O Opus Dei é ao mesmo tempo conservador e progressista

- O Opus Dei é uma instituição conservadora?

Se os termos "conservador" ou "progressista" forem utilizados em sentido político, eu não poderia responder à pergunta, porque esse esquema não serve quando se fala da Igreja. Se é empregada a palavra "conservador" fora do contexto político, poder-se-ia dizer que toda a Igreja é "conservadora", porque conserva e transmite o Evangelho de Cristo, os sacramentos, o tesouro da vida dos santos, as suas obras de caridade. Por razões análogas, toda a Igreja é "progressista", porque olha para o futuro, crê nos jovens, não procura privilégios, está próxima dos pobres e dos necessitados. Ou seja, o Opus Dei é conservador e progressista, como o é toda a Igreja: nem mais, nem menos.

-O que pensa o Papa sobre a instituição que o senhor representa?

Não cabe a mim colocar-me no lugar de João Paulo II ou interpretar seus sentimentos. Mas posso dizer-lhe que no Opus Dei sempre notamos o carinho do Papa. E que percebemos o afeto do Papa como uma chamada à responsabilidade, a corresponder com alegria, com oração, com apostolado, com uma vida cristã coerente. Esse afeto foi uma constante nos cinco Pontífices que conheceram o Opus Dei.

Provavelmente, você encontrará muitas pessoas, muitos pastores e muitas instituições que respondem da mesma maneira a perguntas similares. O Papa não discrimina, é o Pai comum dos cristãos e a todos alenta. Não é preciso raciocinar muito para vê-lo como um pai que acolhe a todos os homens e mulheres, sem distinção.

- Como o Opus Dei acolhe os marginalizados, por exemplo os divorciados, os homossexuais ou as mães solteiras?

Uma pessoa do Opus Dei, como qualquer outro fiel católico, procura viver sua fé cristã nas circunstâncias comuns, como mais um, onde quer que estejam: trabalhando, convivendo, rezando, servindo aos que os rodeiam, e especialmente aos mais necessitados. Lembro-me neste momento de fiéis do Opus Dei que são médicos especializados na luta contra a AIDS, ou que trabalham profissionalmente em leprosários.

Além disso, outros - junto com colegas que não fazem parte da Prelazia - promovem numerosas iniciativas profissionais a favor de todo o tipo de pessoas marginalizadas ou discriminadas por motivos econômicos, raciais, culturais, etc. Vem a minha memória uma dessas instituições sanitárias que visitei há uns dois anos: um centro médico em Kinshasa, uma cidade onde tantos africanos e africanas vivem em condições de pobreza espantosas.

Os fiéis da Prelazia promoveram muitas iniciativas, mas ao mesmo tempo, diante do mar de necessidades que contemplamos ao nosso redor, são e serão sempre poucas.

    Miriam Díez // Presència (Espanha)