"Só a Palavra de Deus pode mudar profundamente o coração humano"

Em Outubro, aconteceu, na Basílica de São Paulo Extramuros (Roma), a XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre o tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.

Às 9:30 do dia 5 de outubro, o Papa presidiu à concelebração eucarística com os padres sinodais, na abertura da XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre o tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.

Comentando, na homilia, o Evangelho sobre a parábola da vinha, o Santo Padre afirmou que o que este episódio denuncia “interpela, de maneira especial, os povos que receberam o anúncio do Evangelho. Se contemplamos a história, nos vemos obrigados a constatar com frequência a frieza e a rebelião de cristãos incoerentes”.

“Nações que em tempos tinham uma grande riqueza de fé e de vocações agora estão perdendo sua identidade, sob a influência deletérea e destrutiva de uma certa cultura moderna. Há quem, havendo decidido que «Deus morreu», se declara a si mesmo «deus», considerando-se o único agente de seu próprio destino, o proprietário absoluto do mundo. (...) Desligando-se de Deus, ao não esperar dele a salvação, o homem crê que pode fazer o que quer e pôr-se como a única medida de si mesmo e de sua ação. Mas quando o homem elimina Deus de seu horizonte, quando declara que Deus «morreu», é ele verdadeiramente feliz? Se faz verdadeiramente mais livre? (...) Quando os homens se proclamam proprietários absolutos de si mesmos e únicos donos da criação, podem verdadeiramente construir uma sociedade na qual reinem a liberdade, a justiça e a paz? Não acontece, ao invés – como demonstra o quotidiano – a difusão do arbítrio do poder, dos interesses egoístas, da injustiça e do abuso, da violência em todas as suas expressões? Ao fim, o homem se encontra mais sozinho e a sociedade, mais dividida e confundida.”

Depois de pôr em relevo que “nas palavras de Jesus há uma promessa: a vinha não será destruída”, Bento XVI assegurou que “a consoladora mensagem que recolhemos destes textos bíblicos é a certeza de que o mal e a morte não têm a última palavra, mas que ao final Cristo vence. Sempre! A Igreja não se cansa de proclamar esta Boa Nova, como acontece também hoje, nesta basílica dedicada ao apóstolo dos povos, que foi o primeiro a difundir o Evangelho em grandes regiões da Ásia Menor e Europa”.

“Só a Palavra de Deus – continuou – pode mudar profundamente o coração do homem; por isso é importante que tenhamos uma intimidade cada vez maior com ela – tanto cada um dos crentes como as comunidades. A assembléia sinodal dirigirá sua atenção a esta verdade fundamental para a vida e a missão da Igreja. Alimentar-se da Palavra de Deus é para ela sua primeira e fundamental tarefa”.

O Santo Padre disse que “neste Ano Paulino escutaremos ressoar com particular urgência o grito do apóstolo dos povos: «Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Coríntios 9, 16); um grito que se converte em um convite insistente para cada cristão colocar-se ao serviço de Cristo”.

“«A messe é grande» (Mateus 9, 37), repete também hoje o Mestre divino: muitos ainda não o encontraram e estão à espera do primeiro anúncio de seu Evangelho; outros, apesar de terem recebido uma formação cristã, perderam o entusiasmo e só mantêm um contato superficial com a Palavra de Deus; outros se afastaram da prática da fé e têm necessidade de uma nova evangelização. Não faltam, também, pessoas de reta consciência que se propõem perguntas essenciais sobre o sentido da vida e da morte, perguntas às quais só Cristo pode oferecer respostas convincentes. Por isso, é indispensável que os cristãos de todos os continentes estejam dispostos a responder a quem lhes pedir sobre a razão de sua esperança, (Cf 1 Pedro 3, 15), anunciando com alegria a Palavra de Deus e vivendo o Evangelho sem reservas”.

O Papa concluiu pedindo a Deus Sua ajuda para que, durante as sessões sinodais, “observemos juntos como tornar cada vez mais eficaz o anúncio do Evangelho em nosso mundo. Todos experimentamos a necessidade de colocar a Palavra de Deus no centro de nossa vida, de acolher Cristo como nosso único Redentor, como Reino de Deus em pessoa, para que sua luz ilumine todos os âmbitos da humanidade: desde a família até a escola, desde a cultura até o trabalho, desde o tempo livre até os demais setores da sociedade e de nossa vida”.