50 conselhos do Papa para as famílias

Reunimos 50 conselhos do Papa Francisco que se encontram nas suas catequeses de dezembro de 2014 até setembro de 2015.

  1. «Com licença», «obrigado», «desculpa». Estas palavras realmente abrem o caminho para viver bem na família, para viver em paz. Trata-se de palavras simples, mas não tão fáceis de pôr em prática! Elas encerram em si uma grande força: o vigor de proteger o lar, até no meio de inúmeras dificuldades e provações; ao contrário, a sua falta gradualmente abre fendas que até o podem fazer ruir. (13 de maio de 2015)
  2. A primeira palavra é «com licença». Quando nos preocupamos em pedir gentilmente até aquilo que talvez julguemos que podemos pretender, construímos um verdadeiro baluarte para o espírito da convivência matrimonial e familiar. Entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa existência, exige a delicadeza de uma atitude não invasiva, que renova a confiança e o respeito. Em síntese, a confidência não autoriza a presumir tudo. E quanto mais íntimo e profundo for o amor, tanto mais exigirá o respeito pela liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração. (13 de maio 2015)
  3. Antes de fazer algo em família: «Com licença, posso fazer isto? Queres que eu faça assim?». Uma linguagem bem educada, mas cheia de amor. E isto faz bem às famílias. (13 de maio 2015)
  4. O cristão que não sabe agradecer é alguém que se esqueceu da língua de Deus. (13 de maio 2015)
  5. Certa vez ouvi uma pessoa idosa, muito sábia, boa e simples, mas dotada da sabedoria da piedade e da vida, que dizia: «A gratidão é uma planta que só cresce na terra de almas nobres». Esta nobreza de alma, esta graça de Deus na alma impele-nos a dizer obrigado à gratidão. É a flor de uma alma nobre. E isto é bonito! (13 de maio 2015)
  6. A terceira palavra é «desculpa». Certamente, é uma palavra difícil, e no entanto é deveras necessária. Quando ela falta, pequenas fendas alargam-se — mesmo sem querer — até se tornar fossos profundos. (13 de maio 2015)
  7. Reconhecer que erramos e desejar restituir o que tiramos — respeito, sinceridade, amor — torna-nos dignos do perdão. É assim que se impede a infecção. Se não soubermos pedir desculpa, quer dizer que também não seremos capazes de perdoar. No lar onde as pessoas não pedem desculpa começa a faltar o ar, e a água estagna-se. Muitas feridas dos afetos, muitas dilacerações nas famílias começam com a perda deste vocábulo precioso: «Desculpa». (13 de maio 2015)
  8. Na vida matrimonial muitas vezes há desacordos... e chegam a «voar pratos», mas dou-vos um conselho: nunca termineis o dia sem fazer as pazes. Ouvi bem: esposa e esposo, brigastes? Filhos e pais, entrastes em forte desacordo? Não está bem, mas o problema não é este. O problema é quando este sentimento persiste inclusive no dia seguinte. Por isso, se brigastes, nunca termineis o dia sem fazer as pazes em família. E como devo fazer as pazes? Ajoelhar-me? Não! A harmonia familiar restabelece-se só com um pequeno gesto, com uma coisinha. É suficiente uma carícia, sem palavras. Mas nunca permitais que o dia em família termine sem fazer as pazes. Entendestes isto? Não é fácil, mas é preciso agir deste modo. Assim a vida será mais bonita. (13 de maio 2015)
  9. Jesus nasceu numa família. Ele podia ter vindo de modo espetacular, ou como um guerreiro, um imperador... Mas não: veio como filho, numa família. Isto é importante: ver no presépio esta cena tão bonita! [...] A família de Nazaré compromete-nos a redescobrir a vocação e missão da família, de cada família. (17 de dezembro 2014)
  10. Não é difícil imaginar o que as mães poderiam aprender do esmero de Maria pelo seu Filho! E quanto os pais poderiam aprender do exemplo de José, homem justo, que dedicou a sua vida para apoiar e defender o Menino e a Esposa — a sua família — nas horas difíceis! Sem mencionar quanto os jovens poderiam ser encorajados por Jesus adolescente a entender a necessidade e a beleza de cultivar a sua vocação mais profunda, e de fazer sonhos grandiosos! E nestes trinta anos Jesus cultivou a sua vocação, para a qual o Pai o enviara. E nessa época Jesus nunca desanimou, mas cresceu em coragem, para ir em frente com a sua missão. (17 de dezembro 2014)
