"O dom da fé chama todos os cristãos a cooperarem na evangelização"

Bento XVI recorda a chamada universal ao apostolado na Mensagem para a XLV Jornada Mundial de Oração pelas Vocações que será celebrada no dia 13 de abril.

“A Igreja é missionária no seu conjunto e em cada um dos seus membros. Se, graças aos sacramentos do Batismo e da Confirmação, cada cristão é chamado a testemunhar e a anunciar o Evangelho, a dimensão missionária está especialmente e intimamente ligada à vocação sacerdotal. Na aliança com Israel, Deus confiou a homens selecionados, chamados por Ele e enviados ao povo em seu nome, a missão de serem profetas e sacerdotes. (...) Igualmente acontece com os profetas”.

As promessas feitas aos pais se realizaram plenamente em Jesus Cristo. (...) Durante a pregação na Galiléia, na vida pública, Jesus escolheu os discípulos como seus diretos colaboradores no ministério messiânico. Por exemplo, na multiplicação dos pães, quando disse aos Apóstolos: “Dai-lhes vós mesmo de comer”, animando-os assim a assumir o peso das necessidades das multidões, às quais queria oferecer o alimento para saciar-lhes a fome, mas também revelar o alimento “que dura para a vida eterna”.

(...) Se nos detemos a meditar este trecho do Evangelho (...) observamos todos aqueles aspectos que caracterizam a atividade missionária de uma comunidade cristã, que deseja ser fiel ao exemplo e ao ensinamento de Jesus. Corresponder ao chamado do Senhor supõe enfrentar cada perigo com prudência e simplicidade, e inclusive as perseguições, pois “um discípulo não é mais que seu mestre, nem um servo mais que o seu patrão”. "Ao fazer-se uma só coisa com o Mestre, os discípulos já não estão sozinhos para anunciar o Reino dos Céus, pois é o próprio Jesus quem atua neles". (...) Além disso, como verdadeiras testemunhas, “revestidos da força do alto”, estes pregam “a conversão e o perdão dos pecados” a todos os povos.”

"Ao fazer-se uma só coisa com o Mestre, os discípulos já não estão sozinhos para anunciar o Reino dos Céus, pois é o próprio Jesus quem atua neles".

“Precisamente porque o Senhor os envia, os Doze são chamados “apóstolos”, destinados a percorrer os caminhos do mundo anunciando o Evangelho, como testemunhas da morte e ressurreição de Cristo. (...) Neste processo de evangelização, o Livro dos Atos dos Apóstolos considera também muito importante o papel de outros discípulos, cuja vocação missionária surge através circunstâncias providenciais, às vezes dolorosas, como a expulsão da própria terra por serem seguidores de Jesus (...) O primeiro de todos, chamado pelo próprio Senhor para ser um verdadeiro Apóstolo, é, sem dúvida, Paulo de Tarso. A história de Paulo, o maior missionário de todos os tempos, nos mostra, em muitos aspectos, a relação entre a vocação e a missão. Acusado pelos seus adversários de não ter sido autorizado para o apostolado, ele mesmo, repetidas vezes, apela ao chamado recebido diretamente pelo Senhor.”

“O que “impeliu” os Apóstolos no início, e no decorrer dos tempos, foi sempre “o amor de Cristo” (...) O amor de Cristo foi comunicado aos irmãos, com exemplos e palavras - com toda a vida.”

“Entre as pessoas que se dedicam totalmente a serviço do Evangelho estão, de modo particular, os sacerdotes chamados para anunciar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Reconciliação, dedicados ao serviço dos mais fracos, dos doentes, dos sofredores, dos pobres e dos que passam por momentos difíceis, em regiões da terra onde ainda hoje existem multidões que não tiveram um verdadeiro encontro com Cristo. (...) As estatísticas testemunham que o número dos batizados aumenta cada ano, graças à ação pastoral destes sacerdotes, inteiramente consagrados à salvação dos irmãos. (...) Jesus, através dos seus sacerdotes, se faz presente entre os homens de hoje, até às mais distantes extremidades da terra.”

“Sempre na Igreja houve muitos homens e mulheres que, movidos pela ação do Espírito Santo, escolheram viver radicalmente o Evangelho, professando os votos de castidade, pobreza e obediência. Esta multidão de religiosos e de religiosas, pertencentes a numerosos Institutos de vida contemplativa e ativa, “tem tido até agora uma parte importantíssima na evangelização do mundo”. Com sua oração perseverante e comunitária, os religiosos de vida contemplativa intercedem incessantemente pela inteira humanidade; os de vida ativa, com suas múltiplas formas de ação caritativa, levam a todos o testemunho vivo do amor e da misericórdia de Deus.”

“O dom da fé chama todos os cristãos a cooperarem na evangelização. Esta tomada de consciência é alimentada através da pregação e da catequese, pela liturgia e por uma constante formação na oração; cresce com o exercício da acolhida, da caridade, do acompanhamento espiritual, da reflexão e do discernimento, como também com a elaboração de um plano de pastoral, do qual faça parte integrante o cuidado das vocações.”

“Somente num terreno espiritualmente bem cultivado brotam as vocações para o sacerdócio ministerial e para a vida consagrada. De fato, as comunidades cristãs, que vivem intensamente a dimensão missionária do mistério da Igreja, nunca se fecham em si mesmas.”

Vatican Information Service