Semeadores de paz e de alegria

D. Javier Echevarría conferiu, na tarde do dia 6 de outubro, a ordenação sacerdotal a 24 diáconos do Opus Dei de treze países. Assistiram à cerimônia, que teve lugar na basílica romana de Santo Eugênio, cerca de duas mil pessoas, entre familiares e amigos dos novos sacerdotes.

D. Javier Echevarría impõe as mãos sobre Joe, da Grã-Bretanha, na cerimônia

Durante a homilia, o prelado do Opus Dei recordou a necessidade de que todos os cristãos sejam — como gostava de dizer o Bem-aventurado Josemaría — semeadores de paz e alegria, da paz e da alegria que Jesus nos trouxe. “Uma necessidade que se manifestou de forma evidente desde que, nas semanas passadas, assistimos às trágicas ações terroristas que agitaram o mundo e que infelizmente, em outra escala, se repetem em diversos lugares onde já não são notícia”.

“Cabe especialmente aos sacerdotes, enquanto mediadores entre Deus e os homens, — disse o prelado do Opus Dei — difundir essa paz e esse júbilo sobrenaturais no mundo inteiro. Podereis fazê-lo especialmente no sacramento da Penitência, onde Cristo, servindo-se do sacerdote, se inclina sobre cada alma para curá-la e devolver-lhe a paz”.

D. Javier Echevarría convidou os assistentes a rezar pela paz, uma das intenções que o Papa tem atualmente no mais profundo de seu coração; “recordo-vos que o Santo Padre convidou recentemente os católicos a rezarem todos os dias o Terço, durante o mês de outubro, pela paz do mundo”.

“Quando o disse a minha mãe, ela se pôs a dançar”

Innocent

Numa manhã de fevereiro, Innocent tomou o ônibus que o levaria a Ndiokpalaeze, sua vila natal, no sudeste da Nigéria, para dizer a sua mãe que iria tornar-se sacerdote. “Eu sabia que quando dissesse a minha mãe que iria me ordenar, ela se emocionaria ... E, efetivamente, quando lho comuniquei, deixou tudo o que estava fazendo e começou a dançar. Logo saiu pela vila para compartilhar a alegria com a família “.

Innocent Okwudilichukwu nasceu em Ndiokpalaeze, um povoado de 5000 habitantes, em 1967. Terminada a educação secundária, recebeu uma bolsa para ir estudar em Budapeste, mas seu tio, Chefe dp povoado, não viu com bons olhos essa mudança, e o convenceu a ir para Lagos . Ali Innocent estudou Zoologia. Especializou-se em entomologia, com um trabalho de pesquisa sobre cupins. Em Lagos, conheceu pessoas do Opus Dei que, segundo ele próprio afirma, “ajudaram-me a compreender que se pode encontrar a Deus na vida diária e nas atividades normais de cada dia, e que se pode rezar andando pela rua”.

Muitas famílias colaboraram na construção da Igreja

Uma nova Igreja para o povoado

Faz algumas décadas que a semente do catolicismo enraizou-se na família de Innocent, graças à evangelização dos Dominicanos, depois do falecimento de seu avô, que também havia sido Chefe do povoado. O pai de Innocent foi um dos primeiros que abraçou o Evangelho em Ndiokpalaeze. “Os missionários dedicaram atenção a meu pai”, explica Innocent, “e o instruíram para ser professor primário e de catecismo. Ele ficará muito contente no céu com a minha ordenação, porque era um homem de fé. Graças a ele, começou a haver Missa no povoado todos os domingos. Rezou muito pela conversão da minha família: cerca de 200 pessoas”.

A família de Innocent e muitas outras famílias católicas de Ndiokpalaeze resolveram construir uma Igreja. “Em meados dos anos 70, a Igreja do povoado havia sido desapropriada para a construção de uma escola. Desde então, tivemos apenas uma sala dedicada ao culto, mas sem sacrário”. Agora já conseguiram um terreno para a nova igreja e começaram a fazer as fundações. Também foram realizadas várias coletas para conseguir fundos. Ainda há muito por fazer, mas eles estão convencidos de que o projeto irá para a frente.

Nigéria em miniatura

O novo sacerdote trabalhou durante alguns anos na direção do Irawo University Center, uma residência universitária de Ibadan empreendida por iniciativa de fiéis e cooperadores da Prelazia do Opus Dei. Innocent diz que Irawo é “como uma Nigéria em miniatura”, porque sob seu teto vivem universitários de quase todas as etnias e religiões do país: católicos, cristãos de diversas confissões, muçulmanos etc. “Muitos pensam que essa convivência não é possível, porém ali o clima é de estudo e amizade, e não se criam problemas de incompatibilidade entre uns e outros. Eu creio que esse espírito de comunhão, de fraternidade, que pregava o fundador do Opus Dei, é o de que realmente necessita o meu país”. Recordando os anos que passou entre os universitários, Innocent diz também que “na Nigéria temos que investir em formação: é um grande país, com uma enorme força; porém para que essa força seja útil é preciso dedicar tempo a ensinar a trabalhar bem”.