A Assunção de Nossa Senhora

A Igreja celebra, no mês de agosto, a Assunção da Virgem Maria. Por ocasião dessa festa litúrgica, apresentamos alguns parágrafos de uma homilia pronunciada por São Josemaria em agosto de 1961 e que está recolhida em "É Cristo que passa" com o título "A Virgem Santa, causa da nossa alegria".

Hoje, em união com a Igreja, celebramos o triunfo da Mãe, Filha e Esposa de Deus. (...) Sentimo-nos alegres porque Maria, depois de acompanhar Jesus de Belém até a Cruz, está junto dEle em corpo e alma, gozando da glória por toda a eternidade.

É Cristo que passa, 176

Assumpta est Maria in coelum, gaudent angeli. Maria foi levada por Deus aos céus, em corpo e alma. Há alegria entre os anjos e entre os homens. Por quê esse gozo íntimo que hoje experimentamos, com o coração parecendo querer saltar do peito, com a alma inundada de paz? Porque celebramos a glorificação da nossa Mãe e é natural que nós, seus filhos, sintamos um júbilo especial ao vermos como é honrada pela Trindade Beatíssima.

Todos somos seus filhos; Ela é Mãe da humanidade inteira. E agora a humanidade comemora a sua inefável Assunção; Maria sobe aos céus, Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, esposa de Deus Espírito Santo. Mais do que Ela, só Deus. (...) Mas prestemos atenção: se, por um lado, Deus quis exaltar sua Mãe, por outro, não há dúvida de que, durante a sua vida terrena, Maria não foi poupada nem à experiência da dor, nem ao cansaço do trabalho, nem ao claro-escuro da fé. Àquela mulher do povo que um dia prorrompeu em louvores a Jesus, exclamando: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos que te amamentaram, o Senhor responde: Antes bem-aventurados os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática. Era o elogio de sua Mãe, do seu fiat, do faça-se sincero, rendido, posto em prática até as últimas consequências e que não se manifestou em ações aparatosas, mas no sacrifício escondido e silencioso de cada dia.

Para sermos divinos, para nos endeusarmos, temos que começar por ser muito humanos, vivendo de frente para Deus a nossa condição de homens comuns, santificando esta aparente pequenez. Assim viveu Maria. A cheia de graça, aquela que é objeto das complacências de Deus, aquela que está acima dos anjos e dos santos, teve uma existência normal.

Maria é uma criatura como nós, com um coração como o nosso, capaz de gozos e alegrias, de sofrimentos e lágrimas. Antes de Gabriel lhe ter comunicado o querer de Deus, Nossa Senhora ignorava que havia sido escolhida desde toda a eternidade para ser a Mãe do Messias. Considera-se cheia de baixeza. Por isso reconhece logo, com profunda humildade, que nEla fez grandes coisas Aquele que é Todo-Poderoso.

É Cristo que passa, 170 e 172