Recolhimentos mensais para jovens

Os recolhimentos mensais são um meio de formação dos jovens na fé. Esta breve parada mensal, juntamente com os outros meios tradicionais facilitados pela Obra, faz parte de um plano de formação integral, que São Josemaria elaborou para este trabalho com os jovens, a que chamou “a obra de São Rafael”.

Los retiros mensuales para jóvenes | Medios de formacióm cristiana del Opus Dei

Objetivos do recolhimento

Os evangelistas descrevem repetidamente como o Senhor se retirava com os Apóstolos para ficar a sós com eles[1], proporcionando-lhes essa “(...) bendita solidão que tanta falta te faz para teres em andamento a vida interior.”[2]. Eram momentos em que Jesus os convidava a compartilhar a sua intimidade: a graça de um encontro mais autêntico e real com Ele, que mais tarde os ajudaria a manter a sua presença no meio do trabalho e das tarefas cotidianas. Queria prepará-los para que cada um pudesse desenvolver a sua personalidade – através das virtudes humanas e sobrenaturais – e viver a liberdade sem enganos. Dava-lhes aquela proximidade para os encorajar a ser melhores e não desanimar pelas experiências da sua própria fragilidade e pelas dificuldades do ambiente.

Por isso, o retiro espiritual é uma prática recomendada pela Igreja para alimentar a vida cristã e alcançar a graça da conversão do coração[3]. Trata-se de uma oportunidade de passar mais tempo em oração com Jesus. Tempo para falar calmamente com Ele, estar sob o seu olhar, crescer em amizade, fazer perguntas e deixar-se questionar; para renovar propósitos, recuperar forças, recomeçar e sair cheio de alegria e otimismo.

São Josemaria sabia bem, desde o início da obra de São Rafael, que a única coisa realmente importante era ajudar os jovens a basear a sua vida na relação pessoal com Jesus Cristo, e dizia a cada um: “Que procures Cristo. Que encontres Cristo. Que ames Cristo”[4]. Os recolhimentos mensais levam a esse fim imediato. Por isso, ao conversar com os jovens que se aproximam da Obra, apresentamos a eles o ideal de seguir Jesus Cristo e de ser apóstolos no meio do mundo, convidando-os a participar de alguns meios de formação que ajudam a ser bons cristãos.

O primeiro recolhimento mensal

O primeiro recolhimento da obra de São Rafael foi realizado em 18 de março de 1934, na capela dos Redentoristas em Madri. São Josemaria preparou esta atividade para os jovens que frequentavam a Academia DYA[5] e seus amigos. Muitos dos meios de formação aconteciam na própria sede da academia, na rua Luchana; mas para os recolhimentos era melhor ter um oratório e, nesses casos, utilizavam uma capela cedida pelos Redentoristas da Igreja do Perpétuo Socorro, muito próxima, na Rua Manuel Silvela.

Poucos dias depois, São Josemaria escreveu: “Fizemos o primeiro recolhimento da Obra no último domingo. Estou contente”[6]. Ao início, o Padre – como os rapazes chamavam o fundador do Opus Dei – dava aulas ou círculos semanais de formação[7] aos de São Rafael e depois, uma vez por mês, todos iam a um círculo geral, em que lhes recordava as ideias que tinham sido vistas nos círculos anteriores. Mas, a partir dessa data, o círculo geral tornou-se o que hoje são os recolhimentos mensais.

São Josemaria convidava os rapazes de São Rafael num domingo de manhã, uma vez por mês e terminavam no meio da tarde. Incluía algumas meditações dadas por ele. Compareciam em média trinta rapazes, mas ficava claro que se realizaria, mesmo que houvesse apenas uma pessoa. Também ficou evidente que o formato não era fixo e podia variar dependendo das circunstâncias de tempo ou lugar.

Organização dos recolhimentos mensais

Para facilitar um verdadeiro encontro com Jesus Cristo de cada um dos participantes, procura-se promover um clima de recolhimento, silêncio e reflexão durante essas horas de recolhimento. Também se procura que o horário e o ambiente convidem à verdadeira oração: serena, sem pressa, com momentos para meditação pessoal, evitando que esse breve retiro se transforme num ato de piedade após outro. Tudo deve colaborar para contemplar os mistérios de Deus, para entrar na vida de Jesus, para iluminar a nossa fé com a sua luz, e assim aumentá-la ou adquiri-la se não a tivermos. Daí surgirá a necessidade de fazer exame de consciência, remediar nossas atuações e recomeçar.

Dependendo das circunstâncias, incluem-se as meditações ou palestras mais adequadas. Outras atividades comuns podem ser o exame de consciência, a Bênção com o Santíssimo Sacramento ou a Santa Missa. Também se pode incluir a oração da Via Sacra ou do Terço ou um momento de leitura espiritual. Nem todas estas práticas de piedade se realizam, apenas algumas são selecionadas, e o ideal é propor as mais adequadas de acordo com os participantes e as circunstâncias. Além disso, o sacerdote está à disposição caso alguém se queira confessar ou aproveitar para ter uma conversa. Como se pode ver, não existe uma fórmula fixa e as abordagens são diversas e flexíveis.

A duração do recolhimento mensal varia em função da idade dos participantes e do tempo disponível: por exemplo, não é a mesma se for realizado num dia de semana ou durante o fim de semana. Normalmente dura meio dia, podendo ser um pouco mais curto para estudantes do ensino médio ou um pouco mais longo para estudantes universitários.

O recolhimento é enriquecedor porque facilita a alegria, ajuda cada pessoa a tomar livremente as rédeas da sua vida espiritual, porque nos ajuda a nos aproximarmos de Deus. Quando os participantes apreciam o bem que a recolhimento mensal lhes faz, é natural que pensem em compartilhar esta oportunidade com alguns dos seus amigos.

A Sagrada Escritura diz que as delícias do Senhor são “estar com os filhos dos homens”[8].

No recolhimento, vamos com o coração e a imaginação junto ao sacrário, para fazer companhia a Jesus. E nesses momentos será mais fácil ter intimidade com Ele na Eucaristia, agradecer-lhe, apresentar as nossas intenções..., com uma conversa sincera, piedosa e íntima. São Josemaria escreveu: “(...) conta a Jesus, realmente presente no Sacrário, as preocupações do dia. - E terás luzes e ânimo para a tua vida de cristão.”[9].


[1] cf. Jo 6, 1-3; Mc 6, 31-32.

[2] São Josemaria, Caminho, n. 304.

[3] cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1435 e 1438; Apostolicam actuositatem, n. 32.

[4] São Josemaria, Carta 24/10/1942, n. 12.

[5] A Academia DYA foi a primeira atividade de apostolado corporativo do Opus Dei. Foi uma academia universitária inaugurada em janeiro de 1934.

[6] São Josemaria, Apontamentos íntimos, n. 1167 (22 de março de 1934).

[7] Os círculos são aulas curtas e práticas de formação cristã, nas quais os jovens aprendem a levar à prática as virtudes naturais e sobrenaturais, a se tornarem homens e mulheres de oração e a viver uma vida mais cristã.

[8] Pv 8, 31.

[9] São Josemaria, Caminho, n. 554.