  11. Cada família cristã — como Maria e José — pode primeiro acolher Jesus, ouvi-lo, falar com Ele, conservá-lo, protegê-lo e crescer com Ele, e assim melhorar o mundo [...] Esta é a grande missão da família: deixar lugar a Jesus que vem, acolher Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós... Jesus está aí. É preciso acolhê-lo ali, para que cresça espiritualmente naquela família. (17 de dezembro 2014)
  12. As mães são o antídoto mais forte contra o propagar-se do individualismo egoísta. «Indivíduo» quer dizer «que não se pode dividir». As mães, ao contrário, «dividem-se», a partir do momento que hospedam um filho para o dar à luz e fazer crescer. [...] Ser mãe não significa somente colocar um filho no mundo, mas é também uma escolha de vida. [...] Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e profundo. (7 de janeiro 2015)
  13. É verdade que deves ser «companheiro» do teu filho, mas sem esquecer que és o pai! Se te comportas só como um companheiro igual ao teu filho, isto não será bom para o jovem. (28 de janeiro 2015)
  14. a primeira necessidade é precisamente esta: que o pai esteja presente na família. Que se encontre próximo da esposa, para compartilhar tudo, alegrias e dores, dificuldades e esperanças. E que esteja perto dos filhos no seu crescimento: quando brincam e quando se aplicam, quando estão descontraídos e quando se sentem angustiados, quando se exprimem e quando permanecem calados, quando ousam e quando têm medo, quando dão um passo errado e quando voltam a encontrar o caminho; pai presente, sempre. Estar presente não significa ser controlador, porque os pai demasiado controladores anulam os filhos e não os deixam crescer. (4 de fevereiro 2015)
  15. Quanta dignidade e quanta ternura na expectativa daquele pai que está à porta de casa, à espera do regresso do filho! Os pais devem ser pacientes. Muitas vezes nada se pode fazer, a não ser esperar; rezar e esperar com paciência, doçura, generosidade e misericórdia. (4 de fevereiro 2015)
  16. O pai que sabe corrigir sem aviltar é o mesmo que sabe proteger sem se poupar. Certa vez ouvi numa festa de casamento um pai dizer: «Às vezes tenho que bater um pouco nos filhos... mas nunca no rosto, para não os humilhar». Que bonito! Tem o sentido da dignidade. Deve punir, mas fá-lo de modo correto e vai em frente. (4 de fevereiro 2015)
  17. Os filhos têm necessidade de encontrar um pai que os espera quando voltam dos seus fracassos. Farão de tudo para não o admitir, para não o revelar, mas precisam dele; quando não o encontram, abrem-se feridas difíceis de cicatrizar. (4 de fevereiro 2015)
  18. Os filhos são a alegria da família e da sociedade. Não são um problema de biologia reprodutiva, nem um dos numerosos modos de se realizar. E muito menos uma posse dos pais... Não, os filhos constituem um dom [...] ser filho e filha, segundo o desígnio de Deus, significa trazer em si a memória e a esperança de um amor que se realizou precisamente acendendo a vida de outro ser humano, original e novo. E para os pais cada filho é singular, diferente, diverso. (11 de fevereiro 2015)
  19. Um filho é amado porque é filho: não porque é bonito, nem porque é assim ou diverso; não porque é filho! Não porque pensa como eu, nem porque encarna as minhas aspirações. O filho é filho: uma vida gerada por nós, mas destinada a ele, ao seu bem, ao bem da família, da sociedade, da humanidade inteira. (11 de fevereiro 2015)
