Programa de Qualificação Profissional e Cidadania

Curitiba, capital do Estado do Paraná, é conhecida como uma das capitais com maior qualidade de vida do Brasil. Entretanto, apresenta ainda sérios problemas sociais ainda sem solução. Às margens do Rio Atuba, encontram-se algumas das famílias mais carentes da cidade. Neste local, profissionais e estudantes preocupados com a reduzida qualificação profissional da população de baixa renda, uniram-se para criar o Programa de Qualificação Profissional e Cidadania (PQPC).

Há alguns anos, o Centro Cultural e Universitário Marumbi, que atende estudantes de Curitiba e região, deu início a um programa de alfabetização dirigido a moradores de um bairro pobre da cidade, chamado Água Boa. A iniciativa reuniu estudantes e profissionais dispostos a dedicar parte de seu tempo, todas as semanas, aos mais necessitados.

Felizmente, após alguns anos ensinando os adultos da região a ler e a escrever, perceberam que esse problema estava em vias de superação e resolveram implementar um novo programa, voltado para a qualificação profissional dessas pessoas.

Marcus Vinícius é estudante de Jornalismo. Participava desde o início da atividade de alfabetização e foi um dos idealizadores do novo projeto. Entusiasmado com o ideal de transformar a sociedade a partir de dentro, procurava estimular os demais com a experiência que adquiriu nesta iniciativa: “O que mais me emociona é ver as pessoas aplicando em suas vidas o que ensinamos e comprovar que, a cada semana, voltam mudadas”. Acontecia o mesmo com outros voluntários e colaboradores que tiveram contato com os programas de alfabetização de adultos e aulas supletivas realizadas pelo Centro Cultural e Universitário Marumbi. Ao comprovar que pessoas que mal sabiam soletrar começavam a ler textos e comentá-los com os colegas, muitos ficavam entusiasmados.

Impulsionados pelos ensinamentos de São Josemaría, fundador do Opus Dei, os promotores resolveram complementar a formação dos moradores da região com módulos de qualificação profissional. Dessa forma, podiam oferecer novas ferramentas para que progredissem no exercício de suas atividades. Os promotores desejavam não apenas dar assistência, mas facilitar aos participantes a capacidade de continuar por conta própria: “O que mais poderíamos fazer? O desemprego é hoje uma das maiores dificuldades para essas pessoas. Somente arranjar um trabalho ou ensiná-los a procurar não é suficiente”, comentava Thiago.

Surgiu então o Programa de Qualificação Profissional e Cidadania (PQPC), contando com o apoio do Instituto de Ensino e Fomento (IEF), uma ONG que desenvolve projetos educativos no Paraná e que já havia realizado um programa semelhante com funcionários de prefeituras municipais. O programa transmite conceitos de virtudes humanas, ética e excelência profissional através de palestras, questionários e dinâmicas de grupo conduzidos por monitores voluntários.

preparando as aulas...

A professora Dilma de Souza Gouvêa, diretora de um colégio público no bairro, o Colégio Estadual Cecília Meireles, vislumbrou o alcance social da iniciativa e pôs à disposição as instalações da escola. Convocou os alunos, e forneceu material para o início das atividades. Após as primeiras aulas comentou: “É raro ver uma turma sair de um curso tão animada”, salientando que era exatamente isto o que faltava à escola.

Os voluntários sentiam a necessidade de buscar mais conhecimentos para a execução do projeto. Felipe foi um deles: resolveu estudar mais a fundo o tema das virtudes. Dizia em certa ocasião: “Como não domino bem os conceitos nesta área, estou aprendendo mais do que os alunos!”

Os dirigentes do colégio se animaram com a atividade: “Queremos cidadãos críticos, bem formados na justiça e conscientes de sua responsabilidade como cidadãos. Ressaltar a importância das virtudes tem sido muito bom, pois isso os ajuda no âmbito pessoal, interpessoal e profissional”, comentou a professora Natália.

Com frequência crescente os estudantes que participam de outras atividades no Centro Cultural e Universitário Marumbi procuram colaborar com a iniciativa: contribuem para o enriquecimento humano da sociedade e conferem à própria existência um sentido de serviço e de utilidade. É frequente que os colaboradores agradeçam a possibilidade de ajudar nessa tarefa tão nobre.