"Não tenham medo de tocar o pobre e o excluído"

O Papa Francisco, na sua catequese desta quarta-feira, refletiu sobre a passagem do leproso que encontramos no Evangelho de Lucas, na qual afirmou que tocar o pobre é tocar o corpo de Cristo.

A lepra, naquela época, era considerada uma maldição, uma impuridade; e portanto, o leproso tinha que ficar afastado, longe do templo, de Deus e dos homens. Na narração de Lucas, o leproso não aceita estas leis, as desrespeita e entra na cidade, procurando Jesus.

“Ao ver Jesus, ele caiu com o rosto em terra e suplicou-lhe: “Senhor, se queres, tens o poder de purificar­-me”. Descrevendo o episódio, Francisco explicou que com este gesto, o homem reconhece o poder de Jesus. E a sua fé dizia que Jesus podia curá-lo. Esta súplica mostra que com Jesus, são suficientes poucas palavras, mas acompanhadas pela confiança em sua onipotência e bondade. “Entregar-nos à vontade de Deus significa confiar em sua infinita misericórdia”.

Pai-Nosso

O Papa, improvisando, revelou aos presentes que antes de dormir, reza 5 Pai-nosso, pensando nas chagas de Jesus, e pede que o purifique.

Quando o leproso pede a purificação, Jesus faz algo inconcebível: estende a mão e toca o leproso. O Papa fez então uma comparação conosco, nos dias de hoje:

“Quantas vezes encontramos um pobre e, mesmo sendo generosos e sentindo compaixão, não o tocamos. Oferecemos uma moeda, mas evitamos tocar sua mão. Esquecemos que aquele é o corpo de Cristo! Jesus nos ensina a não ter medo de tocar o pobre e o excluído, porque Ele está neles. Tocar o pobre pode nos purificar da hipocrisia e nos preocupar por sua exclusão”.

Improvisando novamente, Francisco apresentou alguns jovens que subiram com ele à tribuna de onde profere a catequese:

Refugiados

“Muitos pensam que seria melhor que eles tivessem permanecido em suas terras... mas ali eles estavam sofrendo. São os nossos refugiados, mas muitos os consideram excluídos. Por favor, eles são nossos irmãos!”

Enfim, depois de curar o leproso, Jesus recomendou que não o contasse para ninguém: “Mostra-te ao sacerdote e apresenta pela tua purificação a oferenda prescrita por Moi­sés. Isso lhes servirá de testemunho”. Para o Pontífice, esta ordem demonstra três coisas.

A primeira é que a graça do Senhor não quer sensacionalismo; age com discrição e sem clamor. A segunda é que ao apresentar oficialmente a sua cura e celebrar um sacrifício, o leproso foi readmitido na comunidade e na vida social. A sua reintegração completa a cura. E enfim, apresentando-se aos sacerdotes, o leproso dá testemunho do poder e da compaixão de Jesus. A fé do homem se abre à missão. “Ele era um excluído e se tornou um de nós”.

O Papa concluiu convidando os fiéis a acreditarem:

“Mas pensemos em nós, nas nossas misérias… com sinceridade. Quantas vezes as cobrimos com a hipocrisia das ‘boas maneiras’. É precisamente então que é preciso estar a sós, ajoelharmo-nos diante de Deus e rezar: ‘Senhor, se quiseres, podes purificar-me!’”.