Igreja Portuguesa saúda Bento XVI

Declarações do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, dos Cardeais e de alguns bispos portugueses. Fonte: Agência Ecclesia on-line (www.agencia.ecclesia.pt)

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa:

“Em comunhão com o Papa”

(texto integral)

A vida da Igreja está marcada por acontecimentos que ultrapassam o valor do imediato. Projectam um passado e norteiam para um futuro.

A eleição do Papa significou, sempre, vontade de acolher uma história e alegria de renovar os projectos de uma maior consciência eclesial.

Como corpo, exultamos e rejubilamos, acolhendo o dom de um novo Papa que continuará o Ministério Petrino ao qual testemunhamos a mais profunda solidariedade. Sabemo-nos amados por Deus e queremos corresponder, através de uma comunhão afectiva e efectiva, para testemunhar verdadeira unidade, qual sinal que oferecerá o específico da Igreja.

Na verdade, a comunhão interna dos membros da Igreja projecta-nos na aventura de transformar o mundo numa única família.

Como Igreja que peregrina em Portugal, renovamos a fidelidade ao sucessor de Pedro e queremos mergulhar na densidade de um projecto de atenção à modernidade, com os seus desafios.

Não nos detemos na glória da "Nação fidelíssima" mas, conscientes da nossa história, queremos ser "trabalhadores" da vinha, como bispos, sacerdotes e leigos, para que a "verdade na caridade" atinja o coração de todos os portugueses.

Continuaremos em oração para que Cristo fique connosco, na responsabilidade de mergulharmos sempre mais, nas novidades ainda não assumidas do Concílio Vaticano II.

O Santo Padre acompanhou a sua realização, entregou-se à sua concretização e já propôs uma evocação do caminho percorrido e do que falta percorrer, qual exame de consciência a celebrar o 40º aniversário do seu encerramento (8 de Dezembro de 2005).

Corresponderemos reconhecendo a actualidade dos seus ensinamentos, como caminho para responder aos novos desafios colocados à Igreja e pela presente sociedade globalizada.

Sentimo-nos ainda, dioceses e comunidades, empenhadas em caminhar com todos e, particularmente, com os jovens, "futuro e esperança da Igreja e da humanidade para dialogar com eles", escutando as suas expectativas no desejo de os ajudar a encontrar sempre com maior profundidade Cristo vivo, o eternamente jovem.

Em nome da Igreja em Portugal, exulto com a eleição de Sua Santidade o Papa Bento XVI, renovo a fidelidade multissecular e asseguro o empenho na oferta de Cristo ao mundo moderno.

+ Jorge Ferreira da Costa Ortiga

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Cardeais portugueses felizes com a escolha de Bento XVI (Excerto da notícia)

Os dois Cardeais portugueses que participaram no Conclave, D. José Policarpo e D. Saraiva Martins, consideram que a Igreja Católica tem um grande Papa, disponível para a missão e aberto ao mundo.

O Patriarca de Lisboa aponta como exemplo desta atitude a própria escolha do nome Bento XVI, fazendo referência a São Bento, padroeiro da Europa, o fundador dos Beneditinos que fez face à descristianização do Velho Continente.

"São Bento representa um recomeço da Evangelização da Europa depois do período caótico da invasão de Roma pelos povos que nós chamamos bárbaros. Com a Ordem Beneditina ele está na base do que foi a Nova Evangelização da Europa", disse em declarações recolhidas pela Rádio Renascença.

Sobre a figura de Bento XVI, o Patriarca de Lisboa fala "num homem que garantirá a continuidade da Igreja, uma realidade de tal maneira implantada e visível e que se tornou nos últimos tempos uma referência para religiões e culturas, sobretudo nas grandes causas como a defesa da paz, do homem, da dignidade humanidade, dos pobres".

O Cardeal José Saraiva Martins, por seu turno, considera o novo Papa como "um homem extraordinário, de grande cultura e profunda espiritualidade, que conhece bem a doutrina da Igreja e o mundo em que vivemos".

"Esta eleição é um grande dom de Deus para a Igreja", assegura à RR.