  20. A experiência humana do ser filho e filha, que nos permite descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos surpreender. É a beleza de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de chegar. Quantas vezes encontro na praça mães que me mostram a sua barriga, pedindo a bênção... estas crianças são amadas antes de vir ao mundo. É algo gratuito, isto é amor; elas são amadas antes do nascimento, como o amor de Deus que nos ama sempre antes. (11 de fevereiro 2015)
  21. Os filhos são amados antes de terem feito algo para o merecer, antes de saber falar ou pensar, até antes de vir ao mundo! Ser filho é a condição fundamental para conhecer o amor de Deus, que é a fonte derradeira deste autêntico milagre. (11 de fevereiro 2015)
  22. Uma sociedade de filhos que não honram os pais é uma sociedade sem honra; quando não se honram os pais perde-se a própria honra! É uma sociedade destinada a encher-se de jovens áridos e ávidos. (11 de fevereiro 2015)
  23. Se uma família generosa de filhos é considerada como se fosse um peso, algo não funciona [...] A vida rejuvenesce e adquire energias multiplicando-se: enriquece-se, não empobrece! Os filhos aprendem a responsabilizar-se pela sua família, amadurecem na partilha dos seus sacrifícios, crescem no apreço dos seus dons. (11 de fevereiro 2015)
  24. Cada um de nós pense intimamente nos seus próprios filhos — se os tiver — mas em silêncio. E todos nós pensemos nos nossos pais e demos graças a Deus pelo dom da vida. Em silêncio! Quantos têm filhos, pensem neles, e todos pensemos nos nossos pais. O Senhor abençoe os nossos pais e os vossos filhos! (11 de fevereiro 2015)
  25. Todos nós conhecemos famílias com irmãos divididos, que discutiram; peçamos ao Senhor por estas famílias — talvez na nossa família haja alguns casos — que as ajude a reunir os irmãos, a reconstruir a família. A fraternidade não se deve interromper, porque quando se interrompe, verifica-se o que aconteceu com Caim e Abel. (18 de fevereiro 2015)
  26. Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana, como devemos conviver na sociedade. Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo [...]a liberdade e a igualdade podem encher-se de individualismo e conformismo, também de interesse pessoal. (18 de fevereiro 2015)
  27. A fraternidade em família resplandece de modo especial quando vemos o esmero, a paciência e o carinho com os quais são circundados o irmãozinho ou a irmãzinha mais frágeis, doentes ou deficientes. Os irmãos e as irmãs que agem assim são muitíssimos, no mundo inteiro, e talvez não apreciemos de modo suficiente a sua generosidade. (18 de fevereiro 2015)
  28. Ter um irmão, uma irmã que nos ama é uma experiência forte, inestimável, insubstituível. Acontece o mesmo com a fraternidade cristã. Os mais pequeninos, frágeis e pobres devem enternecer-nos: eles têm o «direito» de arrebatar a nossa alma, o nosso coração. Sim, eles são nossos irmãos, e como tais devemos amá-los e tratá-los. (18 de fevereiro 2015)
  29. Hoje é mais necessário do que nunca repor a fraternidade no centro da nossa sociedade tecnocrática e burocrática: assim, também a liberdade e a igualdade tomarão a sua correta modulação. Por isso, não privemos com leviandade as nossas famílias, por sujeição ou medo, da beleza de uma ampla experiência fraternal de filhos e filhas. (18 de fevereiro 2015)
  30. Devemos despertar o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade. Os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. (4 de março 2015)
  31. O idoso somos nós: daqui a pouco, daqui a muito tempo, contudo inevitavelmente, embora não pensemos nisto. E se não aprendermos a tratar bem os anciãos, também nós seremos tratados assim [...] Onde não há honra pelos idosos não há porvir para os jovens. (4 de março 2015)
  32. A velhice recebe uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. A velhice é uma vocação! Ainda não chegou o momento de «nos resignarmos». Sem dúvida, este período da vida é diferente dos precedentes; devemos também «inventá-lo» um pouco porque, espiritual e moralmente, as nossas sociedades não estão prontas para lhe conferir, a este momento da vida, o seu pleno valor. Com efeito, outrora não era tão normal ter tempo à disposição; hoje o é muito mais. E inclusive a espiritualidade cristã foi um pouco surpreendida, e trata-se de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas. (11 de março 2015)
