​27 de Setembro: Palavras finais do Cardeal Rouco na Beatificação

Palavras do Cardeal-Arcebispo Emérito de Madri, Antonio Maria Rouco ao terminar a cerimônia da beatificação de D. Álvaro del Portillo

Na conclusão da cerimônia solene da beatificação, dou graças a Deus pelas muitas maravilhas que operou na pessoa do Bem-aventurado. Álvaro del Portillo e, através da sua fidelidade, na de tantas mulheres e homens de todo o mundo.

A minha gratidão estende-se a Sua Santidade o Papa Francisco que quis que esta beatificação se realizasse nesta querida Arquidiocese de Madri, pois, atrevo-me a dizer, que o Bem-aventurado Álvaro del Portillo é particularmente nosso e do céu nos abençoa especialmente; e porque tinha estas raízes profundas foi e soube ser cidadão do mundo, desses cinco continentes por onde viajou, maravilhosamente representado nesta assembleia em oração.

Nesta cidade o novo Bem-aventurado recebeu o Batismo e a Confirmação, fez a Primeira Comunhão e, graças também à educação recebida na família e no colégio, cresceu desde jovem o seu amor a Jesus Cristo. Estudou e licenciou-se em engenharia civil, ao mesmo tempo, evangelizando os mais pobres nos bairros pobres daquela cidade, capital de Espanha, que, num processo incessante de expansão urbana e demográfica, refletia os graves problemas sociais, humanos e religiosos de uma época – a primeira metade do séc. XX – da história de Espanha e da Europa particularmente dramáticas.

Ainda em Madri, em plena juventude e depois de conhecer São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, o Bem-aventurado secundou com prontidão o chamamento de Deus para procurar a santidade no meio do mundo através da santificação do trabalho profissional e a dedicação ao apostolado.

Também nesta cidade e nos anos convulsos da Guerra Civil teve oportunidade de dar testemunho do seu amor e fidelidade a Cristo, tanto no difícil e arriscado trabalho de catequese, como nos meses que passou na cadeia. Em 1944, o Bem-aventurado Álvaro del Portillo recebeu a ordenação como presbítero do meu predecessor D. Leopoldo Eijo y Garay.

A Igreja particular de Madri é sensível às necessidades da Igreja universal. Se bem que o Bem-aventurado Álvaro fosse para Roma em 1946, nem por isso deixamos de considerá-lo madrileno. Como igreja diocesana sentimos orgulho da sua ajuda fiel a São Josemaria na difusão da mensagem do Opus Dei por todo o mundo e da sua contribuição para o Concílio Vaticano II. Do seu talento exemplar em suceder com humildade e fidelidade ao Fundador e do exercício do seu ministério episcopal em união com o sucessor de Pedro e com o colégio episcopal.

Esta cerimônia em que se reuniram pessoas do mundo inteiro recorda-me outra celebração festiva e universal, a Jornada Mundial da Juventude em Madri, que trouxe uma chuva de graças para todos e particularmente para a nossa cidade. Naqueles dias de Agosto de 2012, presididos pelo Papa Bento XVI estariam aqui muitos dos presentes, acompanhados também pelo coro que hoje atuou.

O rasto do novo Bem-aventurado está muito presente em Madri. Não só nem principalmente por razões históricas. Também pela influência da sua vida e escritos nos corações de tantos fiéis desta Arquidiocese. E pelo bem espiritual e social que realizam tantas iniciativas que lhe devem o primeiro impulso. Que a intercessão do Bem-aventurado Álvaro del Portillo continue a protegê-las!

Quero recordar o meu relacionamento pessoal com o Bem-aventurado Álvaro, por exemplo por ocasião do Sínodo dos Bispos de 1990, percebi quanto se destacava a sua bondade, serenidade e bom humor "Na Comunhão da Igreja": sim o Bem-aventurado Álvaro lembra-me o meu lema episcopal: "In Ecclesiam Communione". Amava a Igreja e por isso era um homem de comunhão, de união, de amor.

Peço a Nossa Senhora da Almudena que também nós, como fiéis proclamadores do Evangelho, saibamos corresponder ao chamamento do Senhor para servir os homens e mulheres do nosso tempo.