O Cardeal português da Cúria Romana conhece bem o novo Papa e afiança que será um "digno sucessor de João Paulo II", recusando os rótulos de rigidez e intolerância atribuídos a Bento XVI.

"Quem diz essas coisas não conhece o Cardeal Ratzinger, que eu conheço bastante bem. Pessoalmente é um homem extremamente amável, muito sensível, educado, diria mesmo fora do comum", acrescenta.

Sobre os passos a dar no início do Pontificado, D. José Saraiva Martins assinala que o caminho traçado por João Paulo II não pode ser contornado, de modo especial no que diz respeito à relação com os jovens. "Eles são o futuro da Igreja e da sociedade, a Igreja tem de estar sempre ao lado dos jovens", observa.

Patriarca de Lisboa: “Bento XVI, a mensagem de um nome”

(texto integral)

Bento XVI é o Pastor que Deus pôs à frente da Igreja.

Joseph Ratzinger era dos cardeais mais conhecidos. A exigente responsabilidade da missão que exerceu, à frente da Congregação da Doutrina da Fé, pô-lo no centro de todas as questões vivas da criatividade teológica, sempre à busca da síntese entre a fé da Igreja e as culturas e problemas do mundo contemporâneo. Nessa missão, soube conciliar a abertura dialogante com a firmeza na afirmação da fé da Igreja. Não foi poupado a apreciações críticas que, unilateralmente mediatizadas, tendiam a definir-lhe uma imagem. A sua eleição põe à Igreja e ao mundo um dilema: vamos classificar um pontificado, apenas iniciado, a partir de uma imagem mediatizada, não completa e nem sempre exacta, ou vamos acolher a mudança, no início de um pontificado, que só o Espírito de Deus desenvolverá? Essa mudança fizemo-la comovidamente, nós os cardeais eleitores, naquele momento com que passámos de um acto eleitoral, em que ele era um de nós, para nos inclinarmos diante dele, com reverência e fé, prometendo-lhe fidelidade e obediência, porque ele era o Pastor que, através do nosso voto, Deus acabava de pôr à frente da sua Igreja.

A sua capacidade de nos surpreender, revelou-se logo no nome que escolheu: Bento. No dia da morte de João Paulo II tinha estado em Subiaco, santuário de S. Bento, padroeiro e grande evangelizador da Europa. Na grande crise de civilização que se seguiu à queda do Império Romano, a Igreja mostrou que, em termos de evangelização da Europa, é sempre possível começar de novo, porque Jesus Cristo encerra uma esperança que acaba por traçar o sentido último da vida e da civilização. E a vontade de desenvolver a dimensão missionária da Igreja é um traço histórico do pontificado de Bento XV, no início do século XX, que inspirou a escolha deste nome.

O desafio da Evangelização! É, certamente, o contributo decisivo da Igreja para o futuro da história da humanidade. Na sua primeira homilia, no dia a seguir à sua eleição, o novo Papa traçou decididamente o caminho a percorrer, nestes novos tempos de missão: aprofundamento do Concílio Vaticano II; unidade dos cristãos, caminho a percorrer porventura com “gestos concretos que penetrem nos espíritos e movam as consciências”; diálogo inter-religioso e inter-cultural; colaboração com quantos conduzem os destinos do mundo, na busca da paz e da edificação de um mundo de rosto humano; predilecta atenção dedicada aos jovens; sempre fortalecido pela presença de Cristo vivo na Sua Igreja, que a conduz com a força do Espírito. Bento XVI deixa escancaradas todas as portas abertas por João Paulo II, dizendo ao mundo que a Igreja existe para bem da humanidade.

S. Bento, padroeiro da Europa e a inspiração nesse grande Papa que foi Bento XV, levaram o novo Pontífice a escolher um nome que significa um projecto de Igreja, servidora do homem e mestra da humanidade, porque sacramento de Jesus Cristo.