  33. É importante o testemunho dos idosos na fidelidade. (11 de março 2015)
  34. As crianças recordam-nos que todos, nos primeiros anos de vida, somos totalmente dependentes dos cuidados e da benevolência dos outros. E o Filho de Deus não evitou esta passagem. É o mistério que contemplamos todos os anos, no Natal. O Presépio é o ícone que nos comunica tal realidade do modo mais simples e direto. (18 de março 2015)
  35. As crianças são em si uma riqueza para a humanidade e também para a Igreja, porque nos chamam constantemente à condição necessária para entrar no Reino de Deus: a de não nos considerarmos autossuficientes, mas necessitados de ajuda, de amor, de perdão. E todos nós precisamos de ajuda, de amor, de perdão! (18 de março 2015)
  36. As crianças recordam-nos mais uma bonita realidade; recordam-nos que somos sempre filhos: até quando nos tornamos adultos, ou mesmo quando somos pais ou desempenhamos funções de responsabilidade, por detrás de tudo isto permanece a identidade de filhos. Todos nós somos filhos. E isto recorda-nos sempre que a vida não a damos sozinhos, mas recebemo-la. (18 de março 2015)
  37. Não descarreguemos as nossas culpas sobre as crianças! Elas nunca são «um erro». A sua fome não é um erro, como não o é a sua pobreza, a sua fragilidade, o seu abandono — muitas crianças abandonadas pelas ruas; e não o é nem sequer a sua ignorância, ou a sua incapacidade — numerosas crianças que não sabem o que é uma escola. Eventualmente, estes são motivos para as amar mais, com maior generosidade. Que fazemos das solenes declarações dos direitos do homem e dos direitos da criança, se depois punimos as crianças pelos erros dos adultos? (8 de abril 2015)
  38. É verdade que, graças a Deus, as crianças com graves dificuldades têm muitas vezes pais extraordinários, prontos a qualquer sacrifício e generosidade! Mas estes pais não deveriam ser abandonados a si mesmos! Deveríamos acompanhá-los nas suas canseiras, mas também oferecer-lhes momentos de alegria compartilhada e de júbilo descontraído, para que não se ocupem unicamente da rotina terapêutica. (8 de abril 2015)
  39. Pensai no que seria uma sociedade que decidisse, de uma vez para sempre, estabelecer este princípio. É verdade que não somos perfeitos, e que cometemos muitos erros. Mas quando se trata de crianças que vêm ao mundo, nenhum sacrifício dos adultos será julgado demasiado oneroso ou grande, contanto que se evite que uma criança chegue a pensar que é um erro, que não vale nada e que está abandonada às feridas da vida e à prepotência dos homens». Como seria bonita uma sociedade assim! (8 de abril 2015)
  40. Pergunto-me se a chamada teoria do gênero não é também expressão de uma frustração e resignação, que visa cancelar a diferença sexual porque já não sabe confrontar-se com ela. Sim, corremos o risco de dar um passo atrás. Com efeito, a remoção da diferença é o problema, não a solução. Ao contrário, para resolver as suas problemáticas de relação, o homem e a mulher devem falar mais entre si, ouvir-se e conhecer-se mais, amar-se mais. Devem tratar-se com respeito e cooperar com amizade. Só com estas bases humanas, sustentadas pela graça de Deus, é possível programar a união matrimonial e familiar para a vida inteira. (15 de abril 2015)
  41. O vínculo matrimonial e familiar é algo sério, e para todos, não apenas para os crentes. Gostaria de exortar os intelectuais a não desertar este tema, como se fosse secundário para o compromisso a favor de uma sociedade mais livre e mais justa. (15 de abril 2015)
