalhar em Kibondeni até 2017, quando a sua falta de saúde já não lhe permitiu trabalhar mais.

Era uma boa amiga para os membros de todo o staff, que apreciavam a sua natureza calorosa e amigável, tal como o seu bom humor.

Um dos seus antigos colegas testemunha que nestes sete anos, ela deixou marca na vida de cada um, no Colégio. O exemplo da sua vida cristã e a dedicação ao seu trabalho foram valiosos para todos, como o foi também o aconselhamento que dava aos casais mais jovens da equipa de colaboradores.

Outro colega comenta que os conselhos que eles às vezes davam uns aos outros vinham originariamente de algum conselho que Shosh tinha dado antes a algum deles.

Ao longo da sua vida, Oda viveu a sua fé católica como qualquer outra esposa e mãe coerente, educando os seus filhos na Fé, com os seus ensinamentos e bom exemplo. Como fiel do Opus Dei casada, estava mais atenta aos detalhes quotidianos, ia à Missa diariamente, vivia uma vida de oração e fazia um esforço heroico para ser constante a receber a sua própria formação espiritual. Como uma sua amiga refere, numa homenagem a Oda: no início deste ano, quando a sua saúde piorou, ela fazia um esforço extraordinário para alugar um táxi e ir aos meios de formação. Em março, já não foi capaz de ir à sua recoleção mensal. Eu decidi aparecer e fazer-lhe uma visita, para a distrair e conversar um pouco com ela. E qual não é o meu espanto quando percebi que… ela estava muito recolhida, no jardim, "seguindo a recoleção o melhor que podia"! Era a hora da Missa, e por isso fez as leituras da Missa desse dia e estava a dizer comunhões espirituais. Fiquei edificada com a sua determinação de ser fiel às normas e costumes da Obra. Penso que foi nesse dia que lhe perguntei como ia a sua leitura espiritual (tinha o mesmo livro já há muito tempo). E respondeu: " Já li este livro várias vezes: fala-me da minha situação atual". (O livro era "Eu chamo-O Pai").

Com o seu exemplo, Oda influenciou muitas pessoas amigas para se aproximarem de Deus. Ajudou de forma admirável a sua família, particularmente o seu marido, a ficar mais perto de Deus. Como uma amiga próxima testemunha, estava muito perto de cada membro da família. Rezava por eles pelos nomes e pedia graças muito específicas para cada um. A sua visão sobrenatural floresceu durante a convalescença do marido. Passava algum tempo a ensinar-lhe as orações básicas de um cristão. Fez que os filhos instalassem a EWTN, estação católica da televisão americana, para que o seu marido pudesse aprofundar nos conteúdos da sua fé. Rezava diariamente o Terço com ele. E também o ensinou a fazer uma boa confissão e o animou a receber efetivamente este Sacramento. Juntamente com o filho, conseguiu que um sacerdote da Igreja da Consolata levasse a Sagrada Comunhão ao marido.

Fiquei admirada com o esforço que ela fez para ajudar o marido a aceitar a dor e a oferecer a Deus todos os incómodos da doença por diferentes intenções. Sugeria-lhe muitas vezes, que rezasse pelas intenções do Prelado do Opus Dei, ao que o seu marido respondia, brincando: "esse vosso Prelado precisa de tanta oração e sacrifícios!"

Em fevereiro de 2017, foi diagnosticada a Oda uma pancreatite, o que trouxe outras complicações de saúde nos cinco meses seguintes. Apesar da falta de saúde, ela fazia um grande esforço para continuar alegre: a dada altura, foi internada no Hospital de Nairobi e passou alguns dias nos Cuidados Intensivos. Uma das amigas foi visitá-la várias vezes e relata: Durante uma das minhas visitas, o seu habitual bom humor manifestou-se: "Eu cheguei até à porta do Céu, mas S. Pedro disse-me que voltasse para cá e continuasse a fazer apostolado!” Conversámos por um bom tempo, e rimo-nos tanto que o guarda teve que vir pedir-nos para falarmos mais baixo.

Uma das alunas afirma que, mesmo quando ficou doente, logo no início do ano, desvalorizava os seus próprios sofrimentos e, em vez disso, incentivava-nos a rezar pelo Mzee (o marido). Era uma professora verdadeiramente competente, todos nos lembramos de a ver um dia chegar ao Colégio, em maio, já muito debilitada, para entregar o seu material de trabalho a outra professora. Quando a íamos visitar, com outras alunas, ela interessava-se pelas suas vidas, e cada visita era marcada pelo seu caraterístico bom humor, calor humano e tom sobrenatural ao prometer rezar por cada pessoa.

A família Namulanda

Fez ainda um grande esforço ao viajar para o Quénia Ocidental por causa do funeral do marido, que faleceu em junho de 2017. Um mês depois, em julho de 2017, foi-lhe diagnosticado um cancro no cólon e começou logo a fazer quimioterapia. Mas infelizmente, o cancro tinha-se espalhado de forma agressiva e ela veio a morrer na noite de 2 de agosto de 2017. No seu leito de morte, esteve sempre rodeada pelos amigos e familiares, que a acompanhavam em oração.

Durante a doença, nunca se queixava, mas conservou sempre a sua alegria e serenidade. Manteve, acima de tudo, a visão sobrenatural e a vida de oração até ao último momento.

Outro traço admirável da Oda era um profundo sentido de gratidão. Dizia com frequência a uma das suas amigas íntimas: "Nestes dias, a minha oração é sobretudo de ação de graças... Não consigo parar de agradecer a Deus pela graça da conversão que Ele concedeu ao meu marido. Não tenho nada de que me possa queixar. Estou também grata aos meus filhos: estão a gastar o que ganham na medicação do pai".

A Drª Oda deve ser recordada como uma mãe afetuosa que deu tudo pela sua família, como uma pessoa alegre que sempre teve tempo para os outros, como uma cristã exemplar, com um profundo sentido de que era filha de Deus. E o seu principal objetivo foi sempre aproximar os outros de Deus.

Agradecemos a Deus pela sua vida e somos confortados pela convicção de que continua a rezar por nós.