Um pastor que atraiu todas as coisas para Deus

Após um longo período de enfermidade, o bispo emérito da Diocese de Nova Friburgo, na Região Serrana, Dom Rafael Llano Cifuentes – que também já atuou como bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, morreu na noite do dia 28 de novembro, na sede da Opus Dei, na Tijuca.

O velório aconteceu na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro. A missa de exéquias, no dia 29 de novembro, às 14h, foi presidida pelo Cardeal Orani João Tempesta e concelebrada pelos bispos auxiliares do Rio de Janeiro. Do Regional Leste 1, também foram concelebrantes Dom José Francisco Rezende Dias e Dom Luiz Antonio Ricci, da Arquidiocese de Niterói; Dom Ediney Gouvêia Mattoso, da Diocese de Nova Friburgo; Dom Ubiratan Lopes, da Diocese de Itaguaí e Dom Tarcísio Nascentes, da Diocese de Duque de Caxias. Também esteve presente o vigário regional da Opus Dei, de São Paulo, monsenhor Vicente Ancona Lopes.

Após a missa, o corpo de Dom Rafael Cifuentes foi sepultado no Mausoléu da Opus Dei, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, cumprindo o desejo do bispo emérito.

Durante a homilia, Dom Orani ressaltou o entusiasmo e a dedicação de Dom Rafael. “Com seu entusiasmo e fervor, contagiava as pessoas, de maneira especial a juventude e os casais, com os quais atuou de forma mais específica, levando-os a Cristo. Uma vida totalmente dedicada à missão e à evangelização e que soa para todos nós como um sinal do que somos chamados a viver também na diversidade de vocações”, sublinhou.

E ainda lembrou: “também com o seu coração mariano, mesmo na doença, ao falar de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México, seus olhos brilhavam e logo sorria, com o fervor de filho”.

Dom Orani também complementou que, como Dom Rafael Cifuentes foi um dos primeiros a atuar na Opus Dei no Rio de Janeiro, ele participou das primeiras preocupações sobre o reconhecimento da prelazia.

O Opus Dei foi erigido em prelazia pessoal de âmbito internacional pelo Papa João Paulo II, mediante a constituição apostólica “Ut sit”, de 28 de novembro de 1982. Ou seja, nessa mesma data, 35 anos depois, Dom Rafael retornou à Casa do Pai “como sinal profético de sua dedicação à missão”, finalizou o cardeal.

OPUS DEI

Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, que também é membro da Opus Dei, conviveu com Dom Rafael durante 50 anos. Segundo ele, o que o amigo mais gostava de fazer era de ser um esportista da fé. “Nestas cinco décadas, pude ver como Deus agiu através desse sacerdote, tão vigoroso nas palavras e nas ações, tão inflamado na pregação e dedicado à família, à juventude e aos universitários. Fez da sua vida um verdadeiro esporte da fé. Gostava de nadar, de caminhar, de subir montanhas, com seu cajado sempre apoiando o seu corpo robusto. Mas ele gostava mesmo, principalmente, de ser um esportista da fé, para inflamar a vida dos jovens, adultos e crianças, enfim, das pessoas que se aproximavam dele e nunca saíram sem uma palavra forte e profunda”, afirmou.

Formado em medicina, Dom Antonio também destacou que foi através de Dom Rafael que descobriu sua vocação sacerdotal. “Creio, firmemente, que conheci um sacerdote santo. Ele foi meu primeiro diretor espiritual e, através das suas orientações, tive a luz de Deus para descobrir a minha vocação. Com ele, compartilhei o sacerdócio e o episcopado. Aprendi a fazer todo o trabalho sacerdotal e episcopal em favor da família, da juventude e das crianças. Lembro-me, como se fosse hoje, dele ter sido paternal e, ao mesmo tempo, firme ao me dizer que eu tinha vocação e de viver uma vida de entrega a Deus, sem condições”, recordou.

De acordo com monsenhor Vicente Ancona, duas dimensões eram capazes de explicar a força da evangelização do bispo emérito. “A garra evangelizadora de Dom Rafael tinha dois pontos de apoio: por um lado, ele teve a graça de conviver durante alguns anos com São Josemaria Escrivá, com quem aprendeu a apresentar Cristo de maneira viva. Mas essa graça também tinha outra dimensão. Ele aprendeu a dar prioridade à vida de oração”, pontuou.

Monsenhor Vicente Ancona ainda acrescentou: “além de recitar, todos os dias, a Liturgia das Horas, e celebrar a Santa Missa diariamente, ele dedicava uma hora para a oração diante do Santíssimo Sacramento e, ainda, pelo menos cinco minutos de Lectio divina, seguida de mais 10 minutos, sem nunca falhar, de leitura espiritual. Depois, tudo era transmitido em suas pregações. Ele vivia e nos ensinava a viver apoiados na misericórdia divina, fazendo um exame de consciência toda a noite e a confissão semanal. Víamos a alegria de ser perdoado por Deus”, completou.

‘SERVO BOM E FIEL’

Na mensagem publicada pela Diocese de Nova Friburgo, Dom Ediney destacou: “Elevemos nossas fervorosas preces para que Deus acolha, na felicidade eterna, este servo bom e fiel. Dom Rafael deixa-nos um belo legado e ensinamentos que serão transmitidos às próximas gerações de nossa Igreja”.

Em nota, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil recordou a dedicação e a alegria do bispo no serviço à Igreja. “Lembramos, com gratidão, o serviço prestado por Dom Rafael junto à Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família de nossa conferência, além de vários outros trabalhos realizados no âmbito do Regional Leste 1. Dedicado e competente, ele sempre respondeu aos apelos dos irmãos no episcopado com disponibilidade e alegria”, sinalizou.

Por: Priscila Xavier

Arquidiocese de São Sebastião