Um pequeno milagre escondido aos holofotes do mundo

Durante um encontro na Universidade Campus Bio-Medico (Roma), em 17 de fevereiro, o núncio apostólico na República Centro-Africana e Chade contou sobre as surpreendentes consequências da viagem do Santo Padre a Bangui, onde foi aberta a primeira Porta Santa do Jubileu da Misericórdia.

"A mensagem do Papa Francisco foi recebida: as milícias já não combatem." Esta frase poderia resumir o "pequeno milagre sucedido longe dos holofotes do mundo" que dom Franco Coppola observa continuamente. Durante o encontro na Università Campus Bio-Medico, em 17 de fevereiro, o núncio apostólico na República Centro-Africana e Chade contou sobre as surpreendentes consequências da viagem do Santo Padre a Bangui, onde foi aberta a primeira Porta Santa do Jubileu da Misericórdia.

Uma reunião informal aberta a funcionários e alunos, mas muito comovedora, durante a qual dom Franco Coppola explicou como, depois da visita do Papa, cessaram os combates entre milícias muçulmanas e cristãs. Uma reviravolta que o núncio espera que seja duradoura, e que era impensável até poucos meses atrás.

Um país chave para a estabilidade do continente Africano

Quando o Papa Francisco chegou à República Centro-Africana, o país estava em guerra há três anos. Um conflito extenuante, durante o qual também houve casos de canibalismo e eliminação de mulheres acusadas de bruxaria. "O povo não aguentava mais – lembrou várias vezes dom Franco Coppola durante a reunião – mas ao mesmo tempo era prisioneiro do medo do outro: as duas partes estavam armadas, sem saber que a outra também queria a paz”.

O Santo Padre queria ir a esta terra atormentada justamente para fazer uma tentativa de reconciliação, bem como atrair a atenção internacional a um país que está no penúltimo lugar de quase todos os rankings mundiais. Uma República, que também é essencial do ponto de vista geopolítico, por estar no meio de dois grandes blocos extremistas que estão se infiltrando em todo o continente africano. "Por isso – disse o núncio – é fundamental que a República Centro-Africana resista, e seja um exemplo de convivência pacífica entre cristãos e muçulmanos".

Uma visita que mudou completamente o clima do país

"Esta tarde – anunciou o Papa Francisco ao abrir a Porta Santa – Bangui se torna a capital espiritual da humanidade". Palavras fortes, comentou dom Franco Coppola: "Foi um golpe de mestre. Pensem em um criminoso que ouve essas palavras dirigidas a si! – Eles, que eles eram os piores dos piores, agora eles têm algo a defender: a mensagem do Pontífice fez aparecer o melhor que tinham, e agora é uma fonte de orgulho para a população, algo pelo que lutar de modo positivo. Repetem essas palavras para si mesmos muitas vezes, para não esquecerem”.

Foi assim que a visita do Papa Francisco mudou completamente o clima do país: "Todos o esperavam como um homem de paz que lhes permitiria libertar-se dos 'maus espíritos' que os obrigava a permanecer em guerra. Naqueles dias, a população foi capaz de mostrar toda a alegria transbordante que tinha mantido reprimida por anos. Tenho testemunhado cenas incríveis, como um Domingo de Ramos". Continuou a explicar o núncio: "Esta festa do povo, vivida sem distinção por cristãos e muçulmanos, permitiu que as duas partes descobrissem que eram mais parecidas do que pensavam, e também permitiu que a população se tornasse consciente da sua própria força. Agora as pessoas se rebelam contra as milícias, denunciando todos aqueles que fazem parte dela".

"O encontro com dom Franco Coppola – disse o Padre Robin Weatherill, capelão da Università Campus Bio-Medico e organizador do encontro – levou a República Centro-Africana ao coração da nossa Universidade. Espero que possamos continuar a cultivar uma relação com ele e com toda a diocese de Bangui".