+ José, Cardeal Patriarca

Bispo de Santarém: “Continuará a obra de evangelização”

(excerto)

Com muita alegria e esperança damos graças ao Senhor pela eleição do novo Papa Bento XVI. Escolhido pelos Cardeais, sob inspiração do Espírito Santo, continuará a obra de evangelização do Venerado Papa João Paulo II. O profundo conhecimento da cultura do nosso tempo, a simplicidade evangélica, a grande piedade e a sincera humildade do novo Papa serão uma preciosa ajuda na sua difícil tarefa de conduzir a barca de Pedro face ao mar alto das correntes ideológicas e dos conflitos do novo milénio.

Peçamos ao Senhor que ilumine e fortaleça o Santo Padre Bento XVI para que seja princípio e fundamento da comunhão na Igreja e instrumento de diálogo e de unidade entre os povos e nações. Recomendo que no próximo domingo 24 de Abril, data do início solene do seu pontificado, sejam dadas graças a Deus nas Missas dominicais e manifestada a alegria pelo toque festivo dos sinos.

+ D. Manuel Pelino Domingues

Bispo de Viseu saúda o novo Papa

(excerto)

A confiança e a fidelidade ao Santo Padre são, na Igreja católica, a expressão da unidade concretamente vivida, que é construída pelo Espírito Santo na confissão da fé comum.

Ao Santo Padre Bento XVI queremos assegurar a nossa fidelidade, a nossa oração, sem reservas e com amor.

+ D. António Marto

Bispo de Angra: A sua eleição é uma surpresa em todos os sentidos

(excerto)

A sua profunda espiritualidade e coerência doutrinal dão-lhe o bom senso do equilíbrio e da sabedoria. Não está dominado apenas pela preocupação da «recta doutrina», como poderia fazer supor a sua função de vigilante da ortodoxia na Congregação para a Doutrina da Fé. Faz transparecer a serenidade de quem vive uma profunda experiência de fé, ancorada numa adesão firme e fiel a Cristo e à Igreja. Para melhor o conhecer, mais do que olhá-Lo com as etiquetas da comunicação social, é preciso ler o que escreveu.

+ D. António Sousa Braga Bispo de Vila Real: “Salve Bento XVI”

(excerto)

Não tenhamos medo. A homilia na abertura do Conclave na segunda feira testemunha que o Papa é um homem que conhece o mundo de hoje, e a homilia nas exéquias de João Paulo II revela que o nosso Papa é um homem de coração e de sentido pastoral. Os seus livros estão traduzidos em português e a eleição deste Papa pode constituir um estímulo para a sua leitura. Lembro-me de alguns mais acessíveis, desde a «Introdução ao Cristinianismo», «Introdução ao Espírito da Liturgia», «Diálogo sobre a Fé» e vários estudos sobre a Europa. É um prazer ler agora estes textos, sentir a segurança intelectual, a sequência cultural, a beleza e o rigor da análise do nosso tempo. Quem lidou de perto com o cardeal Ratzinger acrescentará a esse prazer mental a experiência de uma sensibilidade viva, de grandes recursos estéticos, de simplicidade de maneiras e de vida.

Num tempo de pensamento frágil, de sentimentos desconexos, vai deslizar pela Praça de S. Pedro um rio caudaloso de fé e de doutrina, de amor à Igreja e ao mundo, de segurança doutrinária e de reflexão, de respeito pela razão e pela fé.

+ D. Joaquim Gonçalves

Bispo de Setúbal dá boas-vindas a Bento XVI

(excerto)

Acabo de saber que o Senhor escolheu o cardeal Joseph Ratzinger, como sucessor de S. Pedro, após a morte de João Paulo II.

Dou graças a Deus pelo novo Papa que tem o nome de Bento XVI; rezo por ele para que guie a Igreja na docilidade ao Espírito Santo; acolho-o com alegria e esperança na comunhão de todas as Igrejas a que ele preside; e convido a diocese a juntar-se a mim, no Domingo dia 24, às 18 horas, na Sé em Setúbal, para dar graças e dizer ao novo Papa: a Igreja de Setúbal está contigo e reza por ti, sê bem-vindo.

+ D. Gilberto