13. Apostolado da Inteligência

São Josemaria tinha visto, na luz fundacional do 2 de Outubro, que o Opus Dei se dirigia a todo o tipo de pessoas.

São Josemaria com universitários em Londres, 15-VIII-1961

“De cem almas interessam-nos as cem”, dizia. As primeiras pessoas que o seguiram tinham profissões muito variadas: estudantes, operários, artistas…

“Onde quer que possa viver uma pessoa honesta, aí encontraremos ar para respirar. Aí devemos estar com a nossa alegria, com a nossa paz interior, com o nosso desejo de levar as almas a Cristo. E onde? Onde estão os intelectuais? Sim, onde estão os intelectuais. Onde estão os trabalhadores manuais? Sim, onde estão os trabalhadores manuais. E qual destes trabalhos é o melhor? Dir-vos-ei como doutras vezes: conta mais o trabalho que se faz com mais amor a Deus. Quando trabalheis, e sem vos fazerdes notar, ajudai os vossos colegas, os vossos vizinhos pois assim sois como Cristo que cura, sois como Cristo que convive”.

“Devemos trabalhar para que, em todas as atividades intelectuais, haja pessoas retas, com uma autêntica consciência cristã e com uma vida coerente, que empreguem as armas da ciência ao serviço da humanidade e da Igreja”.

Milhares de homens e mulheres

Pamplona, 8-X-1967

Esta é, por providência divina, a realidade atual do Opus Dei, formado por milhares de mulheres e homens das mais diversas profissões, culturas e mentalidades. Todavia, estava bem ciente que para chegar a esses cem – isto é, para levar a mensagem de Cristo a toda a comunidade humana -, é preciso ter em conta a influência daqueles que conformam em cada momento a cultura da sociedade: intelectuais, professores, investigadores, comunicadores, artistas… Comparava-os às neves do cume das montanhas, porque desejava que, ao receberem o calor de Cristo, essas neves vivificassem os vales e a sociedade inteira.

Animado pelo seu desejo de levar Cristo a todas as almas, estimulou com grande vigor apostólico muitas iniciativas relacionadas com o mundo intelectual: via nelas a sua grande incidência em toda a sociedade. Desde os primeiros anos de estudo de Direito em Saragoça, nunca deixou de estar em contacto com a universidade; e animava os universitários a estudar com rigor, com um profundo sentido da sua responsabilidade social; e a aprofundar com humildade e com esse mesmo rigor intelectual as verdades da fé cristã.

Ciência e fé

Em 1952, depois de ter preparado a iniciativa com muita oração, fundou a Universidade de Navarra, em Pamplona, Espanha. Desejava que fosse um centro de ciência, de investigação, de cultura humanística vivificada pela luz da fé, sem supostas incompatibilidades. “Com periódica monotonia, há pessoas que procuram ressuscitar uma suposta incompatibilidade entre a fé e a ciência, entre a inteligência e a Revelação divina. Tal incompatibilidade só pode surgir, e só na aparência, quando não se entendem os termos reais do problema.

Se o mundo saiu das mãos de Deus, se Ele criou o homem à sua imagem e semelhança e lhe deu uma chispa da sua luz, o trabalho da inteligência deve – embora seja um trabalho duro – desentranhar o sentido divino que naturalmente já têm todas as coisas. E, com a luz da fé, compreendemos também o seu sentido sobrenatural, que resulta na nossa elevação à ordem da graça. Não podemos admitir o medo da ciência, visto que qualquer trabalho, se é verdadeiramente científico, tende para a verdade”.

Em 1967, celebrou a Santa Missa no campus dessa Universidade e naquela ocasião esclareceu este aspecto: “As obras que o Opus Dei promove, têm características eminentemente seculares: não são obras eclesiásticas. Não gozam de nenhuma representação oficial da hierarquia da Igreja. São obras de promoção humana, cultural, social, realizadas por cidadãos que procuram iluminá-las com a luz do Evangelho e caldeá-las com o amor de Cristo”.

Sob o seu impulso apostólico, nasceu também em 1969, a Universidade de Piura, no Peru. E, a partir de então, sucederam-se outras instituições universitárias muito diversificadas em todo o mundo, abertas a todos, com um profundo desejo de servir a sociedade e de iluminar todas as realidades humanas com a luz do Evangelho.

Foram nascendo também em vários países do mundo, graças à sua inspiração cristã, colégios, escolas em que está muito presente o esforço por conjugar uma boa formação intelectual com uma ajuda personalizada a cada aluno no desenvolvimento das virtudes. Nessas escolas e colégios os pais desempenham um papel decisivo, como primeiros educadores.

Com o mesmo espírito, nasceram em todo o mundo, escolas agrárias para a formação de profissionais do meio rural; centros de formação técnica e profissional, iniciativas especializadas para a formação profissional da mulher, dispensários médicos em zonas carentes, clínicas...