  42. Na realidade, quase todos os homens e mulheres gostariam de ter uma segurança afetiva estável, um matrimônio sólido e uma família feliz. A família ocupa o primeiro lugar em todos os índices de “agradabilidade” entre os jovens; contudo, pelo receio de errar, muitos nem sequer desejam pensar nisto; não obstante sejam cristãos, não pensam no matrimônio sacramental, sinal singular e irrepetível da aliança, que se torna testemunho de fé. Talvez precisamente este medo de fracassar seja o maior obstáculo para receber a palavra de Cristo, que promete a sua graça à união conjugal e à família. (29 de abril 2015)
  43. Um matrimônio consagrado por Deus preserva o vínculo entre o homem e a mulher que Deus abençoou desde a criação do mundo; e é manancial de paz e de bem para toda a vida conjugal e familiar. (29 de abril 2015)
  44. O sacramento do matrimônio é um grande ato de fé e de amor [...]A vocação cristã para amar de modo incondicional e incomensurável é, com a graça de Cristo, quanto está também na base do livre consenso que constitui o matrimônio. (6 de maio 2015)
  45. É difícil educar para os pais que se encontram com os filhos só à noite, quando voltam para casa do trabalho cansados. Aqueles que têm a sorte de dispor de um trabalho! É ainda mais difícil para os pais separados, sob o peso desta sua condição: coitados, enfrentaram dificuldades, separaram-se e muitas vezes o filho é tomado como refém; o pai fala-lhe mal da mãe, a mãe fala-lhe mal do pai, e assim ferem-se tanto. Mas aos pais separados digo: nunca tomeis o filhos como refém! (20 de maio 2015)
  46. Separastes-vos devido a muitas dificuldades e motivos, a vida deu-vos esta provação, mas os filhos não devem carregar o fardo desta separação, que eles não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge, mas cresçam ouvindo a mãe falar bem do pai, embora já não estejam juntos, e o pai falar bem da mãe. Para os pais separados, isto é muito importante e deveras difícil, mas podem fazê-lo. (20 de maio 2015)
  47. A vida tornou-se avara de tempo para falar, meditar, confrontar-se. Muitos pais são «raptados» pelo trabalho — o pai e a mãe devem trabalhar — e por outras preocupações, confusos pelas novas exigências dos filhos e pela complexidade da vida moderna — que é assim, devemos aceitá-la como é — e encontram-se como que paralisados pelo medo de errar. Mas o problema não é só falar. [...] Ao contrário, perguntemo-nos: procuramos entender «onde» estão deveras os filhos no seu caminho? Sabemos onde realmente está a sua alma? E sobretudo: queremos sabê-lo? Estamos convictos de que eles, na realidade, não estão à espera de algo mais? (20 de maio 2015)
  48. Quem pretende tudo e imediatamente, depois também cede sobre tudo — e já — na primeira dificuldade (ou na primeira ocasião). Não há esperança para a confiança e a fidelidade da doação de si, se prevalece o hábito de consumir o amor como uma espécie de «integrador» do bem-estar psicofísico. (27 de maio 2015)
  49. Deveríamos ajoelhar-nos diante destas famílias pobres, que são uma verdadeira escola de humanidade que salva as sociedades da barbárie. [...] Deveríamos estar cada vez mais próximos das famílias que a pobreza põe à prova. Considerai, todos vós conheceis alguém: pai sem trabalho, mãe desempregada... e a família sofre, os vínculos debilitam-se. [...] Façamos tudo o que pudermos para ajudar as famílias a ir em frente na prova da pobreza e da miséria que atingem os afetos, os vínculos familiares. (3 de junho 2015)
  50. O amor é mais forte do que a morte. Por isso, o caminho consiste em fazer aumentar o amor, em torná-lo mais sólido, e o amor preservar-nos-á até ao dia em que todas as lágrimas serão enxugadas, quando «já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor» (Ap 21, 4). Se nos deixarmos amparar por esta fé, a experiência do luto poderá gerar uma solidariedade de vínculos familiares mais forte, uma renovada abertura ao sofrimento das outras famílias, uma nova fraternidade com as famílias que nascem e renascem na esperança. (17 de junho)