O Papa: “As mulheres não abandonaram Jesus”

O papel das mulheres na história da Igreja foi o tema escolhido por Bento XVI para a catequese da audiência geral das quartas-feiras, celebrada na Aula Paulo VI. Vinte mil pessoas estiveram presentes.

“Jesus escolheu 12 homens como pais do novo Israel para que estivessem com ele e para mandá-los pregar — disse o Santo Padre —, mas (…) entre os discípulos muitas mulheres também foram escolhidas (…), e desempenharam um papel ativo no âmbito da missão de Jesus. Em primeiro lugar, a Virgem Maria, que, com sua fé e com sua obra maternal, colaborou de forma singular na nossa redenção”. Discípula de seu Filho, seguiu-o até a Cruz, onde recebeu uma missão maternal para todos os discípulos no tempo”.

Após citar as protagonistas de numerosas passagens evangélicas, como Marta, Maria — as irmãs de Lázaro — e Susana, o Papa sublinhou que “as mulheres, diversamente dos apóstolos, não abandonaram Jesus na hora da Paixão. Dentre elas, sobressai Maria Madalena, que (…) foi a primeira testemunha da ressurreição e quem a anunciou”. Bento XVI recordou que Santo Tomás de Aquino se referia a Maria Madalena como “o apóstolo dos apóstolos”.

Depois, falando das primeiras comunidades cristãs, Bento XVI afirmou que “a presença feminina no âmbito da Igreja primitiva não é, em absoluto, secundária” e que São Paulo “parte do princípio fundamental de que entre os batizados ‘já não há diferença entre judeu e grego (…) nem tampouco entre homem e mulher’”. Além disso, “o apóstolo admite como normal que na comunidade cristã a mulher possa profetizar, ou seja, pronunciar-se abertamente, sob o influxo do Espírito Santo, para a edificação da comunidade”.

Damos "graças ao Senhor, porque guia a sua Igreja, de geração em geração, servindo-se indistintamente de homens e de mulheres que fazem frutificar a sua fé".

“Portanto, a sua sucessiva afirmação de que ‘as mulheres calem nas assembléias’” dever-se-ia “relativizar” — disse o Santo Padre —, explicando que “o problema (…) da relação entre ambas as indicações, aparentemente contraditórias, convém deixá-lo aos exegetas”.

“A história do cristianismo — constatou o Papa — teria sido muito diferente sem a colaboração generosa das mulheres”. E recordou João Paulo II, quando falava que “a Igreja rende homenagem a todas as manifestações do ‘gênio’ feminino”.

“Também nós nos unimos a esse apreço, dando graças ao Senhor, porque guia a sua Igreja, de geração em geração, servindo-se indistintamente de homens e de mulheres que fazem frutificar a sua fé (…) para o bem de todo o corpo eclesial”.

Vatican Information Service (VIS)